Sensação ruim.

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''Podemos tentar evitar de fazer escolhas

através de não fazermos nada,

mas mesmo isso é uma decisão.''

-Gary Collins


[Valentina]

Observava enquanto todos aplaudiam Vanessa por ter ganhado a competição, não que eu tivesse alguma chance contra ela, quando competimos não consegui nem alcança-la.

Dês da reclamação de Amanda pude perceber que aquela garota estava com mais mau humor que o normal, mais calada e reclusa que o normal também. Pelo jeito ninguém escapou da depressão que surgiu naquele chalé dês da noite passada, penso que saber quem é o seu pai e conviver sabendo que ele nunca ligaria para a sua existência não deveria ser muito legal.

Lembro de como me senti perdida depois de Afrodite assumir a Amanda, todo o clima leve e descontraído do chalé onze foi substituído por um pesado e fúnebre. Mesmo estando lá a apenas um dia foi estranho e até mesmo triste estar com eles e não escutar uma piada ou risada sequer.

Por isso, em uma tentativa idiota de me afastar daquilo eu aceitei ficar na enfermaria com o Luccas, por ser dia de ajudante dele o garoto estava organizando tudo, e eu apenas em um canto lhe fazendo companhia.

- Consegui chegar ao topo hoje. - comentei, me balançando no banco - Até peguei a bandeira.

- Sério?! - Luccas se vira pra mim, animado - Que demais! Está vendo que eu estava certo? Aposto que se continuar treinando sua escalada vai ficar até melhor que a Vanessa.

- Não exagera - Sorri - Contra ela nem aquele irmão da Vickttória conseguiu, e olha que ele trapaceou.

- Ela consegue ser boa em tudo... - O observo se encostar na parede, ao meu lado - É impressionante.

- Verdade.

- Como estão todos? - perguntou, encarando o teto - Do chalé onze.

- Ah, ainda na mesma né? Parece que morreu alguém ou sei lá.

- Sempre que alguém é reclamado eles ficam assim. Alguns ficam anos sem saberem, deve ser agonizante. - Ele se encolheu onde estava, percebendo as próprias palavras - Desculpa.

- Sabe que não ligo para isso. - Dou de ombros - Sempre fui órfã, não é agora que vou ficar chorando por quê meus pais não me querem. - Impulsionei o manco para a frente, apenas por tédio - Foi algo bem babaca de se dizer, não é?

- Nem tanto. Você só tem que seguir o exemplo dos filhos de Hermes e ter paciência com os outros indeterminados, tentar animar os ânimos deles de vez em quanto. Aos poucos vão voltando ao que era antes.

- É... quando acaba o seu horário hoje?

- Meio dia. - Olhamos o relógio preso à parede - Não vai demorar.

- Ia te convidar para ir almoçar comigo e a Amanda - Ri sem humor algum, me movendo de novo para outro canto na cadeira - Mas lembrei que não dá.

- Sempre achei essa regra bem idiota - Ele me acompanhou e riu também - Como se apoiasse a separação dos campistas ou sei lá, cada um interagindo apenas com os seus.

- E põe idiota nisso.

Eu ia falar mais alguma coisa mas as palavras se perderam quando o alarme do relógio soou por todo o cômodo, marcando meio dia.

- E enfim livre. - Comemorou Luccas, sem demorar para tirar o jaleco e o pendurar atrás da porta - Vamos?

- Vamos!

Meio Sangue- Missão de resgateOnde histórias criam vida. Descubra agora