6 - Amor & Negócios (C)

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Colin Hawkins

E eu já havia conhecido a maldade humana, então um coração partido não será capaz de me machucar novamente. - refleti na madrugada.

Pensei muito, durante alguns dias, sobre o que deveria fazer. É como se todo o meu futuro já tivesse sido planejado e eu só tenho que seguir com os planos que puseram sobre mim. Me afastei de muita gente, me mantive no controle para não causar nenhuma polêmica. Não quero dar motivos para o meu nome - desnecessariamente - surgir nas notícias. Uma semana após meu encontro com você em Nova Iorque, recebo uma ligação informando sobre uma reunião com os responsáveis pelo projeto. Eu não entendia o impacto disso até Vale e Kart me ligarem, pedindo para se encontrar comigo.

Marco uma reunião com os dois no famoso restaurante indiano, que por vezes serviu como ponte para acordos milionários. Coloco um terno cinza grafite, recusando a famosa gravata. Não apelarei tanto, caso o faça, sentirão de longe o cheiro de desespero. Faço o que não costumo fazer; chego pontual e espero ansiosamente por suas chegadas. Vale é o primeiro a surgir, não conheço ninguém mais pontual que ele. Kart vem em seguida. Ambos sentam a minha frente, cruzando as pernas e pousando as mãos sob o colo.

— E então? — sou o o primeiro a se pronunciar, olhando o horário no relógio de pulso. — Vamos ser breves. Tenho uma reunião importante em 30 minutos.

Vale me observa atentamente. Confesso não ter sentido falta das suas observações e formalidade exagerada no tempo em que esteve trabalhando como médico voluntário no Irã.

— Seu tempo é tão precioso assim? — indaga, risonho. Ele até tenta soar sério, mas simplesmente não é capaz.

Kart coça a garganta ao notar minha expressão frustrada. Me conhece bem o suficiente para saber que não aturarei suas piadas por muito tempo.

— Seremos bem breves. — Kart profere, erguendo a mão para chamar um garçom. — A última vez que nos reunimos foi no velório do meu pai. Vamos pelo menos fingir que ainda nos importamos uns com os outros.

Quando cada um começou a trilhar seu próprio caminho, passamos a nos encontrar com menos frequência. Vale focou nos estudos e pesquisas, e Kart trabalhou arduamente ao meu lado. Young fora o único que continuou o mesmo, mesmo estando frequentemente ausente.

— Serei direto já que o seu tempo é tão precioso. — começa. — Kart me contou que está fechando negócios com os turcos por causa de um grande projeto. Parece que a representante deles também já foi designada.

— E aonde fica o segredo entre cliente e advogado? — questiono com desdém. Vale sorri de volta.

— Tecnicamente ele não está revelando nenhum segredo se não me contou nada relacionado aos negócios...

— Só contei o necessário. — Kart se defende. — Não precisaríamos estar tendo essa conversa se não soubéssemos com quem irá trabalhar. Só estamos preocupados com você.

Eu não sei bem ao certo como devo te enfrentar. Após o nosso mero encontro na Suíça e o meu acidente, você foi apagada da minha mente e não fiz isso propositalmente pensando em te afetar. Apenas aconteceu assim. Depois disso, Kart fez questão de me colocar a par de tudo. Eu não sabia mais o quanto você havia sido importante pra mim ou o quanto me machucou. Mas vê-los tão preocupados com o nosso encontro, faz com que eu perceba que você não foi apenas um amor passageiro. Você foi muito mais que um primeiro amor.

— Isso não é um dos teus joguinhos amorosos, Kart. — o interrompo, ainda mais sério. É que palavras machucam mais que facas. É o que dizem. — Não criem caso por algo insignificante. São só negócios. Se já terminamos, preciso ir.

Como Reconquistar Esse Garoto? - IIOnde histórias criam vida. Descubra agora