17 - O perdão que não veio (C)

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Será que a linha do meu destino é mesmo você?

O que mais desprezo nessa vida além dos hipócritas, é o destino. Detesto que ele seja encarregado de resolver as coisas porque parece que no meu caso ele só tem sequentemente estragado tudo.

Dizem que na vida há três amores. O primeiro, que te mostra o que é amor, que te faz eternizar momentos. O segundo, que te ensina o verdadeiro significado do amor, que te ensina como deve ser o amor. E o terceiro, o verdadeiro amor, o amor que te trás a felicidade. Você, Caina, sem sombra de dúvidas, tem sido o meu primeiro amor desde o dia que nós encontramos pela primeira vez. E com todos os nossos desencontros, tornou-se o meu segundo amor. E agora, com esses encontros... será que há uma chance de ser o terceiro também? Afinal, você com certeza pode se apaixonar pela mesma pessoa todos os dias.

Eu não menti ao dizer que te esqueci após meu acidente. Isso realmente aconteceu e por algum tempo fui feliz. Mas após meses, essa felicidade pareceu ser supérflua e não preencheu o vazio dentro de mim. Quando retornou a minha vida, percebi o que estava faltando. Eram minhas memórias com você. Era você. O fato de não estar na minha cabeça, não significa que não está no meu coração.

Mas o que é pior, afinal? Esquecer alguém no coração e mesmo assim continuar sendo atormentando por lembranças, ou, esquecer na mente e continuar lembrando no coração? Na mente, você sabe o por quê está sofrendo. Mas no coração não.

A gente se despede essa noite ao dizermos: "vamos evitar nossos encontros a partir de agora", mas com a esperança de que continuemos nos encontrando.

Mantenho a promessa em me manter longe de você, evitando nossos encontros, desviando minha atenção para outros assuntos. Tento arduamente ocupar a cabeça só para não ter que pensar em você. Isso funciona durante os primeiros dias, até que o destino resolve nos trair e ir - novamente - contra nossa vontade.

Meus olhos te encontram entre todos outros pares de olhares que nos cercam. A luz do sol bate contra os seus cabelos, que caem sobre suas costas. Não há mais as luzes coloridas e sinto falta disso em você. Nada em você me lembra da época em que estávamos juntos. Diferente de antes, agora usa maquiagem pesada, o batom vermelho escuro marca seus lábios, a sombra escura destaca os olhos castanhos, te dando um ar mais sombrio e sexy. As roupas elegantes e formais. A Caina desajeitada com mexas coloridas e roupas bregas... também ficou no passado.

Um cara qualquer se aproxima de você, sussurra algo no seu ouvido e você ri, assentindo com a cabeça. Por que continua agindo tão amigavelmente com outras pessoas? Como pode ser tão indiferente com o mundo e mesmo assim tratar as pessoas bem?

— Nossa vida tomou um rumo tão entediante que estou arrependido por ter me formado... Deveria ter apenas vivido confortavelmente às custas dos meus pais. — Kart tagarela ao vir a minha direção. Abie e Vale estão ao seu lado. Ambos sorriem e reviram os olhos.

— Você seria tirado do testamento antes mesmo de pensar em desistir da faculdade. — Abie retruca. Ela me abraça fortemente. — Senti sua falta. Tem andado tão ocupado ultimamente que não tem mais tempo para os plebeus.

— Alguém tem que garantir o nosso futuro! — Vale exclama ao passar o braço em torno dos meus ombros. — Kart pode a qualquer momento ir preso se continuar infligindo as leis. Abie... bem, sem comentários. E eu... Nossa, o que fizemos da nossa vida? Você foi o único que se saiu bem, Colin. Você e o Yong.

Sorrio, mas o sorriso não alcança as orelhas. Me sai bem? Diriam isso se soubessem que sou uma farsa total e finjo ser feliz na maior parte do tempo?

— Deus realmente tem seus preferidos! — Kart inclui, rindo.

Como Reconquistar Esse Garoto? - IIOnde histórias criam vida. Descubra agora