Eu tentei. Dei o melhor de mim, fiz o que precisava fazer para te tirar da minha cabeça e da minha vida. Te mantive longe o máximo de tempo que pude. Todas as vezes em que pensei em você, repeti pra mim mesma: não era pra ser. Repassei nossas memórias tristes nas lembranças para não esquecer as razões por ter te machucado tanto. Pensei em você como a pessoa que destruí para o mundo. Eu te esqueci, não uma, mais várias vezes seguidas. Te apaguei da minha cabeça e te risquei do meu passado.
E mesmo após tudo isso, o resultado do nosso futuro não mudou. No fim, voltei pra você.
Quanto mais corri de você, mais me aproximei.
Não era minha intenção te trazer de volta. Não era minha intenção me sentir atraída por você novamente. Ouvi histórias de como as pessoas podem se apaixonar pela alma. Ouvi histórias de amores que não acabam. Também ouvi histórias de destinos entrelaçados que não podem ser cortados. Fazemos parte disso ou só estamos nos enganando, mais uma vez?
Você não é a pessoa que deveria estar aqui comigo essa noite, aproveitando a lua minguante, o ar fresco e o clima romântico. Tudo isso foi planejado por você mas sei que não era sua intenção estar aqui.
Quando me convidou para vir aqui, não passou pela minha cabeça que me sentiria desconfortável com tal situação. Não havia motivos, afinal. Somos apenas dois estranhos que já compartilharam segredos. Mas quando você me deixou para trás, só consegui pensar no que havia feito. Meu receio não foi te perder mais uma vez, porque se formos sinceros, não nos pertencemos mais. Meu receio foi que você percebesse que não devemos ficar juntos.
— O que você faz quando sente falta de uma pessoa? — indaga de repente, no silêncio da noite. Continuamos no iate, sentados na parte de trás, aproveitando o ar fresco que nos sonda. Giro a cabeça para o lado, passando a te fitar, tentando compreender sua pergunta.
A expressão é uma incógnita maior que essa escuridão da noite, mais densa que esse vasto mar.
— Eu penso na pessoa.
— Isso ajuda?
Se ajuda? Não, Colin. Se eu for sincera com você, direi que não ajuda em absolutamente nada. Quando sentimos falta de uma pessoa, pensar nela só nos trás mais dor. Só faz com que a dorzinha no peito se intensifique; que o frio na barriga te congele e a saudade te rasgue em pedaços tão pequenos que se torna impossível colar.
— Por que? Sente falta de alguém? — questiono, sem coragem para ser sincera com você. Comprime os lábios e desvia o olhar para a lua minguante. Respira fundo, soprando o ar entre um suspiro pesado.
— Sinto falta do meu eu antigo...— confessa, fazendo com que eu me questione do quê exatamente sente falta no seu antigo eu. Nota a confusão no meu olhar. — O que foi? Não sente falta do seu antigo eu?
São durante esses momentos que sou tomada pela dúvida. Você me esqueceu, ou apenas fingiu que esqueceu?
Resolvo mudar o rumo da conversa.
— Ainda gosta de futebol?
— Você sempre foi assim?
Franzo o cenho.
— Assim como?
Sorri de canto.
— Muda de assunto quanto não quer responde algo.
Nego.
— Na verdade, costumo falar besteira ao invés de mudar de assunto. Parece que também se esqueceu disso. — comento, de certa forma, agradecida.
Acho que finalmente estou começando a entender os motivos que te levaram a querer me esquecer. Assim como você foi pra mim a luz na escuridão, também fui pra você. E quando te deixei, a escuridão te engoliu. Deve ter sido difícil sair dessa prisão. Não importa se ainda gosto de você ou se ainda tenho esperança que a gente tenha uma chance... Não posso fazer isso com você. Não vou correr o risco de te machucar de novo. Não, na verdade, não vou correr o risco de ser machucada quando levou tanto tempo para sorrir sem sentir o aperto no peito.
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Como Reconquistar Esse Garoto? - II
RomansaNesse conto, eles não são os mocinhos com um passado doloroso em busca de rendição. Eles são os vilões da própria história. Por isso lutam contra a força do universo e o querer do destino, porque não aceitam o que a vida os impôs. Eles querem escrev...