Como Reconquistar Esse Garoto? - II

Para sempre, você

Amor e dor.

Acho que é certo terminar essa história com essas duas palavras, que nos levaram a pensar num final óbvio. Nossa história começou como qualquer outra, embora tenhamos tido um final que não se vê constantemente. Não sei se tivemos muita sorte ou se o universo só teve muita pena de continuar assistindo como vínhamos vivendo nossa vida durante esses cansáveis anos.

Percebi algo quando me olhou apaixonadamente e tudo que desejei foi continuar sendo o motivo dos teus sorrisos mais sinceros. Uma mulher pode sim ter o coração curado. Se for a pessoa certa, então somos naturalmente capazes de amar como se fosse a primeira vez. Essa é a beleza de um relacionamento com amor terno e puro: todos os dias aprender a amar.

Quem não nos conhece e não tem a mínima ideia de tudo que vivemos para chegar aonde estamos, pode ser levado a acreditar que estamos indo rápido demais e até nos precipitando. Mas não é bem assim. Foram anos, mais de uma década, para decidirmos lutar por esse amor. Duramente aprendemos que nunca sabemos quando podemos perder alguém, por isso estamos aqui, vivendo cada segundo como se fosse o último. Tudo é mais leve agora e acontece naturalmente, sem precisarmos complicar ou prolongar. É simples e calmo. É como se tivéssemos sobrevivo a um Tsunami, e finalmente estamos vendo o sol surgir no horizonte.

Lembra do que eu disse sobre as linhas de tempos? Então, é sobre isso. Nos apaixonamos no tempo errado, por isso sofremos tanto com nossa partida. Agora nos reencontramos com o olhar mais maduro, com o coração curado e o peito mais leve. Estamos vivendo na mesma linha de tempo, olhando na mesma direção, desejando o mesmo futuro.

— Está feliz?

A pergunta vem de Lucas.

Estamos na sua casa comemorando mais uma vitória. Você recebeu os últimos documentos do cartório, confirmando a abdicação do sobrenome Hawkins. Apenas os mais íntimos presentes, festejando com você essa fase incrível da tua vida. Nunca te vi tão feliz e realizado. Não há nenhum vestígio de solidão e aquele garoto solitário que estava preso num quarto escuro e frio, saiu para ver o sol e tem sorriso desde então. Esse garoto se permitiu ser abraço pelo calor abrangente.

— Estou muito feliz.

— Já disse isso outras vezes, mas vou dizer mais uma: simplesmente amo a forma que olha pra ele. — diz. — Obrigada por amá-lo, e por salvá-lo...

— Eu não o salvei de nada, Lucas. Colin se salvou sozinho.

E é verdade.

Não foi só minha partida que te machucou. Você já estava machucado muito antes de me conhecer, se sentindo preso e solitário às expectativas dos outros. Vivia a vida planejada pelo seu pai, não queria decepcionar sua mãe e muito menos jogar essa carga pesada para o Lucas, porque sabia que ele não suportaria, pois já enfrentava os próprios problemas.

Estar comigo era confortável e fez com que percebesse que poderia viver um outro tipo de vida, uma que seus pais não aprovariam. Por isso não lutou contra as decisões deles sobre tua vida. Mas quando me fui, só restou o Colin que eles criaram: um garoto perfeito, educado, inteligente e prodígio. Ter percebido que podia ser diferente, que podia seguir os próprios sonhos, viver da própria maneira, fez com que mudasse teus pensamentos. Você não me odiou por ter te deixado, Lucas estava certo, você nunca seria capaz de me odiar. O que mexia mesmo contigo era me ver e continuar vendo o potencial que possuía, porque eu te lembrava exatamente de uma época em que teve - mesmo que por um tempo - coragem para desafiar teu pai. Então - silenciosamente - lutou contra todos, chegando aqui. Você venceu sozinho e o mérito é todo seu!