7 - Encontro nos desencontros

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O carma.

Por onde devo começar? É difícil conseguir pensar em começar uma história sobre destino cruel, porque você não pode simplesmente ignorar o fato de que o carma está interligado diretamente a isso. Afinal, o destino e o carma são como dois amantes. Eles estão juntos mas sabem que não deveriam, também sabem que juntos só trarão dor para aqueles que amam.

Eu sempre evitei situações onde teria que lidar com riscos de enfrentar o carma algum dia. Tentei ao máximo não ferir ninguém, muito menos me machucar. Plantei coisas boas esperando colher coisas boas. Mas sejamos sinceros, a vida não funciona dessa forma. Mesmo que você seja bom, a vida ainda baterá em você com força e brutalidade. Mesmo que faça boas ações, as pessoas ainda irão te julgar e te apunhalar. Por isso muitas das vezes escolhemos ser más; pois assim nos blindamos e não nos decepcionamos com tanta frequência.

Eu fiz o que precisava fazer para sobreviver nessa sociedade tão hipócrita quando aprendi que as pessoas só respeitam o que temem. Elas só respeitam aquilo que está acima delas, e isso vale para classe social, gênero e etc. Mesmo que seja repugnante pensar dessa forma, é a realidade e é mais fácil aceitar do que tentar mudar. Acredite, eu tentei mudar isso. Mas perdi a esperança quando vi o quanto minha desgraça arrancou sorrisos de pessoas que eu nunca nem vi na vida.

Nos encontramos mais uma vez. É curioso e extremamente confuso como conseguimos continuar nos esbarrando casualmente mesmo evitando. Primeiro, no lugar onde minha vida mudou completamente. Segundo, no lugar onde alavanquei meu sucesso. E terceiro, mas não menos importante, no lugar onde defini meu futuro. Foram exatamente 3 vezes. Bem, não pra você. Percebi que nosso encontro na Suíça não trouxe recordações.

Você realmente me esqueceu ou gradualmente aprendeu a me ignorar?

Não estou curiosa, não quero saber, manter distância é minha única reação para esse fadigo acaso do destino.

Eu saio do elevador após muita hesitação. Há meses tenho me preparado para trabalhar com você, desde o momento em que fui resignada a ser responsável pelo projeto. Confesso ter tentado evitar isso, me sobrecarregando com outros projetos. Mas não teve como escapar desse inevitável encontro. Essa é uma grande chance pra mim, e egoisticamente não sou capaz de recuar.

Sua presença trás consigo uma avalanche de problemas e uma saudade sedutoramente atraente. Meu ponto fraco: caos. Tivemos juntos na maior parte da minha vida, estou habituada a ele e posso dizer que não existe ninguém nesse mundo que pode lidar com ele melhor do que eu. Faz parte de quem sou.

Sigo a direção do auditório, como se logo atrás não tivesse esbarrado com a principal causa das minhas noites mal dormidas, como se não tivesse encontrado com a pessoa que tanto machuquei. Tudo o que sempre fiz durante minha vida foi decepcionar as pessoas e ouvir suas lamentações. Tragicamente me habituei a isso.

O auditório já está quase cheio, a mesa redonda no centro ocupada por vários engenheiros e designes. Os murmúrios se tornam mais alto conforme você adentra na sala. Devem estar se perguntando o motivo da sua presença, já que não é necessário. Mesmo sendo o dono da empresa e o maior investidor, essa reunião é apenas para repassar os detalhes do projeto.

Todos levantam para - respeitosamente - te cumprimentar.

— Senhor Hawkins, ao que devemos a honra da sua presença? — Micael pergunta, trocando um breve olhar com Rebekka, que parece não saber o motivo. Você olha ao redor, para cada homem e mulher presente. Bem, não posso negar que você sabe como marcar presença. Sempre soube.

— Essa é uma reunião para repassar todos os detalhes do projeto, estou certo? — pergunta diretamente à Rebekka, a mesma confirma. Sorri, inesperadamente direcionando a atenção para mim, que opto por ignorar. — Então estou no lugar certo, afinal, esse é o meu projeto.

Como Reconquistar Esse Garoto? - IIOnde histórias criam vida. Descubra agora