Eu lembro de quando nos encontramos pela primeira vez debaixo daquela arquibancada quando todo o meu mundo havia desmoronado. Você entrou na minha vida na pior fase dela e isso não te assustou nenhum pouco. Em todos os momentos, até quando só te tratei com arrogância, você foi gentil. Seu coração era puro e inocente e isso me assustava pra caramba porque eu sabia bem o que faria com você. Já havia partido tantos corações e não sentia remorso, mas na sua vez, eu só tentei muito não fazer o mesmo. Bem, não deu muito certo.
Você vai embora após informar sobre uma recepção que fará na sua casa no fim de semana por conta do aniversário do Lucas. Eu nem deveria ser convidada, mas ainda assim, me convidou. Sua desculpa foi: Ele ficará feliz com sua presença. E ele não se sente feliz há muito tempo.
Como pode fazer isso comigo? Novamente, mais uma vez, jogar em mim a responsabilidade de deixá-lo feliz. Nem eu estou feliz, então como posso fazer alguém feliz?
Reflito muito e o resultado final me leva a mansão Hawkins no fim de semana.
A festa está acontecendo no jardim principal. O lugar é decorado com vários portes com lanternas, caminhos de madeira foram colocados sob a grama para que possamos caminhar sem precisar enterrar os pés nela. A várias mesas altas espalhadas ao redor, um pequeno palco onde um pianista e um violoncelista se reservam para tocar, nos apreciando com belas melodias. A noite fresca e o céu estrelado parecem de bom humor essa noite e resolvem nos presentear com uma magnífica atmosfera. Eu quase me sinto contente por ter concordado em vir.
Sou recebida por Lucas, que rapidamente me envolve em um abraço apertado e demorado.
— Uau! Isso aqui está incrível. — comento ao descer a sacada para ir ao jardim. Lucas surge ao meu lado, enfiando o braço no meu, me puxando para si.
— Fiz um ótimo trabalho, não fiz?
Olho ao redor, surpresa com a "pequena recepção"
— Só não me diga que convidou toda a elite. — digo, baixo. Ele sorri, me abraçando novamente.
— Ah, querida Caina, é claro que não! Hoje será só para os mais íntimos. — informa, e sorrateiramente me olha. — Desculpa por não te convidar pessoalmente... Eu queria. Só não achei que fosse aceitar. Parece que o Colin finalmente amadureceu. Ele me contou que foi a tua casa e garantiu que foi educado.
Bem, ir a minha casa tudo bem. Mas educado? Não me lembro exatamente assim.
— Acho que eu teria vindo mesmo se ele plantasse um campo minado em frente a porta. — brinco. Ele ri.
— Eu realmente não vou te julgar se quiser ir embora agora. Fecharei os olhos por 5 segundos. Apenas fuja enquanto há tempo. — diz entre uma risada divertida, que - espontaneamente - me arranca uma risada. Ele passa o braço ao redor da minha cintura, depositando um beijo cálido na minha cabeça. Já é um homem e eu não posso deixar de ressaltar o quanto está bonito!
— E-eu...
Eu quase aceito. Se eu tivesse mantido a atenção fixa nele e não tivesse desviado o olhar para a sacada, teria facilmente aceitado fugir. Mas há momentos na nossa vida que o universo conspira contra gente; contra todas as nossas vontades. O que você quer, não é o que o universo quer. E só o que o universo permite acontecer, acontece.
Naturalmente ergo o olhar para a entrada da casa, mas especificamente para a sacada. O homem que passa por ela e - elegantemente - joga a cabeça para trás por conta do vento, me rouba a atenção. O habitual terno preto, lhe cai perfeitamente bem, como se fora feito sob medida. O cabelo escuro, como sempre, se destacando na pele branca. Seus olhos se encontram com os meus, e eu só consigo me perguntar o por quê continuamos nos encontrando em momentos assim. Foram anos. Na verdade, uma década. Nós nunca nos esbarramos com tanta frequência.
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Como Reconquistar Esse Garoto? - II
RomanceNesse conto, eles não são os mocinhos em busca de rendição. Eles são os vilões da própria história. Por isso lutam contra a força do universo e o querer do destino, porque não aceitam o que a vida os impôs. Eles querem escrever a própria história. Q...