18 - E se?

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"Tudo bem, Colin Hawkins. Eu aceito dormir com você."

Repetir erros do passado é implorar de joelhos para receber as mesmas consequências. O que estamos fazendo, Colin? Te olhando diretamente nos olhos, cercada por tantas outras pessoas, sendo devorada por esses olhos que foram motivos claros das minhas insônias durante madrugadas longas e frias, vejo que há muito mais para descobrir do que já sei. Você sorri como quem acabou de pegar uma presa fácil e não há vitória nisso, mas lamentavelmente, um mero contentamento.

A primeira vez que sugeri que dormíssemos juntos vem às lembranças e desejo com todas as forças do universo retornar àquele dia, só para dizer sim mais uma vez. Aquela única noite nos trouxe aonde estamos agora. Ali foi realmente o início de tudo e não há arrependimentos nisso. Podemos nos arrepender das palavras cruéis ditas no momento de tensão e raiva; ou das brigas desnecessárias causadas por problemas alheios; ou discussões devidas aos medos que sentíamos do futuro. Mas de dormirmos juntos... jamais se tornará um arrependimento. É por isso que levo a sério sua sugestão. Porque acredito que sente o mesmo que eu, embora suas lembranças comigo estejam distorcidas ou ausentes.

Você torna a sorrir sorrateiramente e naturalmente balbucia: "Quem sabe na próxima. Hoje estou ocupado", e então se vai, deixando-me completamente embasbacada para trás. Não vou perguntar o que fiz de tão ruim para ser tratada de forma tão insignificante. As razões são bem conhecidas e óbvias e reclamar delas não mudará o fato de que mereço isso. Quando você alcança uma distância maior, do meio do campo eu grito: "Na próxima você não me escapa".

Somos cercados por olhares curiosos e múrmuros. As pessoas reconhecem você, mas não parecem lembrar de mim, o que trás alívio. Continua a ir embora, e eu só consigo pensar no nosso próximo encontro.

[...]

A ausência de uma pessoa desperta inúmeros sentimentos na gente; sentimentos esses que podem nos controlar caso não sejamos fortes o suficiente para lutar contra. Quando você ama muito uma pessoa e a perde, a ausência dela transforma você num vazio sem fundo.

Nos dias que se passam, como bem previsto, evitou que nos encontrássemos. Através da Rebekka fui informada que havia voltado ao comando do projeto, e que poderia tomar todas as decisões sem precisar passar por você. Essa é a forma mais prática que usa para me manter ocupada o suficiente para não ter tempo de te procurar. Isso parece funcionar por vários dias, sem perceber, sou completamente arrastada para o projeto e não encontro tempo nem para comer. Quando começo algo, só paro quando termino. Sempre fui assim.

Estou no auditório, na empresa. É um cômodo grande onde mais de 30 assentos ocupam boa parte do espaço. Estou atrás do palanque, fazendo a apresentação final. Todos estão em silêncio, ouvindo atentamente o que falo, olhando para as imagens na tela na parede, vidrados nos rascunhos finais dos designer. É nesse momento crucial que sou apreciada com sua entrada. Você surge pela porta e rapidamente rouba olhares. Atrás de você, uma fileira de homens e mulheres, que te seguem e sentam nas cadeiras desocupadas na parte de trás. Não me abalo com essa surpresa inesperada e concluo a apresentação com perfeição, sendo aplaudida no fim.

— Você fez um ótimo trabalho! — Micael elogia ao se aproximar.

— Meu pai fez uma ótima escolha ao te colocar a frente disso. — Rebekka inclui. — Foram dias cansativos! Devemos fazer uma pausa hoje?

Separo os lábios para responder, mas sou impedida quando você vem até a gente. Formalmente cumprimenta Micael e Rebekka, só então se direcionado a mim.

— Pensei que não fosse mais participar dessas reuniões...

Respira profundamente antes de dizer algo, girando a cabeça ao redor, olhando para o restante presente, que conversam entre si.

Como Reconquistar Esse Garoto? - IIOnde histórias criam vida. Descubra agora