10 - Sinto muito

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Todos estão vivendo a melhor fase de suas vidas. O mundo não parou para ouvir minhas lamentações; e o ponteiro do relógio permanece girando e girando, sem me dar uma pausa para encontrar uma solução menos destrutiva. Eu tenho muitas opções a meu dispor para sair do fundo do poço. O único problema é: cada uma irá respingar direitamente em alguém que não quero. Mas por que não? Sempre foi tão fácil machucar pessoas. Então por que passei a hesitar? Já aceitei a grande verdade de que não éramos pra ficarmos juntos. Já te apaguei das minhas memórias e com certeza não há rastros no coração. Então... por quê?

Ligo para os nossos advogados assim que saio do restaurante, não posso perder tempo, tenho que frear essas notícias antes que causem ainda mais estragos. Entro também em contato com Sergej, o informando na tentativa de mantê-lo ao meu lado. Não dá pra correr o risco de que ele cancele o investimento. É muito importante que meus planos sigam como o planejado, sem contratempos. Em seguida, ligo para Kaan, meu chefe.

Inesperadamente sou surpreendida com a chegada de Rebekka, que apoia o corpo nos joelhos, visivelmente ofegante, como se tivesse acabado de correr uma maratona. Nunca foi muito esportiva.

— E-eu... acabei de receber uma ligação do meu pai. Também vi as notícias. Acha que a denúncia por plágio... é verdade?

Consequentemente reviro os olhos.

— Se fosse verdade, acha que eu estaria aqui tranquila? Isso tudo é armação!

— O quê? Mas por quê? Quem você irritou dessa vez, Caina?

Sorrio, lembrando-me do seu rosto traiçoeiro. Um verdadeiro demônio num corpo de um anjo.

— Há pessoas realmente dispostas a ultrapassar limites para recuperar o ego...— comento num pensamento alto. Suspiro fundo quando vejo o motorista trazer o carro. Ele abre a porta para que eu entre, mas antes travo os passos, pensando sobre algo. A olho novamente, a mesma me analisa, confusa. — Por acaso você... ainda é boa em investigar pessoas?

Rebekka é umas das pessoas mais investigavas que conheço. No passado, possuía o sonho de se tornar detetive. Infelizmente a realidade não foi tão gentil com ela, obrigando-a viver um outro tipo de vida. Ainda assim, sempre usou dos seus talentos para me ajudar a saber mais sobre a vida de outras pessoas. É um hobby para ela. Só não sei se ainda continua sendo. Depois que casou, tudo mudou. Rebekka casou com um homem bem influente, que quase nunca está em casa, sempre viajando a negócios. Sinceramente não entendo como um espírito livre como ela foi se prender a alguém como ele.

— Quem você quer investigar?

Hesito em responder. Não posso tornar pessoal. Estou dando tudo de mim para me manter profissional e passiva como concordamos.

— Eu quero saber o que aconteceu com Colin Hawkins depois do acidente na Suíça. Consiga seu histórico médico, se possível.

As sobrancelhas vão franzindo conforme falo, os olhos são um mar imerso na confusão, e os lábios se entreabrem. Não demorará muito pra que a ficha caía e ela perceba do que realmente se trata.

— Esse dia...— entreabre ainda mais os lábios, olhando-me assustada. — Você também estava na Suíça. Espera... por acaso... há alguma ligação com você?

Suspiro. Eu não quero contá-la sobre meu passado, mas é inevitável.

— Rebekka, quando você comete certos pecados, você não quer que outras pessoas tenham conhecimento disso. Porque isso a fará ter vantagens sobre você. Só saiba que... não quero contar porque... É terrível o suficiente para ele fingir que nunca me conheceu.

Há caminhos que seguimos que não há volta e nem escapatória. Cedo ou mais tarde nos encontraremos em um beco sem saída, ou seguiremos caminhando sem rumo para sempre.

Como Reconquistar Esse Garoto? - IIOnde histórias criam vida. Descubra agora