Você me via como uma borboleta, Colin. Naquela época, se eu tivesse percebido o quanto sou incrível, teria feito diferente? Talvez não. A aparência do amor é só um fenômeno físico porque o cérebro recebe estímulos químicos que ocorrem para se reproduzir. Depois de um tempo, a oxitocina, dopamina e norepinefrina limpam completamente o seu corpo e você fica bem.
Cientificamente falando, é bem lógico. Só não muito prático.
Eu não quero dizer pra você que sinto muito, porque se eu for honesta com a gente, não sinto. O nosso fim, naquela época era inevitável e não havia como ir contra com o que o futuro havia reservado para nós. Você queria que eu te amasse. Mas como eu poderia te amar se nem me amava? Como poderia te fazer feliz enquanto me sentia infeliz? Eu precisei ir embora porque tinha que aprender a me amar primeiro, Colin.
E eu aprendi. E quando consegui me olhar no espelho e me sentir feliz com o que encontrei, me senti pronta para te amar também. Agora, posso citar todos os motivos que me fizeram te amar, Colin. Eu amo que a única coisa maior que o seu QI é a sua ingenuidade. Eu amo que você esteve comigo nos meus piores momentos e se entregou de corpo e alma, mesmo com tanto medo de se decepcionar. Amo que você se manteve tão puro e gentil, apesar do que fiz você passar.
Eu amo que você é tão corajoso e cheio de vida, apesar das pauladas que a vida te deu.
— Por que está chorando?
A voz singela do Lucas me tira dos meus devaneios. Estamos a caminho da minha casa, ele está dirigindo e eu absorta em pensamentos, observando o trajeto que fazemos através da janela do carro. A cidade continua do jeitinho que me lembro. Tudo é muito monótono e os edifícios de concreto nos cercam, nos tornando ainda mais pequenos e incapazes do que já somos.
— E-eu estou apenas... triste.
— E por que está triste?
Sua pergunta faz com que eu me questione sobre isso. Procuro a fundo o real motivo de eu me sentir tão... cabisbaixa.
Respiro fundo, girando a cabeça para o lado, passando a observá-lo. De certa forma, olhá-lo me trás boas recordações e uma nostalgia dolorosa. Lembro de quando sorríamos um para o outro enquanto jogávamos conversa fora. Éramos jovens e imaturos, cometendo erros sem pensar muito nas consequências, e jogando a culpa nos outros. Ambos não sabíamos lidar com o caos que éramos. Lucas culpava os pais, o irmão... Enquanto eu, culpava o Jay por não ter suprido minhas expectativas. Mas a verdade é que foi uma decisão nossa machucar as pessoas ao nosso redor.
— Tenho pensado muito sobre o acidente do Colin...
— Isso já faz um bom tempo. Não penso muito sobre isso, foi uma época difícil. Quando ele ficou em coma por tantas semanas, percebi que nunca foi o meu pai o calcanhar de Aquiles da família. Mas sim o Colin. — confessou entre um suspiro. — Que seja, já passou! Mas por que está pensando nisso? É por que ele não recuperou as memórias com você?
Sei que minha pergunta soará ridícula, mas preciso acabar com todas as minhas dúvidas, Colin. Tenho que confirmar que você foi apenas a vítima de um acidente repetindo e brutal.
— Acha que o Colin pode ter provocado o acidente?
— Como? Está perguntando se ele propositalmente jogou o carro em frente a um caminhão? — questiona. Pela expressão fria, percebo que minha pergunta desperta emoções sombrias. Apesar de me sentir receosa em dar continuidade a essas perguntas embaraçosas, não recuo. Quero descobrir a verdade. — O Colin te amou muito, Caina. E quando você foi embora, isso machucou muito ele. Mas não importa o quanto sua partida tenha o magoado, Colin jamais abriria mão da própria vida. Por isso está triste? Pensa que, por sua causa, ele pode ter sofrido esse acidente?
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Como Reconquistar Esse Garoto? - II
RomanceNesse conto, eles não são os mocinhos em busca de rendição. Eles são os vilões da própria história. Por isso lutam contra a força do universo e o querer do destino, porque não aceitam o que a vida os impôs. Eles querem escrever a própria história. Q...