13 - Coincidência ou destino? (C)

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Colin Hawkins

Não era minha intenção convidar você para a festa do Lucas. Quando ele me entregou o convite e como presente pediu que eu te convidasse, eu só quis rasgá-lo em mil pedacinhos e queimar o restante. Mas uma força maior que a minha dignidade me levou até sua casa, e quando percebi o que estava fazendo, já era tarde demais.

Por que quer ser minha amiga? Você provavelmente tem consciência do que penso sobre isso. Já esclareci nossa relação e você sabe tão bem quanto qualquer outra pessoa que se você se tornar um empecilho, irei te mandar pro outro lado do mundo. Não é insano querer ser amigo da pessoa que você sabe que irá te machucar?

Mantenho distância porque... sendo sincero, não quero que note o meu complexo de inferioridade. Eu tenho tudo e ao mesmo tempo nada. Tenho lutado uma batalha árdua contra meus demônios e tenho perdido todos os dias. É como se um único episódio na minha vida tivesse refletido em todo o resto. Essa incapacidade de não sentir empatia acaba me afastando das pessoas, me isola do mundo e acabei me acostumando a isso. Me conformei que o melhor mesmo é ser sozinho. Dessa maneira, ninguém usa minhas fraquezas contra mim; minhas dores; meu passado; minha vulnerabilidade. Ser sozinho significa que ninguém tem o poder de me machucar novamente. Depois de você, nada mais foi como antes.

Os dias passam, não tornamos a nos esbarrar. Continuo com minha vida e não procuro pensar em coisas desnecessárias que não acrescentarão nada na minha vida.

No próximo fim de semana, Kart me convida para ir com ele jogar golfe. É um esporte que eu considero parte do dever de um empresário porque é onde pessoas ricas e sem hobby vão para se exibir. A maioria nem gosta de jogar ou sabe, mas ainda frequentam porque acreditam fielmente de que quem não é visto, não é lembrado. 

A gente se encontra na entrada e vamos juntos ao campo. Dois homens carregam nossas bolsas com tacos e bolas.

— Soube que seus pais voltaram essa semana. Já se encontrou com eles?

Pego um dos tacos e vou a linha de partida, me posicionando para a primeira tacada.

— Não gosto que você sempre sabe de tudo da vida dos outros. — resmungo ao fazer a primeira tacada. Admiro minha jogada. Sou bom nisso.

Kart assobia, batendo palmas.

— Boa tacada! E é o meu trabalho saber tudo. Só assim continuo sendo útil.

O observo se posicionar para jogar, e arrisco sorrir. Lembro-me de uma semana atrás quando você perguntou se poderíamos ser amigos. Pra você, nossa amizade não precisa envolver interesses. Eu já estive nessa posição uma vez, desejando arduamente ser seu amigo, estar ao teu lado, mesmo que só como um conhecido.

— Tem razão. Eu encontrei com o meu pai durante uma visita inesperada na empresa. Não foi um encontro amigável. Ele continua tão decadente como da última vez.

— Só posso dizer que sinto muito por você. Infelizmente não escolhemos nossos pais.

— Mas escolhemos se queremos mantê-los como pais.

Ele ri.

— Se eu não conhecesse seu pai, certamente pensaria em você como um filho ingrato. — comenta. Sorri ainda mais. — Afinal, por que o Lucas convidou a Caina para o aniversário dele? Nem são mais amigos.

— Lucas gosta dela. Não posso impedir com quem ele sai.

— Tem razão. Mas aconselho a fazer uma exceção. Você não lembra, mas ela só trouxe caos a vida dele. É uma bomba armada.

— Ela foi tão prejudicial assim nas nossas vidas?

Kart não sabe que eu me lembro de você. Assim como o restante, acredita que me esqueci de tudo. Talvez por isso se esforce bastante para me fazer acreditar que você é o diabo em pessoa.

Como Reconquistar Esse Garoto? - IIOnde histórias criam vida. Descubra agora