15 - Vinho amargo

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Quando você vai embora da vida de uma pessoa, os motivos não importam muito, porque o amor que você nutre e abandona, fica na responsabilidade dela para lidar com esse fim tão desgastante. Ela estará ocupada demais tentando preencher esse vazio e sua ausência se tornará - lamentavelmente - um cálculo errado. Eu repeti diversas vezes pra mim mesma ao longo dos anos que meus motivos para deixá-lo foram reais e justificativos. Eu me alto sabotei e esqueci meu final feliz no fundo de uma gaveta num quarto que não ousei mais entrar. Eu apenas vivi e aceitei o fato de que não era pra ser.

Eu permaneço estática na sua frente, com os olhos cravados no seu e uma enorme interrogação na expressão.

Vai embora.

Você diz isso com tanta naturalidade que sou nocauteada da mesma forma.

Éramos felizes e não sabíamos.

Você me arrancava sozinhos fáceis mesmo quando eu só tinha vontade de chorar. Você curou minhas feridas, costurou cada buraco do meu peito, acalmou meu coração e trouxe paz a minha vida. Enquanto eu, fiz o contrário com você.

Engulo em seco. Não posso ir embora assim, Colin. Não sei como fazer isso agora.

— Você tem vinho? — pergunto ao olhar para a adega de vinhos. Sorrateiramente noto a expressão no seu rosto mudar, e sorrio por dentro.

— O que?

— Vinho. Você tem uma adaga e não sabe o que é? Eles parecem caros...

Esfrega o cenho, está a ponto de perder a sensatez e não sabe como lidar com a falta disso, não é, Colin?

— Pegue uma garrafa e vá embora.

— Tem uma taça também? — olho em volta do balcão da cozinha. Não há nada. — Afinal, você ainda não me deu uma resposta sobre sermos amigos ou não... Ainda precisa de tempo para pensar?

Torna a caminhar, me aproximando. O forte cheiro de uísque se impregna nas minhas narinas. É só nesse momento que percebo que você esta bêbado. Os cabelos emaranhados, as bochechas coradas, os olhos inchados... é evidente que minha vinda aqui atrapalhou seu momento de solidão.

— Por que têm dificultado as coisas? É irritante.

— Não foi por isso que se apaixonou por mim? — indago num ato de coragem. Sinto as batidas do meu coração tornarem-se um caos, batem tão rápidas que tenho a impressão de estar caindo de um avião.

É o mesmo pra você. Seus olhos te entregam. Seus olhos sempre te denunciam, Colin. São evidentes demais.

Eu também estou com medo e assustada com essa compulsão que me trás diretamente pra você. É como se eu não tivesse controle algum dos meus desejos e vontades, sou pateticamente controlada por meus instintos e mesmo que eu tente escapar, o resultado é sempre o mesmo, comigo na sua frente.

— Por que me incomoda tanto que pareça bem? — indaga, me chocando. — Você é muito egoísta, Caina.

Eu sinto muito, Colin. Sinto muito por não ser capaz de te olhar nos olhos e te fazer se sentir um pouco melhor. Não há nada que eu não faria pra evitar te machucar de novo. Se eu pudesse, voltaria ao passado, e tentaria o máximo possível impedir que se apaixonasse por mim. Teria dito palavras duras e teria te olhado de forma seca, e não teria me tornado um bom motivo para sorrir. 

— Não é uma boa hora... Você bebeu. — constato. Tento passar por você, mas me segura pelo braço, impedindo que eu me mova. A centímetros de distância, sinto sua respiração entrecortada e quente bater contra meu rosto, causando leves arrepios na pele. — Colin...

Como Reconquistar Esse Garoto? - IIOnde histórias criam vida. Descubra agora