፝֯֟⋆˖❛◌ ༾ཻུ۪۪⸙ 003. Sentimentos Aflorados

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  Me arrastaram de punhos presos.

   Fui levada rastejando até uma jaula de cipós e me jogaram lá dentro como um animal sem rumo e abandonado. E o que eu teria diferente de um, não é mesmo?

   Tudo que vivi. Tudo o que eu conhecia, longe de mim e reduzido a cinzas, me sentia cada instante mais morta com as descobertas que fazia nesse planeta, e estar no meio de uma tribo hostil só tornava minha realidade cada segundo mais dolorosa para mim.

   O povo da floresta era tão impiedoso com os humanos, como meu povo era com os nativos daqui. E eu comprovava isso na pele. Infeliz e dolorosamente…

   Não estou colocando eles como vilões ou pintando suas personas como malignas. Entendam. Acho que a vilania. A divisão do bem e do mal parte do princípio de onde a história está sendo contada.

   Humanos lutam pelo sustento da raça humana. Pelo dinheiro. Por refugio e recursos inexistentes em seu planeta de origem. Na'vis lutam pela resistência, pela independência e a liberdade de ter o lugar que vivem novamente só para si. Ambos guiados por apenas um objetivo.

    A garantia da sobrevivência de sua espécie.

   Não serei insensível de praguejar toda a operação e o projeto que me trouxe até aqui, por me lembrar exatamente de como deixei a Terra antes de vir para cá. Fazia dois anos. Apenas dois anos que embarquei em naves e deixei tudo que conhecia como mundo para trás, mas com certeza agora, as coisas estariam bem piores do que um dia foi o planeta azul.

   Na Terra inteira. Crianças cresciam sem perspectiva de comida, mães e casais recorriam a métodos clandestinos de contraceptivos que muitas vezes ocasionava na morte dolorosa da mulher, por não ser nenhum pouco seguro de se fazer. Já que, os métodos corriqueiros não se fazia mais eficaz, a espécie humana estava avançando, mais espertos rápidos e fortes. Uma pena não crescerem em um mundo de condições de se desenvolverem. Gerar uma vida havia deixado de ser motivo de alegria e havia dado lugar ao sentimento de tristeza e agonia. Por não possuirem condições nem um lar saudável para seu gene progredir em vida.

   Porque acham que o objetivo incansável da RDA é popularizar os humanos em Pandora?

   A Terra havia se tornado o pesadelo onde pais nenhum queriam ver seus filhos crescerem.

    Fome. Pobreza. O rico cada vez mais rico e o pobre cada dia mais faminto, desesperado, enlouquecido. Como sempre havia sido desde que o mundo era mundo. Só que ainda pior.

   Radiação em massa após a quarta guerra mundial, bombas nucleares destruindo províncias e civilizações inteiras. O que restou delas crescendo sequeladas, doentes, sem esperança.

   Crise econômica, política e mundial. Ninguém estava mais aguentando. Ninguém que havia tentado concertar a bagunça de nosso planeta havia conseguido.

   Exceto os cientistas da operação Avatar, exceto os exploradores espaciais da faculdade onde me formei. Que visaram um salto maior do que a perna, porém o único eficaz que tem dado resultado.

   Tommy Sully fazia parte de um projeto brilhante, que não somente trouxe esperança, como um objetivo para o que pessoas desesperadas como eu lutar.

    Povoariamos um planeta sustentável. Um solo novo, rico. Alimento em abundância, sem crianças doentes morrendo de barriga vazia, sem guerras raciais ou mundiais. Uma nova era para a raça humana.

   Pandora seria um refúgio.

   Porém, colonizar um planeta não seria fácil, todos sabiam disso. Mas estavam dispostos a tentar mesmo assim, afinal, o que eles teriam a perder? O que mais poderíamos ser arrancados de possuir?

❖ 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐨𝐫𝐥𝐝 𝐨𝐮𝐭𝐬𝐢𝐝𝐞 𝐄𝐚𝐫𝐭𝐡 | 𝐍𝐞𝐭𝐞𝐲𝐚𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora