፝֯֟⋆˖❛◌ ༾ཻུ۪۪⸙ 027 Vou Voar e o Céu Tocar

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[ capítulo dedicado a maravilhosa aspenjker e por todas as vezes que ela foi a primeira a correr para ler o capítulo ou que me deu um apoio surreal para continuar escrevendo. ❤️ Iloveu!! ]

A aventura e adrenalina que percorrem nossa pele enquanto vivemos em Pandora, é o suficiente para entorpecer nossas mentes a cada dia que passa.

Descobertas em cada passo, o vivido do rio, a força e vitalidade da cachoeira ao cair do alto. Os frios na barriga que sinto quando sinto o toque do azulado em meus braços, em minha mão, me puxando para correr junto dele na Na'ring viva que exercícia sobre nós domínio. As risadas entrecortadas pelo vento constante. Eu estou viva. Verdadeiramente. Completamente.

Mas ainda havia a guerra.

E não importa o quão longe estivessemos fugindo dela. Ela sempre achava um jeito de nós encontrar de novo.

Neteyam estava apreensivo, os ombros a minha frente erguidos de maneira arisca, as orelhas encurvadas para baixo, focinho e olhos dourados focados no chão gramado em nossos pés...

Fazia muito tempo que ele não saía em missões com os outros guerreiros do clã, desde o ataque da Palulukan e da vinda do povo céu para me matar, Jake o restringiu de maiores missões. Vai ver eu por si só já era uma guerra grande o bastante para manter o seu filho em perigo.

Isso me ardia. Me consumia por dentro, com a mesma sensação de ter meu coração devorado por esse sentimento, mastigado, em pedaços, contraído comigo e eu mesma.

O não pertencimento, a atenção de estar sempre em alerta, ser um perigo, não ser o suficiente pra viver nesse mundo gigante mesmo sendo um ponto laranja em meio a tanto verde. Com tantas feras mortíferas.

Mas eu ainda tinha o Neteyam.

Ele. O príncipe coroado de bravura e poder. O anjo azul que me foi reservado guardar a minha vida e me manter viva. Beijando minhas cicatrizes e me mostrando o jeito certo de viver.
Afinal, a vida inteira eu pensei que, por trás do holograma de um computador tecnológico, em pilhas de provetas e microscópios, ali eu pulsava em vida, em energia. As descobertas, os estudos, as coletivas com a imprensa.

Nada fazia mais sentido.

Não quando era com os pés no chão, minha pele tocando no gramado, na terra fresca, macia. Ao correr. Que eu sentia meus neurotransmissores realmente berrar para mim que assim, aqui. Aqui era realmente viver!.

Na terra eu não percebia o quanto a ciência me sugava, o quanto as noites de sono mal dormidas prejudicavam a minha saúde, como eu me desgastava em busca de um dinheiro que não possuía tempo ou cabeça para gastar.
A busca incansável no saber. A prisão de estar em um laboratório científico. A prisão da minha própria mente, escravizada por uma ciência mutável.

As amarras caiam, pouco a pouco se desvincilhavam.

Do que adianta ser uma cientista que estuda a vida? A microbiologia de seu planeta residente, se não possuímos tempo de nem se quer sair ao ar livre para respirar? As amarras do modo de vida eletrônico. A decadência. A dependência em tecnologias que nos tornam a cada dia mais distantes de quem nós fomos projetados para ser.

Ao pegar o Notebook, depois de meses sem tecnologia, eu senti um amargo na boca, um calafrio de quem percebe estar mexendo com algo prejudicial. Os aparelhos eletrônicos sugavam a nossa energia. Eles nos esgotam. Nós cansam. A luz exagerada. As teias de informações nos prendendo feito um inseto indefeso, que não consegue mais se soltar, muito menos se livrar.

❖ 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐨𝐫𝐥𝐝 𝐨𝐮𝐭𝐬𝐢𝐝𝐞 𝐄𝐚𝐫𝐭𝐡 | 𝐍𝐞𝐭𝐞𝐲𝐚𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora