፝֯֟⋆˖❛◌ ༾ཻུ۪۪⸙ 007. Chamado para Salvação

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Eu percorria o espaço e andava pelos galhos seguindo Neteyam, seu rabo se movia de um lado para o outro a medida que ele andava, sorrio ao encarar sua calda azul se mover, vez por outra batendo em sua extensão ou tentando pegá-la no ar. O bom foi ele ter levado na esportiva e se virar para trás algumas vezes, rindo da minha ousadia.

— Você me lembra o Spider quando menor…  

— Quem? — perguntei a ele. 

— Spider. Nosso amigo, ele é do povo do céu também... Mas... É bem mais jovem que você.

Paralizei com uma feição entediada.

— Ah, é? Tá me chamando de velha seu pivete azul? Pois fique sabendo que eu tenho 24 anos navizinho... — digo erguendo as sobrancelhas para cima. — E, espere aí. Então quer dizer que convive um humano em seu meio, mas é só a Doutora Sigrid aparecer, que todos caem matando em cima de mim?

Nateyam parou de andar. 

— Corine, você não entendeu… spider cresceu em nosso clã… Desde bebê, desde muito jovem… cresceu praticamente como um de nós. 

Pisquei algumas vezes. 

A pureza de uma criança convenceu vocês de que os humanos não nascem monstros? 

Neteyam umideceu discretamente seu lábio, acenando em afirmação. 

— Então por quê você não acredita também que eu sou uma cientista boa? — interroguei chegando bem perto de seu corpo, olhando para seus olhos lá de cima. 

Sem medo meus caros, sem medo. 

Neteyam não me respondeu, apenas vi seu pomo de adão subir e descer em sua garganta e ele dar dois passos para trás, se afastando com as orelhas abaixadas. 

— A tenda de confecção de cestos está bem aqui.

   Fechei os olhos sentindo o peito dolorido, mas logo tratei de seguir o azulado e adentrar oca a dentro. A dor uma hora para de existir se você a ignorar.

Mães e crianças teciam panos e trançavam palhas para cestos, os pequenos azulzinhos brincavam e corriam juntos enquanto as mulheres trabalhavam em conjunto, conversando e trabalhando em união. Nenhuma delas havia notado a minha presença, apenas depois que Nateyam pigarreou alto na tenda, todos os olhares foram direcionados a nós. 

Omaticameya thatsmu'kan.
(eu vejo você minhas irmãs) — Nateyam as saudou e eu fiz o mesmo com o jesto de deslizar os dedos pela testa.
— Estamos aqui para mostrar nossos costumes a Corine e ver em qual ela se encaixa para nós ajudar-

Um grito fino e agudo de uma criança interrompeu Neteyam.

Ask'ya arioru? — ele perguntou suavemente, com um meio sorriso entre os lábios. Provavelmente foi um,
"o que está havendo?". 

Ele é gentil… 

— Ela é perigosa, tem olhos radioativos não pode ficar aqui! Não pode! — a garotinha que no mínimo deveria ter os seus cinco anos de idade exclamou assustada, apontando em minha direção. 

Ah não. 

A garotinha que veio me ver enquanto eu estava presa no tronco com cipós. Ela e T'haka foram as primeiras da tribo com quem eu tive contato na floresta.
E eu fui miseravelmente sarcástica e irônica, não só com T'haka como também a garotinha. Dizendo que eu era perigosa.

Tampo a boca rindo discretamente negando, sentindo uma onda inegável de humor me dominar. Toco no antebraço de Neteyam e o irmão mais velho se atenta a mim, com seus olhos amarelos caindo em minha direção. 

❖ 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐨𝐫𝐥𝐝 𝐨𝐮𝐭𝐬𝐢𝐝𝐞 𝐄𝐚𝐫𝐭𝐡 | 𝐍𝐞𝐭𝐞𝐲𝐚𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora