፝֯֟⋆˖❛◌ ༾ཻུ۪۪⸙ 014 Onde Eu Pertenço?

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Meus ombros foram cobertos por um tecido macio e pequeno que retém o calor do meu corpo para mim mesma me aquecer, eu bebericava um chá calmante e estava dentro da tenda de Neteyam junto de Ninat que fazia o mesmo, quando já havia caído a noite....

Espere só a mãe dele saber que havia duas garotas na tenda do príncipe, e uma delas humana ainda por cima. Ela ficaria selvagem....
Mas em minha defesa! Ele que incistiu, e eu honestamente não conseguiria dormir em paz antes de tomar uma boa xícara de chá, céus, a quanto tempo não tomo um chá? Esse era misteriosamente bom, amargo e doce, feito Hibisco.

— Eles vão voltar? — Ninat me olha enquanto assopra a fumaça de seu chá, temerosa. Probrezinha

— Eu não sei Niná... Eu não sei...

— Nina? — ela tomba a cabeça para o lado me encarando em confusão.

— É, um apelido. — Neteyam logo se apressa a explicar, nós duas olhamos para ele — Que foi... Ela me ensinou. — logo ressalta enquanto bebe seu chá também.

Eu o julgaria de fofo se não estivesse brigada com ele ainda...

— Mas temos que contar para o Oloek'tan o que houve hoje. — Ninat diz e eu acenei que sim.

— Sim não se preocupem eu... — ele nos olha parecendo relutante — Eu vou contar.

Passamos alguns instantes em silêncio, os três apenas sendo iluminados pelo grande pote de vaga-lumes no centro de cabana que eu peguei para improvisar uma lâmpada, funcionou levando em conta a intensidade do brilho deles.

— Posso ir com você contar também?.

Se fosse a tempos atrás eu nem precisaria perguntar, mas aprendi do jeito mais difícil, que preciso respeitar a cultura onde estou inserida. E se isso contasse ser mais educada e cautelosa, eu seria para manter a paz. Afinal, preciso entender o que é importante para eles. Por mais que não seja para mim...

Neteyam me observou a sua frente erguendo as pontas de suas orelhas pontudas, subindo o cenho em sinal de surpresa.

Bem, acho que eu passava de uma impressão mal educada impulsiva para ele antes de hoje...

— Claro... Como quiser. — desviou o olhar apoiando seus cotovelos na sua coxa torneada logo abaixo, em perna de índio.

— E eu assumirei a culpa dessa vez. — garanto, séria — Não se preocupe.

Neteyam negou minimamente, deslizando a língua por seu lábio inferior, estava levemente ferido e inchado pela briga recente, eu só não queria que minhas pálpebras  tivessem caído tanto com a visão a minha frente, em uma expressão suavizada, agradada.

— Não vai adiantar. Ele vai olhar para mim e dizer "Neteyam, você é o mais velho, aja como tal." — ele fez uma voz grave gesticulando no ar, eu reviro os olhos e estalo a língua no céu da boca.

Me levanto e agarro seu braço. Olhando em seus olhos amarelos.

— Só que eu. — enfatizo apontando para meu peito, fazendo ele subir o olhar para mim, por ainda estar sentado.
— Sou a mais velha agora. Okay?

Não queria ter soado autoritária, não quando sabia que eles odiavam isso.... Mas, foi preciso, foi necessário me impor de uma forma que Neteyam veja que pelo menos comigo ele não precisa bancar o mais velho, não precisaria agir assumindo a culpa de tudo, muito menos do que ele não fazia acontecer...

— Não precisa se explicar, eu estarei ao seu lado e também vou falar...

Foi loucura dizer que eu vi Neteyam fazer a mesma expressão que eu fiz quando olhei seu rosto? Aquela cara agradada, suavizada, as pálpebras levemente caídas enquanto os olhos se iluminavam de um jeito diferente, os lábios amenos, a energia de quem gostou do que via e ouvia...
Só pode ser coisa da minha cabeça.

❖ 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐨𝐫𝐥𝐝 𝐨𝐮𝐭𝐬𝐢𝐝𝐞 𝐄𝐚𝐫𝐭𝐡 | 𝐍𝐞𝐭𝐞𝐲𝐚𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora