፝֯֟⋆˖❛◌ ༾ཻུ۪۪⸙ 022 Constelação Azulada

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Se antes eu dizia que Neteyam andava me evitando e fugindo de meus olhares, agora eu posso afirmar com propriedade ele ter sumido do mapa, nem rastros ou pegadas.
O seu cheiro característico de folhas e menta, seus olhares de canto. A Ikran dele sobrevoando sobre minha cabeça. Nada. Sumiu.

Faz um dia desde o episódio na floresta. Eu o vi no dia da minha caça sorrindo e com os cabelos úmidos de um banho de rio recente. Orgulhoso de mim junto ao clã, pois naquele dia os homenageados pelo almoço estavam comigo em sua equipe.

Jake citou nossos nomes, o yarik temperado e cortado em porções, junto dos outros nutritivos alimentos. Naquele dia até Ak'rot se sentou para comer comigo, ele e sua irmã mais nova. Eu sorri contente e fiz piadas estúpidas, apenas para eles não se arrependerem de terem ficado ao meu lado, e eles riram. Gostaram de mim.

— Sabe.... Nenhuma Na'vi me enfrentou como você fez no dia em que nos conhecemos.

— Ah, é? — o ouço e mordisco novamente minha comida.

— Sim, e você, mesmo com meio metro soube muiro bem como me intimidar.

— Alguém de meio metro o intimidou? — começo a rir — Talvez você não seja um guerreiro tão valente assim afinal, Ak'rot. — o provoco.

Ele dá um risinho.

— Talvez não. Mas talvez eu seja bem mais que isso.... Assim como você deve ser, bem mais que uma humana assustadora, não é?

— Hah... — rio sem jeito sem graça, dando um sorriso forçado com a comida em mãos e tentando ver um jeito de contornar aquilo. Era um flerte? Porquê raios agora Ak'rot estava flertando comigo?!

Gostava bem mais quando erramos só inimigos... Qual é.

Mas eu mal estava dando bola.

Estava olhando para Neteyam, mesmo de longe, a sensação era de como se eu pudesse o sentir por perto estando a distância, uma hora o vi passando a mão atrás de sua orelha e quando notei seu olhar sobre mim, pisquei sutilmente o paquerando de longe, ele arregalou os olhos e pareceu estar com o rosto quente pela forma que ficou.

Mas eu sentia saudades...

Senti saudades dele. Mesmo que em um dia sem vê-lo. Talvez porque não sabia e nem tinha perspectiva de quando o veria de novo. Fiquei mexida com o que rolou nas últimas vezes que estávamos juntos. Pela noite em minha cabana, e por nossa caçada pela manhã... Toda vez algo maior que nós mesmos parecia se apossar do clima e nos puxar para perto como um imã de magnetismo vicioso, necessitado.

E eu talvez estivesse começando a saber como lidar com ele... Os sinais estavam cada vez mais claros para mim.

Por mais que ele não passasse de um gatinho assustado agora. Ele ainda era um garoto afinal.
E eu teria que mostrar a ele, que eu sou uma mulher.

— Porque tá me olhando assim, você já deve ter invadido a teia de outra aranha Lakun também.... — converso com a aranha que passeava por meus vestidos, na arara de madeira que improvisei algumas luas atrás.

Era engraçado a amizade que eu havia formado com o aracnídeo, mas ela era livre, e não ia embora por vontade própria, vai ver ela gostou de mim tanto quanto eu gostei dela. Nós duas chegamos juntas aqui, e se eu não parti, ela também não iria fazer isso.

— Agora me diz, eu tô bonita? — pergunto jogando o cabelo ruivo para trás, estava penteado e cacheado, as ondas não me abandonavam por nada, eu particularmente gosto deles, fazem eu não me esquecer de quem eu realmente sou.

❖ 𝐓𝐡𝐞 𝐖𝐨𝐫𝐥𝐝 𝐨𝐮𝐭𝐬𝐢𝐝𝐞 𝐄𝐚𝐫𝐭𝐡 | 𝐍𝐞𝐭𝐞𝐲𝐚𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora