16- Yours.

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Oi gente! Tudo bem ?

Eu estou em um mini surto criativo então já voltei por aqui mais uma vez!
Sejam bem vindos a mais um capítulo!
Espero que gostem e beijo no coração de todos! 💚

🎶 I wanna be yours - Artic Monkeys

🎶 I wanna be yours - Artic Monkeys

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Charlotte Vøn Ripley pov.

Eu não costumava reclamar, eu havia sido criada assim.
"Uma boa moça não reclama do que é dado a ela"
Eu podia ouvir as claras palavras na voz de minha tia.
Mas depois de uma noite de estudos e ter apagado sobre meus livros, eu oficialmente tinha uma dor nas costas equivalente a um idoso.
Meu corpo estava dolorido e indisposto para o encontro de hoje.
Aliso o vestido floral abaixo do joelho sobre o espelho e arrumo meus cabelos escuros com os dedos, suspirando contragosto.
Aquilo era precoce demais.
Eu já havia chorado o bastante, e se minha tia visse meu rosto inchado nas fotos do primeiro encontro com meu noivo, eu estaria ferrada com suas perguntas.
Não havia mais tempo para lamentações.
Suspiro encarando minha cama intacta depois de uma noite dormida sobre uma pequena cadeira e uma noite sem Dick.
Era muito fácil me acostumar com coisas boas, e eu havia realmente gostado de dormir com Dick, com seu corpo grande e quente, eu me sentia protegida.
Minha tia não poderia me arrancar de seus braços.
Mas eu não achava certo me deitar com um homem e me encontrar com outro no dia seguinte. Então nós apenas fugimos um do outro no dia anterior, mesmo com a promessa de que nos veríamos depois.
Era melhor assim.
Resmunguei ao calçar o sapato de salto alto branco, seria uma longa manhã.
Ouço batidas suaves em minha porta.
Brion iria me buscar já que seu irmão me aguardava no jato real, era o que as boas maneiras sugeriam. Ainda que honestamente, eu estivesse cansada de Brion. Seus modos ensaiados e o sorriso sempre colado ao seu rosto.
Éramos bons amigos na infância mas agora tudo sobre esse casamento era cansativo.
Abro a porta e forço um sorriso brilhante para ele.
- Bom dia, Brion. — cumprimento-o e ele força uma reação exagerada.
- Bom dia, Princesa. — diz varrendo os olhos por meu quarto.
Ele estava procurando por rastros, qualquer mínimo indício de que Dick havia estado lá.
- Não gostaria de chegar atrasada, vamos ? — sorrio e ele me estende o braço.
- Está ansiosa ? — pergunta ele assim que entramos no elevador.
Não.
- Claro, será um prazer reencontrar Gregor depois de tantos anos. — sorrio.
- Ele está animado sobre isso.
- Nós dois estamos então. — eu sentia o amargo dessas palavras em minha boca.
Entrei na limousine com as bandeiras de meu país e de Markovia. Fiquei aliviada com o silêncio que se estabeleceu naquele carro. Assim pude ver as ruas, o movimento das pessoas e dos carros sem mais confusões em minha mente.
Gotham não era uma cidade bonita, era uma cidade cinzenta e poluída, mas eu estava lentamente aprendendo a amá-la. Não por suas paisagens, mas sim pelas pessoas nela. Eu me preocupava com o fato de ter que abandoná-la algum dia.
Em seis meses, eu deveria começar a me desapegar de Gotham, já que eu iria me casar, e um reino não toleraria um casamento sem herdeiros.
Senti meus olhos queimarem e encarei o teto, evitando minhas lágrimas.
Nada poderia ser usado de munição para me considerar não apta.
Eu tinha um dever e uma missão.
Suspirei assim que o carro estacionou frente ao jato com o enorme brasão da família real de Markovia estampado em seu casco.
"Não há nada que você não possa fazer, Princesa" penso usando as palavras como um mantra.
O caminho havia sido mais rápido do que eu gostaria.
Sorri e cumprimentei todos os funcionários que me aguardavam a postos e segui com meu braço entrelaçado ao de Brion escadas acima.
Sorri para o piloto, a equipe de bordo e segui pelo espaçoso corredor, onde o rei de Markovia me esperava com um grande sorriso.
Gregor era um homem muito bonito, mas muito diferente de Brion, ainda que fossem gêmeos.
Ele tinha cabelos castanhos e olhos azuis, era alto, forte e vestia trajes oficiais.
- É um prazer. — sorri ele e segura minha mão, e eu suavemente o reverencio.
- Obrigada pelo convite e pelas flores. — sorrio.
- Sua tia me disse que você gostaria delas. — comenta. – Espero que não tenha achado muito extravagante.
Foi extravagante.
- Eu as adorei, muito obrigada. — sorrio.
- Vamos nos sentar, por favor. — diz ele e nós sentamos frente a frente. – Brion, meu irmão, agradeço por trazê-la, mas você pode voltar para suas missões.
- Não há problemas. — responde Brion descendo as escadas.
Não era apropriado que ficássemos sozinhos. Na verdade, não era apropriado que nenhum homem ficasse sozinho comigo.
Mas Dick era a exceção a regra.
Deus, eu nem queria pensar em nada sobre ele, eu me sentia terrível.
- Gostou do anel ? — perguntou Gregor e eu mostrei minha mão que se contrastava com o anel com o enorme diamante em seu centro.
Eu não havia gostado do anel.
- É maravilhoso, de muito bom gosto. — sorri. – Obrigada.
- Eu gostaria de tê-lo entregado pessoalmente mas sua tia achou que seria bom já deixá-la com ele, para a mídia. — comentou.
Nosso casamento era público afinal.
- Minha tia é uma boa conselheira. — respondo.
- Você já pensou em algo a respeito do casamento ? — perguntou.
Definitivamente eu até mesmo evitava esse assunto.
- Eu pensei em uma cerimônia mais intimista talvez. — digo. – Você já pensou em algo ?
- Uma festa grande nos jardins do palácio. — sorriu animado. – E sobre herdeiros ? — perguntou e senti meu rosto queimar como uma fogueira.
Eu sabia que eram assuntos a serem tratados mas não sabia o quão estranho seria falar sobre.
- De repente um, ou dois. — sorrio sem graça.
- Seria melhor que tivéssemos uns cinco, uma casa cheia! — respondeu ele.
Deus, isso era um desastre...
Éramos completamente opostos.
- Qual é a sua cor favorita ? — perguntei para desconversar.
- Laranja, e a sua ?
- Azul. — respondo.
Laranja e azul eram cores complementares, isso significava que até mesmo as cores pareciam zombar de nós já que eram opostas.
Mas Gregor não parecia se incomodar com isso, ele dava largos sorrisos e comentava algo a cada prato que era depositado a nossa frente.
- Onde você gostaria de morar ? — pergunto a ele.
- Podemos construir um castelo enorme na divisa dos dois países. — comenta. – Algo esplendoroso que represente a união gloriosa de dois países por amor, minha querida.
"Amor".
Eu sei que deveria ser grata por ser uma princesa sortuda. Eu já havia ouvido histórias de princesas que haviam se casado com velhos cruéis e tinham vidas ruins.
Minha vida não seria ruim, Gregor tinha quase a minha idade, era sorridente, animado e não me poupava de elogios.
Mas éramos completamente opostos, e isso não soava como se nossas diferenças se complementassem.
- É um grande plano. — respondo simples bebericando meu chá.
- Podem nos dar um tempo, por favor ? — pergunta ele aos funcionários. – Somos noivos, vamos ficar bem.
Naquele ponto, eu já me encontrava apertando o encosto da aeronave.
Assim que todos os funcionários nos deixaram a sós, cocei minha garganta desconfortavelmente.
- Tem algo que eu preciso te contar. — diz ele. – Eu já tenho alguém.
Oh, isso foi um grande balde de água fria.
- Oh, então...
- Eu não pretendo me separar dela. — diz.
Eu já tinha uma sutil ideia de que aquele casamento seria condenado desde a primeira vez que beijei Dick Grayson mas agora, eu me sentia estranhamente feliz.
- Nós poderemos fazer isso funcionar ? — pergunta ele. – Você pode ter alguém depois que nós casarmos também, desde que os herdeiros sejam meus.
- Você tem total certeza de que quer se casar comigo ? — pergunto. – Digo, você é rei e pode se casar com seu amor.
- É o melhor para nossos países. — disse cabisbaixo e eu assinto. – Sei que você também precisa se casar para assumir ao trono, poderíamos nos ajudar.
- Em um casamento falso em que possuímos outras pessoas. — concluo.
- Olha, eu sei que isso é mais do que eu deveria te pedir. – coça a garganta desconfortavelmente. – Você é uma mulher linda, Charlotte, mas eu estou apaixonado.
Por um lado, um lado que era ocupado pelos constantes pensamentos que minha tia impunha em minha mente, eu me sentia mal que não teria um casamento estável, amigável e leal como eu imaginava. Mas por outro lado, um lado que havia sido criado em minha mente recentemente, eu me via feliz sem a pressão de tentar sustentar um amor arranjado.
Era quase aliviante.
- Você consegue lidar com isso ? — pergunta ele.
Eu conseguiria ?
Eu não sabia, mas aquilo definitivamente era melhor do que um velho que me abusaria todas as noites.
- Tudo bem. — sorrio amarelo.
- Você não sabe o alívio que me traz. — sorriu ele segurando minha mão.
Eu via nossas alianças de noivado juntas em nossas mãos e aquilo me revirava o estômago.
Éramos mentirosos, e eu odiava a mentira, a falsidade.
- Eu tenho um compromisso agora, então...— me levanto. – Foi um prazer, majestade.
- Obrigado, Princesa Charlotte. — disse ele. – Eu serei um bom marido, eu prometo a você.
- Obrigada por isso. — digo me despedindo. – Até logo.
Virar as costas para Gregor era um alívio.
Eu não sei até onde eu arrastaria aquela conversa e seu baque.
Eu gostaria de gritar, de frustração, revolta e alívio também.
- Obrigada pela companhia, Brion. — me despeço no fim das escadas.
- Não gostaria de companhia até a faculdade ? — pergunta ele.
- Não precisa se incomodar, eu insisto. — tranquilizo-o.
Eu precisava ficar sozinha e processar tudo aquilo.
Suspirei aliviada assim que adentrei o carro e retirei aqueles saltos doloridos.
- Você está bem, Princesa ? — perguntou o motorista.
- Ah, sim, obrigada. — respondo. – Pode me levar até a faculdade por favor ?
- Pensei em te levar para um lugar melhor.
- Perdão ? — arregalo meus olhos e assim que ele tira a boina e os óculos, reconheço os olhos azuis vibrantes e automaticamente sorrio aliviada.
- Oi, Princesa. — diz ele.
- Oi Richard. — sorrio largo.
- Cheguei em boa hora ?
- Você sempre chega. — respondo jogando os saltos no banco de trás e me esgueirando para o banco do passageiro.

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