— Vem logo, Justino. — Gaspar gritou do andar de baixo.
Constança olhava o senhor Gomes e balançou a cabeça negativamente.
— Ele não desceu nem para jantar ontem, nem para comer hoje de manhã. — ela contou olhando o homem e alternou vendo a empregada. — Vá chamar ele. Ande.
A empregada que estava ali para vigiar os dois, subia contrariada.
— Eu posso subir? — apontou.
— É claro que pode. — Constança sorriu impressionada.
Gaspar começou a subir as escadas e viu a empregada à porta do quarto do amigo.
— Vamos, Justino. Pode nos deixar a sós?
O senhor Gomes esperava que a funcionária saísse para que ele pudesse falar.
— O que aconteceu? — deu um tapa fraco no rosto dele.
— Estou mal disposto. Dor de barriga.
— Mentira que a sua irmã disse que nem comer você comeu.
— Talvez seja por isso.
— Fala logo. Ou melhor, não fala, não importa. O que importa é que hoje é a noite de estreia da dançarina nua.
— E a despedida de solteiro do meu pai. — resmungou.
— É. É. — dizia em tom agudo. — Por isso mesmo você precisa levantar esse ânimo, afinal, uma puta nova, seu pai nem vai conseguir meter nela, compra ela.
— Eu não estou disposto. — levantou da cama.
— Para com isso. — gritou grosseiro. — Seja homem.
Justino se apoiou no espelho do armário e depois de muito encarar concordou com a cabeça.
— Puta nova. — proferiu animadamente e bateu as mãos felizmente. — É tudo o que eu preciso para esquecer esses problemas.
— Terno novo? — apontou para o cabide.
— Para o casamento amanhã.
— Meu pai deve estar indo buscar os nossos agora, acompanhando mamãe.
— Enfim, a puta.
— Dançar nuinha. Já estamos fazendo lista para quem vai deitar com ela primeiro. — apontou.
— Quem vai levar essa lista a sério?
— Dona Olímpia. Vamos.
Justino e Gaspar correram para o bar do senhor Camilo, o Belaguarda.
Os coronéis deixaram o bar e foram diretamente para o bordel, ao contrário dos mais jovens. Gaspar e Justino continuavam no bar bebendo.
Severino servia as últimas doses de cachaça. Gregório se ocupava de limpar o bar enquanto Camilo contava a caixa.
— Vem Severino, eu te faço esse favor. — Gaspar ria já um pouco bêbado.
Era costume de Justino e Gaspar se alcoolizarem nos bares mais baratos antes de seguir para o cabaré. O champagne na casa de prostituição era demasiado caro, havia que ter uma saída mais barata.
— Que isso, senhor Gomes?
— Senhor Gomes. — riu. — Gaspar. Este bar já é minha segunda casa.
— Isso alegra meus ouvidos. — Camilo fechava a caixa. — Mas Severino terá que ficar aqui a noite inteira.
— Por favor, — zombou. — o bar já está fechado e ademais, hoje é uma noite especial.
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Magris A história de uma cidade
RomanceMagris: A historia de uma cidade se trata de um mundo mágico dominado há dez séculos por uma família originalmente bruxa, contudo Magris é uma das poucas cidades que está terminantemente proibida de fazer uso da magia ou da manipulação dos elementos...