XXXIII: A arte de convencer

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B'onifácia saía de casa escoltada, novamente ficava sentada à espera do rei. Mas desta vez não era o mesmo lugar de espera. O corredor não tinha guardas aos montes, apenas um. O que era estranho. Ficava de frente a um longo corredor de colunas que deixavam ver a altura que estavam, via todo o pátio colorido abaixo. Via cada decoração de efeitos florais e marinhos. 

— Deixe que entre. — mandou James quando soube que a menina já tinha chegado e estava à porta à espera de uma entrevista pessoal com ele.

A menina passava pelo guarda com um sorriso contido, e sempre abusado. Encontrava o rei sentado despojadamente sobre um sofá largo. A blusa dele estava aberta e não usava calçado. Ele bebia uma taça de vinho e a seguia com o olhar.

— É a destruidora de casamentos. — sorriu com carisma. 

— Meu rei. — fez uma vénia. — Não era minha intenção, inteiramente, destruir aquele casamento daquela forma. Mas tinha que ser feito. 

— Fez mal. — se sentou e se dobrou sobre os joelhos. — Melhor seria ter vindo a mim. Eu iria resolver o problema da melhor forma. Se você sabia da existência de minha filha antes de eu mesmo. 

— Por isso eu vim. Reconheço meu erro. — o olhou nos olhos. 

— Veio pedir ajuda. Consigo perceber. — zombou, mas se conteve.

— Eu vim. — encolheu os ombros sem a intenção de inventar outra história senão a verdade. 

— E o que você pode dar em troca? — mordeu uma uva e deixou a taça. 

— Eu preferiria que o senhor escolhesse o que quer de mim, pois eu não vejo muito o que lhe posso oferecer. Senão a realidade que já lhe entreguei quando impedi vossa filha de casar contra sua vontade.

— Senta aqui. Você fala como se tivesse me feito um favor, não fez. — indicou o lugar com os olhos. — Você é muito abusada. — tirava o cabelo dela dos ombros. — Mas eu gosto. 

— O que eu vim lhe pedir, senhor, é uma ajuda para meu próprio casamento. — sorriu docemente ao olhá-lo. — Havia algo que pudesse fazer, não é? — seu tom de petição fez James sorrir. 

— Por que a obsessão de casar? — franziu com tanta história de casamento, sua filha saía de um altar pronta para subir em outro, depois Martin com a filha do dono do bar e agora essa pirralha que nem deveria ter pelos ainda já queria um marido. Uma terra estranha Magris era realmente. Ele mesmo havia casado cedo, era verdade, mas ele era rei, tinha deveres, agora este povo que não seguia a modernidade e atualidade o fazia questionar a si mesmo o porquê. — O que busca?

— Posição, dinheiro e poder. 

— Eu sei como te ajudar. — puxou a mão dela retirando a luva. 

— Eu sei que sim. — deixava ser beijada. 

Não era intenção deixar que o monarca usasse seu corpo, não queria chegar a isso, mas o rei tinha o olhar quente e era bonito. A pele morena era bonita e atraente, aqueles cabelos escuros e ondulados eram cheirosos e o corpo dele era jovem, assim como ele, que não passava dos quarenta anos. 

Bonifácia se afastou repensando o que estava fazendo e olhou os lábios dele.

— Eu vou te dar o que você quer. — beijou-a novamente. 

Voltou a parar e a olhá-lo em um todo, abaixou o olhar um pouco envergonhada e fez que "sim".

— Fica nua para mim. — ordenou e se encostou no sofá.

A jovem franziu o cenho com receio e concordou com a cabeça. 

— Eu... — tocou o pescoço dele. — Eu nunca fiquei nua na frente de homem nenhum. — confessou sentindo-se levemente envergonhada pelo excesso de luz e ausência de confiança entre os dois. 

Magris A história de uma cidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora