XXXI: A presença Grint

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O dia amanheceu frio diferente dos outros dias. Clotilde foi a primeira a acordar e começou a coar o café. O cheiro fez que Gregório saísse do quarto, já estava acordado, mas esperava que a porta do quarto de Cordélia girasse. 

Se sentou à mesa e serviu mais café para sua tia que ainda tinha cara de sono.

— Que confusão. — ela comentou depois de um tempo os dois ficarem se olhando em silêncio. — Que gosto caro, Gregório. 

— Eu sinto muito. Era minha intenção fugir, não queria prejudicar ninguém. 

Ela encolheu os ombros e sorriu. 

— Se quer me ajudar, coloque a mesa. Eu vou acordar seu tio. — tocou no ombro do sobrinho.  — Quando o Grint chegar, temos que estar todos preparados para o que ele vai dizer. 

— Desculpa, tia. 

Clotilde tocou o rosto dele, passou os dedos sobre os machucados e abaixou o olhar. 

— Gregório não se desculpe mais, perdão não apaga o passado e nunca se deve arrepender pelas escolhas que se fazem por amor. 

— Isso significa que me perdoa? Não estraguei o negócio da família? — franziu. 

— Bom, tudo vai ficar difícil com o rechaço dos coronéis, mas vamos conseguir. Seu tio vive falando que as fofocas fazem a clientela, que maior fofoca senão a fuga da herdeira Santos? Não mais Santos, Grint. — sorriu e abraçou o menino. 

— A senhora é boa demais para mim. — refletiu escondendo o rosto na barriga dela. 

— Não sou não. Vai colocar a mesa e vai lavar e guardar tudo sozinho. Quero essa cozinha limpa. 

— Isso não vai ser um problema. — sorriu.

Camilo vinha sonolento e encontrou já a família reunida à mesa. Cordélia tinha trazido a cadeira do quarto e na mesa quase não havia espaço. Ele franziu o cenho e bocejou. Se espreguiçou e sentiu ser beijado pela esposa. Se sentou olhando para todos e a esposa servia o café. A cozinheira acariciava o pescoço do marido e sorria. Ele elaborava um pão com queijo de cabra e mortadela. 

— Vou aproveitar o silêncio para avisar que eu estou noivo. — Severino informou e bebeu café. 

Todos o olharam com um ar cômico. 

— Mandei pagar o terno ontem. Daqui a cinco dias eu espero que todos vocês estejam presentes. — olhou para a mãe que retribuía o olhar com um ar desacreditado.

— Cinco dias, mas como cinco dias? — Clotilde perguntou e depois riu. — Está brincando, não é? 

— Ah, para quê casar? Eu não quero mais problemas. — Camilo balançou a cabeça negativamente e descansou o rosto sobre o pulso. Bocejou e girou o copo do café vendo o vapor subir e fazer exalar o cheiro.

Gregório e Gertrudes se olharam envergonhados e voltaram a abaixar a cabeça. Ela não usava luvas então Gregório se atreveu a tocá-la por baixo da mesa. 

— É uma brincadeira. — Cordélia apontou. — Ele está brincando! — riu. — Olha o sorriso dele, ele está brincando. 

— Eu estou sorrindo porque estou feliz. — o negro ria e se servia de um pedaço de bolo. — Eu vou casar. Eu fui pedido em casamento. 

Cordélia gargalhou ainda mais. As gargalhadas da irmã mais nova eram seguidas pela mãe e depois pelo pai. 

— Nesta terra? Nesta terra você foi pedido em casamento? E quem é a coitada? 

Magris A história de uma cidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora