XXIX: Um escândalo atrás do outro

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Martin acompanhava James onde ele ia, de casa a casa, comentando cada crime que tinha visto e que tentou impedir. 

Mostrava a casa do coronel Ferreira e contava todo o assassinato da dona Madalena e da rejeição do herdeiro Tebaldo. 

— O menino dele foi chutado para o bordel. 

— Aqui ainda tem o bordel? — levantou as sobrancelhas surpreso. 

— Eu até tentei dar um teto ao garoto, mas ele já tinha ido para o cabaré e ficou por lá mesmo. Vá buscá-lo, Leandro. — apontou ao jovem menino que o seguia.

— Vou buscar não. — o rapazola dizia encolhendo os ombros. — Tebaldo desapareceu ontem. Fugiu com a dançarina, sabe não? 

— Fugiu? — arregalou os olhos. 

— A dançarina ia se apresentar ontem, mas aí perceberam que os dois tinham sumido, aparentemente estavam de chamego. 

— Que azar... Com o senhor aqui, ele não se recusaria a prestar depoimento. 

— Ele negou prestar depoimento a favor da mãe? — franziu confuso com tudo o que diziam.

— Ele não se recusa, o delegado é que só regista crimes que o intendente Marques permite. Eu mesmo quase fui baleado dentro da delegacia. Fora o livreiro Tarcísio que foi baleado em seu estabelecimento para ajudar uma jovem a sair da cidade e quase morreu. Quando fomos depor contra o coronel Almeida, o delegado se opôs e mesmo reportando o crime, o arquivou. 

— Esse livreiro é quem cometeu o crime de falsificação? 

— Não, senhor. — suspirou insatisfeito. 

— E o senhor foi sequestrado? — Leandro cutucou o loiro. 

— Você foi sequestrado? — James arregalou os olhos. 

— Me impediram de chegar aos debates. Todos têm a certeza de que vou perder as eleições. 

— Não quando eu estiver aqui. — iam cumprimentando as pessoas na rua. 

— Eu quero vencer com votos limpos, e não por estar abaixo do seu nome, por favor entenda. 

— O senhor é jovem, logo aprenderá que voto limpo, voto sujo não importa. Até porque, esta é uma das poucas cidades que não é diretamente governada por um Grint.

— Eu sei, mas se quero ser justo tenho que ser escolhido por justiça. 

James riu. 

— O senhor vai me apresentar a menina especial ou não? A criminosa bonita.

— Por aqui. — indicou a rua. — Mas aviso, além de estar noiva seu coração está reservado e sua guardiã é uma fera autoritária. 

— Me lembra uma história que já vivi. Mas naquela época eu era o dono do coração em questão. 

— E o que aconteceu? — seu tom tranquilo buscava uma distração dos absurdos que contava ao monarca.

— Você ainda estava em fraldas quando eu vim a Magris comemorar minha coroação. Eu me apaixonei perdidamente por uma jovem desta cidade, um azar. Pois vejo que anos depois continuam com o mesmo estilo e mesmos conceitos. — olhou tudo chateado e com certo desprezo.

— Mas conte o final. — o olhou acenando ao redor. 

— A moral dessa cidade levou ao fim do nosso amor. Acho que até me casaria com ela se a encontrasse de novo. — riu de lado. — Que estranho. — apontou à casa grandiosa. 

Magris A história de uma cidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora