Gertrudes correu para se sentar ao lado de Josefina. Vinha puxando Cordélia e via Gregório entregar as bebidas em bandejas prateadas.
Seus olhares eram tensos e urgentes.
— Vocês chegaram tarde. — contou a menina Marques ao ver a viúva de Santos se sentar ao lado de Irina Gomes. — Valentim pediu minha mão para uma dança, disse que queria falar com vocês antes de dançar.
— E o que há?
— Acho que meu avô quer me casar com o menino Crives, o Justino.
— Eu nunca mais o vi. — Cordélia esperava que alguém passasse com um refresco.
— Onde o veria? — franziu.
— No bar, na saída dele. Afinal, Justino é um cliente assíduo do estabelecimento de mulheres. Bom, era. Nunca mais foi ao bar e não me parece que tenha ido ao bordel. — sussurrou baixinho.
— Pois. E nem vir fazer a corte ele veio. Veja só. — levantou e aceitou ser levada por Valentim.
Cordélia e Gertrudes se olharam.
Martin e Ariedes entraram pelo salão e se sentaram perto da saída da área de refeição.
— Eu não vejo motivo para baile. Depois de um absurdo o que aconteceu...
— Ainda bem que Francisca se foi. Agora eu imagino é como. Como conseguiu escapar?
A herdeira Santos encolheu os ombros e voltou a seguir Gregório com os olhos.
As duas viam Martin chamar Filomena para dançar. Ela recuou um pouco, todavia o pai permitia uma vez que não tinha nenhum laço com o coronel Marques.
Ariedes também era empurrado para cima de Constança, que tinha vindo na companhia do pai e da madrasta.
Logo chegava Justino sozinho. Ele passava olhares pesados para a madrasta que tentava disfarçar.
Vicente convidava Cordélia para dançar, logo após Gertrudes ser levada por Gaspar. A menina Santos tentou recuar, não tinha nenhuma pretensão de passar tempo com o menino Gomes. Não deixava de olhar o garçom, ansiosa pela presença dele naquela noite. Deveria se encontrar com ela no jardim, pensava se a beijaria novamente e sentiria aqueles calores desesperados.
Luciana sorriu amargamente ao ver que ninguém lhe chamava para dançar. Nem os feiosos do final da pirâmide social. Antes, era ela e Silvana toda a noite, mas agora nem justificação Silvana dava para sua falta no baile.
— Talvez seja melhor parar, não? Dançando assim eu fico até sem ar. — Gertrudes tentava arranjar formas de fugir de Gaspar.
— Mas a gente só dançou duas vezes.
— Minha avó disse que não é prudente dançar mais de duas vezes com um senhor. Saberá.
— Eu mesma irei falar com sua avó. Ela permitirá.
— Por favor, me deixe descansar um pouco. — pediu com toda educação.
Gaspar sorria ao ver os olhos coloridos e acompanhou-a de volta à sua mesa.
— Me permita a próxima dança? — Martin apareceu ao lado de Cordélia.
— Por que deveria? — franziu debochando dele, mas aceitou ser levada.
A música diminuía de frequência e ficava muito mais calma.
— Me perdoe se lhe ofendi no outro dia. — sussurrou bastante acanhado, já estavam quase no final da dança, mas não queria que acabasse, tinha que a fazer ficar para uma próxima. — Mas confesso que não consigo esquecê-la com aquele vestido curto, ainda me lembro de quando seus cabelos tocavam a lombar. Seu cheiro é atraente, não consigo tirar meus olhos dos seus ombros nus.
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Magris A história de uma cidade
RomanceMagris: A historia de uma cidade se trata de um mundo mágico dominado há dez séculos por uma família originalmente bruxa, contudo Magris é uma das poucas cidades que está terminantemente proibida de fazer uso da magia ou da manipulação dos elementos...