Emergência na Rua

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__ Sou Stella Novak, torcedora santista e fã do futebol. Não quero que mulher nenhuma passe por isso, nem santista, corinthiana ou torcedora de qualquer outro clube. Peço a todos os torcedores santistas e de outros times, que não crucifiquem o clube do Corinthians e sua torcida num contexto em que apenas uma pessoa errou. O Corinthians não me deve desculpas em hipótese alguma, não os culpo, e tenho a plena consciência de que o clube e os demais torcedores não são os culpados. Agradeço o convite para conhecer a arena do time de Itaquera, mas se ru aceitar, estarei indo contra o meu pensamento e estarei me aproveitando da situação para usurfruir de algo tão grande. Se eu aceitar, estarei culpando quem não teve culpa nenhuma.

O alívio por poder me explicar e deixar tudo claro para os amantes do futebol foi essencial. Tio Charles ainda estava zangado por eu não ter aceitado o convite de ir até Itaquera.

__ Não começa.__ Joguei minhas coisas dentro da minha mochila.

__ Onde vai?

__ Vou a praia.__ Comi um pedaço de finni.__ Vou voltar tarde.

__ Cuidado tá?

__ Tá tio.

Saí de casa e peguei o ônibus, queria apenas relaxar. Havia um bom tempo que não tinha ido a praia, e depois do que aconteceu comigo a duas semanas atrás com o torcedor safado, e as enxurradas de mensagens em minha página, eu só queria respirar.

Durante todo o dia em que estive na praia eu curti o vento bom, do meu jeito, andei pelo local, bebi agua de côco, catei conchinhas e observei o mar. O sol estava quase se pondo quando decidi voltar para casa.

Caminhei de volta até o ponto de ônibus, que nem era longe de onde eu estava e esperei pela minha condução, minutos antes do meu onibus passar, um carro na contramão bateu em outro. O carro atingido era de luxo e iria custar o olho da cara para consertar. O motorista que atingiu o carro a frente deu ré e fugiu.

Curiosos correram para ver se o motorista estava bem. Caminhei até o pessoal e pedi que se afastassem.

__ Andem, sou médica.__ Falei como se tivesse autoridade sobre algo.__ Moço, consegue me ouvir?

__ Sim!__ Ele respondeu sem me olhar.

__ Vou tirar seu sinto de segurança ok?__ Ele confirmou com a cabeça.

Avistei um pequeno corte sobre sua testa, seu cabelo loiro estava um pouco falho para alguém novo. Encarei seu rosto que olhava para as próprias mãos. Eu conheço esse rosto.

__ Sente dor em mais algum lugar?

__ Não.__ Ele levantou a cabeça.

__ Fique quietinho, vou limpar isso aí.__ Olhei o local.__ Preciso que saia do carro. Acha que consegue?

__ Sim!__ Ele me olhava de um jeito estranho.

__ Pessoal, peço que deixem espaço para mim atender o senhor.__ Abri a porta do motorista e o ajudei a descer.

Roger sentou-se no banco do ponto de ônibus e esperou que eu limpasse seu sangue. Ele parecia envergonhado com algo.

__ Por sorte foi um corte pequeno. O cinto de segurança ajudou a não sofrer com o impacto. Vou colocar esse curativo aqui, para o corte não ficar exposto, recomendo que vá ao hospital e faça uma tomografia.

__ Mas estou bem.

__ Você acha que está bem.__ Ele sorriu.__ E se tiver um hematoma grave aí nessa sua cachola?

__ Tudo bem. Eu vou.__ Isso aí.

__ Mas você vai agora, nada de esperar para quando chegar em casa entendeu?__ Ele sorriu.

O jeito do sorriso dele é a coisa mais fofa que existe, cheguei a ficar desconcertada com com aquele sorriso bem alinhado.

Quando ele olhou o estrago do carro e percebeu a merda que seria resolver tudo, olhou para mim. É, pelo visto vou demorar para chrgar em casa.

__ Sei que não é da minha conta.__ Fiquei em pé ao seu lado olhando o reboque levar o carro dele.__ Mas o que é que você está fazendo aqui em Santos? Sei que estamos em época de carnaval e tals, mas logo em Santos?

__ Eu só queria andar por aí.__ Desculpa esfarrapada.

__ Sei.__ Entramos no ônibus.__ Vamos para o hospital.

__ A propósito.__ Ele se sentou.__ Como é seu nome mesmo?

__ Stella Novak.__ Apertei sua mão.

GUEDES - Amando o RivalOnde histórias criam vida. Descubra agora