Capitulo 1 - Ester

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O telefone toca, me dou conta de que estou no chão da sala. Me viro de frente e coloco as mãos sobre o rosto. Não sei porque sempre faço a mesma coisa. São 7 da manhã e provavelmente eu adormeci aqui.

O telefone toca novamente.

- Iara? - ouço a voz me chamando do outro lado.
- Sim, quem é?
- Me chamo André, sou o doutor de cirurgia geral do hospital São Lourenzo. Você conhece Ester Menezes Alencar?

Nesta hora meu coração parou, o que poderia ter acontecido? Por um momento me senti completamente perdida.

- A senhora ainda está aí? - ouvi a voz me chamar ao fundo.
- Sim, me desculpe. O que aconteceu? Ela está bem? Me fala que sim por favor.
- Vou te passar o endereço. Peço que venha o mais rápido possível.

Desliguei o telefone e fui rapidamente ao hospital informado.

Ao chegar lá, me identifiquei e fui conduzida por uma enfermeira. Durante o trajeto percebi o quanto o ar do ambiente era gélido. Meu coração batia descompassado. O que teria acontecido?

- Sra Iara, você é o que da paciente Ester? -  Me pergunta a enfermeira.

- Sou a namorada dela. O QUE HOUVE? - Gritei preocupada. Não aguentava mais a angústia de esperar notícias.

- Preciso que a senhora seja forte. Ontem a Ester deu entrada no hospital às 02:30 da manhã. Ela sofreu um acidente grave, o que lhe ocasionou um traumatismo craniano. Juntamos a equipe de cirurgia geral com o neurologista, mas...

Ela deu uma pausa. Sua voz parecia não querer sair. Neste momento eu entrei em desespero.

- Infelizmente ela veio a óbito. - conclui.

Me sentei no chão e com as mãos entre meus cabelos, eu só conseguia chorar. A dor era tão intensa que eu não conseguia entender o porquê aquilo acontecia comigo.

Após me acalmar, entrei numa sala, me dei conta de que havia vários corpos cobertos. Fui conduzida até o seu corpo.

Quando a vi, meu olhos voltaram a derramar lágrimas. Seu rosto estava machucado. Sua pele que era num tom castanho, já não tinha mais brilho. Estava branca, sem vida. Seus braços estavam machucados. Eu não queria aceitar que ela havia ido embora.

Fui despertada por uma voz me chamando.

- Iara? - me virei para olhar - sou o doutor André. Meus sentimentos. Não pude comparecer antes. Ao levar a Ester para a sala de cirurgia, percebemos que em suas mãos havia um pedaço de papel, acho que deveria ser para você.

Peguei o papel de suas mãos e saí da sala. Eu estava desolada. Sentei em uma das cadeiras da recepção e abri o papel.

"Meu amor, sei que a nossa noite não foi das melhores ontem... também sei que você nunca vai mudar este seu jeito. Na hora da raiva eu terminei com você, mas depois pensei melhor, eu te amo e não posso deixa-lá ir. Também sei que ao chegar na sua casa, você estará deitada no chão da sala, como sempre kk. Então vou deixar uma garrafa de vinho e este bilhete na sua porta. Assim que ver, me liga.

Com amor, sua Ester"

Após ver aquele papel, eu cai novamente em lágrimas, sei que ela não estará mais aqui, mas se eu pudesse mudar aquela noite, as coisas poderiam ser diferentes.

Me esforcei a levantar e segui em direção a porta.

Meu último adeusOnde histórias criam vida. Descubra agora