A DOCUMENTAÇÃO

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Com os olhos arregalados, perplexo, ele a olha sem palavras e sem saber o que fazer, pensando, como vai resolver essa situação já que não tem como fazer um contrato sem a identificação dela, e assim que o seu nome for exposto, todos vão saber quem ela é.  E o pai dela com certeza vai descobri-la, levando-a embora, ao pensar nisso, sentiu-se sufocado, só em imaginar não vê-la mais. 

        Depois de um tempo pensando, pediu que sentasse novamente, olhando-a, passou a mão no rosto e depois de suspirar, falou:

— Marcelly, quantos anos você tem? 

Eu errei muito por não ter conversado antes e te perguntando seus dados, mas agora eu estou aqui pensando se você for menor e fugiu de casa, eu vou me complicar em ter tirado fotos sua sem ter uma autorização dos seu pais, no caso do seu pai! E ele sendo quem é, estou perdido! Ele vai fechar minha agência num estalar de dedos! 

—Não, não vai, eu não vou deixar! Eu tenho vinte e seis anos, saí de casa dias antes de completar vinte três, sai antes dele fazer a festa que estava planejando fazer, dizendo que era pra comemorar meu aniversário, mas ele sempre soube que eu nunca gastei de festas, eu e minha mãe, fazíamos  viagem e comemoramos sempre juntas, já que ele nunca podia, mas agora só porque a mulher dele, achou que deveria fazer uma grande festa, ele concordou, deixando tudo nas mãos dela que adorava quando ele lhe dava carta branca e livre acesso ao dinheiro,  eu não tinha voz ativa mesmo sendo a festa do meu aniversário! Então, o que eu poderia fazer, eu só pensava em sumir e assim que tive a chance fiz.

Depois de ouvi-la e pensar 

— Bom, Marcelly, o que eu posso fazer é o seguinte: eu mesmo vou redigir seu contrato e você assina e tudo ficará entre nós, você garante que eu não vou ter problemas com seu pai?   

— Bom, soube eu ser dona de mim, sim! Pois já sou maior! Mas ainda continuo sendo filha dele, contudo, acho que ele tem coisas melhor pra fazer já que a mulher dele não lhe dá sossego.

— E por que você saiu de casa?

— Bom, quando minha mãe faleceu, eu fiquei praticamente sozinha só com os empregados e seguranças, mas do nada meu pai chegou de uma viagem, que disse ser de negócios, trazendo essa mulher que chegou mandando em tudo e mudando todo a decoração da casa, jogando as coisas da minha mãe fora, ao reclamar com meu pai, ele simplesmente me falou que tudo aquilo não importava que era lixo! Eu fiquei arrasada, vivia trancada no meu quarto, até que o dia do meu aniversário estava chegando e ao saber ela logo inventou de fazer a festa, mas do jeito dela, na verdade ela queria mesmo era mostrar-se para o mundo, pra que todos ficassem sabendo quem ela era! Porque ela inventou uma entrevista na nossa  casa, na qual meu pai que nunca quis aparecer em público com a minha mãe e eu! Aceitou aparecer com aquela mulher sem classe, que se veste igual uma perua com cores fortes e cavadas! Ele nunca permitiu minha mãe e eu nos vestir com cores fortes, dizia que aquelas cores não eram para nossa classe social! Agora a mulher dele se veste assim, e ele gosta.

Então, na madrugada antes da entrevista eu fugi, e não os vi mais! O deixei em paz como ele queria com a sua amada e os três filhos dela, na qual chegaram um dia antes de eu fugir.  O filho mais velho dela, tentou me beijar no mesmo dia que chegou, acho que ele e a mãe estavam de armação pra se dar bem com o pai e a filha, no caso eu! Mas meu pai estava cego não via as intenções daquela mulher, eu senti a maldade deles, então me tranquei no quarto e quando a Sessy, foi me chamar pro jantar, eu contei tudo pra ela o que tinha acontecido! Sessy, era a nossa empregada desde antes de eu nascer, ela ajudou muito a minha mãe me criar! As duas eram muito amigas. Minha mãe sempre confiou nela, então, eu também me sentia segura em compartilhar tudo que acontecia comigo, desde sempre foi assim, e nesse dia quando eu revelei o que tinha acontecido, ela me aconselhou continuar no quarto e tranca a porta, que ela iria levar meu jantar, mas algo aconteceu porque ela não voltou com meu jantar, eu estava com fome, então quando todos se recolheram eu desci as escadas devagar e seguir para a cozinha, foi então que a empregada que estava lá, estava com os olhos inchados de chorar me falou que a mulher do meu pai mandou, Sessy, embora, a despediu só porque ela estava levando meu jantar. 

Que não era pra levar nada, porque eu tinha que descer e me juntar a todos na mesa, então, mais uma vez, fui falar com meu pai, mas ele falou que o que estava feito estava feito, que ele não ia se meter com os assuntos da casa, que já tinha muito ao que se preocupar. Então, eu vi que ele já tinha entregue as rédeas da casa nas mãos daquela mulher, e eu não iria ficar ali pra sofrer. Então, naquela madrugada pulei a minha sacada e fugi, o porteiro me viu mas ele também estava chateado pela demissão da sua colega de tantos anos trabalhando no mesmo local. Então ele além de fingir não me ver, ainda facilitou chamando o segurança pra conversar, e assim o distraiu, encontro eu fugia! 

E isso já tem três anos. Eu saí da cidade pra ele não me achar, fiquei viajando de um lugar para o outro já que no início eu tinha dinheiro, mas depois que terminou eu comecei a passar necessidade, até fazias alguns trabalhos pra ganhar o que comer, mesmo na dureza eu achava melhor viver assim do que naquela luxuosa mansão, sendo maltratada, já que o pai que tinha, não me dava a mínima! E assim vim parar aqui nessa cidade, já estou vivendo aqui a mais de um ano. 

— Você sempre dormiu naquela rua?

—Não, eu nunca dormi…ou melhor dormia, no mesmo lugar, aprendi isso com uma senhora, ela me fazia companhia, mas ela faleceu há uns meses, e eu mais uma vez voltei a ficar sozinha, mas ela me falava pra eu não confiar em ninguém, que nas ruas era só nós por nós mesmo.

       Depois de ouvir  todo o relato dela, Anthony, estava sem chão, pois em toda sua vida nunca ouviu falar de uma moça rica virar sem teto da noite pro dia na vida real, só nos contos de fadas dos livros.  

   Depois de um tempo caindo em si, Olhando-a. 

—Como vamos fazer, você tem seus documentos? 

—Sim, eu sempre os carrego comigo! Só preciso ir até o banheiro para poder…tá, já entendi, pode usar o meu e naquela porta ali —ele fala apontando para uma porta no canto da sua sala.

Enquanto ela vai ao lavabo, ele liga para Albeny, e pede que lhe envie o contrato que ele mesmo vai preencher. Quando Marcelly voltar trazendo sua identidade em suas mãos, entregando-o, ele pega imaginando onde aquele documento estava, pois se ela não estivesse à sua frente, ele bem que seria capaz de cheirá-lo, só pra poder sentir o cheirinho  dela. 

Pensando nisso sacudiu a cabeça, pois aquele não é o momento.

Minutos depois estava tudo resolvido, ele mesmo providenciou tudo. Assim ninguém ficou sabendo da real existência da sua família, depois do contrato assinado seu book, foi posto em um portal online, depois de três horas que o book estava postado choveu de clientes querendo os serviços com a imagem de Marcelly, tipos, calendários com frutas, flores, nas plantações de girassóis, joias, roupas, dedicatória de posts, vestidos de noiva, roupas de grife, calçados e bolsas. 

Anthony ficou impressionado já que isso nunca tinha acontecido, sempre levava, dias, para uma modelo ser chamada! 

Feliz mas também com medo dela gostar e os abandonar depois que ficar conhecida pelo mundo.

E como ele já imaginava, Marcelly do dia para noite ficou conhecida por muitos lugares. 

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