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LEONOR
Estava indo em direção à bancada reservada aos Reis e Princesas...reservadas à mim e minha família. Pude ver o rosto de desgosto da minha mãe, uma aprovação no rosto do meu pai, e...minha irmã...estava sorrindo...e chorando. Não era novidade, ela chora por tudo
Mal cheguei ao local onde estavam nossaa poltronas, e apenas senti o corpo de Sofia colidir com o meu, quase me.derrubando. seus braços ao redor do meu pescoço, sua cabeça se deixando aconchegar em meu ombro, mesmo que por poucos instantes.
Não abracei-a de imediato, tendo ficado uns milésimos de segundos surpresa. Surpresa e ao mesmo tempo não. o protocolo era que eu abraçasse primeiro meu pai- O Rei, minha mãe- A Rainha, e, por último, minha irmã- A Infanta. Por grau de importância. Mas.eu me recusava a nomear assim. Era ridículo...
Porém, não fiquei surpresa. Eu estava falando da minha irmã! Ela fazia tudo por impulso, ela pensava mais na emoção na maioria dos casos, como neste, que...é.

-eu te amo- disse, se afastando apenas o suficiente para me encarar. Suas mãos ainda em meus ombros.

-também te amo, Sofi. Muito- tirei uma mecha desalinhada que estava em seu rosto. Estava prestes a abraçar meu pai, pois não podiamos nos estender. Eu sabia. Porém, antes que eu pudesse afasta-la, ela se jogou novamente em meus braços. Foram nítidos os "que fofas", "assim que deve ser", "nasceram para se completar" vindo da plateia. E, mesmo não olhando, sabia que estavam sendo tiradas mil e uma fotos

Desfrutei uns segundos do abraço antes de afasta-la. Com uma mão em seu ombro, e a outra secando suas lágrimas- ou ao menos tentando- dei-lhe um sorriso sincero, cheio de amor, e, antes de me afastar e ir em direção ao nosso pai, dei-lhe um beijo na bochecha, apoiei- a com a mão em suas costas, e a direcionei à seu lugar
Ainda sorrindo, abracei meu pai, que também sorria.
-bom trabalho, querida- disse em meio ao abraço. Não soube dizer se ele se referia à eu ter "segurado as rédeas" e diminuido grande parte das críticas, ou por eu ter tomado a iniciativa e finalmente me resolver com minha irmã.

Quando finalmente olhei para minha mãe, com a intenção de abraça-la, pude notar que sua expressão era bem diferente da do meu pai. Ela demonstrava indignação, e eu sabia muito bem por quê.
Não me deixei.abalar, e mantive o sorriso no rosto, embora não tenha sido algo fácil. O que eu havia feito de tão ruim para ela me dedicar esse olhar de desprezo? Por que nada.que eu fazia era bom o suficiente para ela? Olhando rapidamente para Sofia, pude perceber o mesmo questionamento em seu semblante, ao.encarar nossa mãe. Porém, o sujeito de seus pensamentos não era apenas eu. Éramos nós...
Fui abraçar minha mãe, nem um pouco entusiasmada. Pela expressão do meu pai, que pude observar pela minha visão periférica, essa falta de entusiasmo era notória.
-conversaremos sobre isso em casa. Trate de ficar calada o resto do evento. Não responda à nenhum repórter - ela susurrou quase no mesmo instante em que à abracei, em meio a um sorriso forçado, que passaria despercebido por todos se Sofia não tivesse ouvido e feito uma expressão com múltiplos significados. Raiva, indignação, tristeza, decepção, incredulidade... A minha esboçava um sorriso de canto de boca. Passava um ar sereno, como se eu estivesse feliz. Omitia toda a tempestade dentro de mim, que quase teimou em sair quando meus olhos encontram com os de Sofia. Quase. Porém, mordi os lábios, fechei os olhos, e voltei a sorrir. Não podia me dar ao luxo de demonatrar minhas verdadeiras emoções. Na verdade, Sofia também não...e seria uma das pautas de reclamações de nossa mãe hoje.
Incobrir, não sentir. Encenação. Um jesto em falso e todos saberão.- disse a mim mesma enquanto me sentava.



CONTINUA...

o lado obscuro da realeza- Princesa Leonor e Infanta SofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora