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Ele fez uma pausa antes de prosseguir.
-Nunca duvidei da sua capacidade, Leonor. Sempre soube que seria incrível... Você tem razão, eu poderia mudar muitas coisas, mas me falta confiança pra isso. Talvez porque ouvi minha vida toda que eu seria péssimo, e isso de todos da minha família. Eu criei uma barreira em volta de mim, uma necessidade de aprovação, que me impede de fazer muitas coisas das quais tenho vontade... Mas você fará diferente. Você não vai chamar repórteres para filmarem uma boa ação para, assim, te acharem incrível. Você não vai pagar para falarem bem de você nos veículos de notícia. Não vai usar os filhos para nossa Monarquia voltar a ter uma popularidade positiva. Não vai pagar para esconder coisas...Não tão legais...porque nem vai chegar a fazê-las. Você não vai fazer nada disso, porque você sabe da sua capacidade, e que não precisa prova-la a ninguém. Tenho muito orgulho da pessoa que está se tornando, querida. - me levantei, indo ao encontro do meu pai e o abraçando. Isso foi tão....- Parabéns, Leonor. Por não ser uma pessoa robotizada em frente às câmeras, tentando parecer perfeita. Por não fingir ser quem não é apenas para agradar... por lutar pelo o que acredita, pelas pessoas que ama... eu te amo muito, filha

SOFIA
Continuei sentada, observando os dois se abraçando, ambos emocionados. Ele finalmente tomou coragem para dizer e assumir o que, até agora, não conseguia.
Ele acaba de assumir que falhou muito como rei, algo que ele sempre quis que parecesse perfeito.
Ele havia "passado a Coroa".
Sempre foi claro a vontade dele de que Leonor foase a melhor Rainha que ease país já vira. Sempre foi nítido o orgulho que ele sentia dela, a cada ação feita por ela nos atos oficiais, nem que fosse por ajudar um menino, pegando algo que o mesmo deixou cair no chão. Mas, bom...expressar isso tudo, detalhadamente, vom palavras...isso foi incrível.
Ele havia passado a Coroa, tecnicamente, ao assumir suas falhas, e que Leonor faria diferente. O povo sempre se referiu à minha irmã como o "futuro da monarquia". Bom...a nós duas.
Nosso carisma, autenticidade, cumplicidade...sempre chamou muita a atenção. E, embora nossos pais tentassem nos "ofuscar" um pouco, já que os reis ainda eram eles, e eles precisavam, em alguns momentos, ter mais atenção que nós- que Leonor, no caso. Já que eu nunca tive uma atenção especial nos lugares....- nunca conseguiram de fato. Já pesquisamos, e 80% das matérias da nossa Monarquia, é sobre nós duas. E 15% das matérias envolvendo nossos pais, são polêmicas. Então, o que ele disse não era novidade.
Mas era muito fofo. Eu estava feliz por ele ter dito isso à ela. Ela estava mais ainda. Até porque, quem não quer ouvir do seu pai o quão incrível você é, e o ótimo trabalho que está fazendo? Todos quwrem ter a aprovação dos mais próximos, mesmo que o mundo inteiro já faça isso...

NARRADORA
Após o último pensamento, Sofia abaixou a cabeça, os olhos focados nas mãos. Todos queriam uma aprovação. Ela estava feliz pelas palavras que o pai direcionou à irmã. Mas...todos queriam uma aprovação. E a última palavra direcionada à Sofia foi dizendo que ela precisava se colocar em seu lugar...
Por mais feliz que estivesse pela irmã dela...e ela?
As lágrimas começaram a descer em seu rosto. Limpar não adiantava, dado o fato de que o fluxo de lágrimas só aumentava.

-Para de ser egoista, Sofia! Fique feliz por sua irmã!- pensou Sofia.
Afinal, sempre fora assim.
Ela sempre teve a mesma educação que sua irmã, mas não poderia ser dito que tem as mesmas oportunidades...
Sempre foi muito difícil pra Sofia ter que ser a plateia. Ela não entendia. Era um membro da Família Real, mas, nos eventos, parecia mais fazer parte da plateia.
Todos faziam um discurso, e ela sempre aplaudia à todos eles. Qual era o seu dever, enquanto oa pais e irmã faziam isso? Qual era o seu papel na monarquia? Apenas sorrir?
Esses pensamentos invadiram sua mente, fazendo com que o choro aumentasse.
Nesse momento, foi inevitável para a Infanta não se sentir um figurante.
Ela não era egoista. Ela ficava muito feliz por todas as conquistas da ir na. Ficava muito feliz por cada frase dita por Leonor nos eventos. Tinha um orgulho imensurável pela irmã. Amava acompanhar todo seu desempenho.
Não era egoista...
E sabia que não era figurante...
A irmã deixava isso bem claro.
O povo também.
Mas...Leonor sabia que estava sendo incrível, e só precisava ouvir isso dos seus pais.
Com Sofia, não era diferente...
Ela sabia que não era figurante. Mas, como pensar o contrário, se estava apenas sentada, observando o momento do pai e irmã? Se até em casa, estava servindo de plateia?
O choro aumentou, de modo quw foi impossível segurar o soluço. Um soluço que veio seguido de outro...e de outro...
Sofia tapou o rosto. Já era ruim o suficiente para ela ter começado a chorar, com o pai bem ali. Não precisava encara-lo também.
Felipe e Leonor se afastaram, se enentreolhando após observarem Sofia. Embora Leonor quisesse, e muito, abraçar e confortar a irmã, ela não o fez. Em vez disso, cruzou os braços, se recostando no guarda-roupas do quarto, e observou o pai se aproximar de sua irmã.
Pai. A pessoa que cuida. Protege.
Felipe fazia isso. Na maioria das vezes, era muito presente. Sempre muito amigo, conselheiro. Fazendo palhaçadas para animar ambas. Dando um colo e aconselhando, quando necessário. Mas não nesse tipo de choro, que, Leonor sabia, era por um misto de emoções.
Felipe via Sofia chorar, até porque a mesma era muito emotiva. Ele a via chorar de felicidade, medo, saudade - como no evento de 2021, que a Infanta chorou por saudade da irmã. Ou chorar por um filme, ou por não conseguir uma nota boa...por raiva...
Mas, por frustação, tristeza, ciúme e insuficiência, tudo causado por ele?
Esse tipo de choro, o mais doído e mais significativo emocionalmente, apenas Leonor presenciava.
De modo que ela era quem cuidava. Ela era quem dava o colo. Ela era quem protegia. O papel de aconchegar era dela. Mas não nesse momento.
Felipe faria o que não fazia a muito tempo...
Ele sabia muito bem quando as filhas estavam tristes. Ouvia, ao passar pelo corredor, o choro.
Mas sabia também que uma nunca estava sozinha. Ele sabia a rocha onde foi feita essa relação. Ele sabia a força dessa ligação.... As vezes ele ouvia Leonor aconselhando a irmã por ligação.
Ou seja, ele sabia que ficariam bem. Pois não estavam sozinhas.
Elas foram crescendo e omitindo os sentimentos mais profundos dos pais. Tristeza, frustação...Talvez para não incomodar. Elas contavam uma para a outra, mas não para os pais.
Por isso, eles pensaram que, já que elas eram o abrigo uma da outra, não era necessario um "colo" de pai e mãe.
Mas, bom, ao ver a maneira que o rosto de Leonor brilhou ao ouvir as palavras vindas do pai, e a maneira como Sofia ficou troste por não ter ouvido as mesmas coisas, ou não estar junto do abraço tão acolhedor, Felipe entendeu.
Não importava o quanto elas cresceram. O quanto ambas ajudassem uma a outra. Elas queriam serem acolhidas por ele.
Não importava o quanto ele demonstrasse - talvez nem tanto quanto ele pense...- o quanto as ama, elas queriam ouvir isso dele.
Leonor acabara de se resolver com o pai. Agora, era a vez de Sofia.

CONTINUA...

Oq acham q vai acontecer?

o lado obscuro da realeza- Princesa Leonor e Infanta SofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora