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LEONOR
Eu ia ficar quieta. Realmente ia. Mas ver ele magoar ela desta maneira...ouvir ele dizer que ela era menoa importante...tecnicamente dizendo que não tinha o que fazer...eu não podia ficar calada.
Como o mesmo disse, meu dever como irmã mais velha era proteger ela. Impedir que alguém a machucasse... só não esperava, e talvez nem ele que eu deveria protege-la do próprio pai...

- viu? Você é mestre em aceitar o que pode mudar! Você deveria se decidir, sabia? Uma hora você diz que nos ama igualmente, que ambas temos a mesma importância... e na outra, que ela tem que aceitar que não tem a mesma importância que eu?- arqueei as sobrancelhas, encarando-o, minha mão esquerda segurando e massageando a de Sofia.

- mas ela tem a mesma importância que você! Mas, em posição de rei... falando da monarquia, é óbvio que você é mais importante!- ele estava ficando irritado. Mas nem perto do que eu sentia...

- Ah, então são duas pessoas diferentes? O pai e o Rei? Engraçado...você ama dizer em entrevistas que é transparente, e que prioriza a família, mas...estou vendo o oposto. Se priorizasse a família, falaria pra Sofia que ela pode sim fazer muito nesta monarquia. Deixaria ela fazer algum discurso, ou ao menos que eu citasse seu nome nos versos dos quais a idéia foi sua!- ele aumentou o tom, dizendo que ele não mandava em tudo, e, ao mesmo tempo, e falando mais alto que ele, eu disse- SE REALMENTE AMASSE COMO UM PAI, INCONDICIONALMENTE, MOSTRARIA A IMPORTÂNCIA QUE ELA TEM DENTRO E FORA DESTE CASTELO! - ele levantou a nãoem minha direção, mas logo a abaixou, encarando Sofia, que estava apoiada em mim, o rosto escondido em meu ombro.

-, eu...Não...tenho...poder...em...tudo- repetiu as palavras, calmamente, que ntes foram ditas quase como.um grito.

-, mas tem!.E tenho certeza que, se quisesse, poderia deixar Sofia falar ao menos uma frase completa, sem ser "ola" e "obrigada" nos atos oficiais! Obviamente não seria um problema para o Estado,já que, sejamos francos, mais da metade do reconhecimento desta monarquia se deve à nós duas. Juntas! Você nos ama igualmente? Cadê as ações que provam isso?

- Leonoe, existem regras! Meu pai as quebrou e....

- ele cometeu crimes! É diferente! Você não pode fer ficado tão cego pelo poder, à ponto de seguir tudo a risca, colicando em jogo sua relação familiar! - meu pai já havia aberto a boca, prestes a falar. Porém, o som da voz da minha mãe ressoou pelo quarto, anunciando sua chegada.

- é fácil você dizer. É fácil dizer que ele deve lutar pelos direitos da filha. Que não deve simplesmente seguir regras sem fundamentos...seu pai era assim...ele jurou que nunca violaria o sistema, ou pagaria para que algo fosse incoberto...mas o que falamos e como agimos são coisas diferentes. Está se achando superior agora, porém fará as mesmas coisas! - ouvir isso me machucava. Ouvir ela dizer que eu farei coisas ilegais...

- sua falta de fé em mim é incrível...-, disse, rindo sem nenhum humor. Não era de se admirar, dado os últimos ocorridos.

-apenas estou constatando um fato. Ignorar a realidade não a torna mais difícil. É impossível chegar nesse posto sem sujar as mãos....-- ela ia prosseguir, porém um funcionário a chamou, lhe informando que estava na hora.da reunião da escola de Sofia, que seria online.

Meu pai ficou quieto por um instante, provavelmente processando tudo e pensando no que dizer. Uma conversa sobre a forma como tratava Sofia, virou uma acusação de que eu farei as mesmas ações do meu pai, as quais não me agradam.
Não é que ele seja uma pessoa ruim, é que ele fez escolhas ruins
Ele chegou em um cenário onde ele precisava ser o melhor. O povo queria um herói. Se ele não fosse visto assim, como um Rei honesto e transparente, com a família perfeita, ele seria o vilão. O medo de errar causou nele uma necessidade de perfeição. O que desencadeou a fazer as coisas ao "pé da letra", com medo excessivo de julgamento por algo que ele poderia ter tido controle e feito diferente.
E ai entra Sofia. Eu acho lindo a forma com que ele nos trata igualmente em casa. A forma que não há distinção de preços de pressntes. A forma com que, em casa, ele faça com que Sofia seja tratada exatamente como eu.
Porem, no que adianta, se nos Atos Oficiais, ela não pode fazer um gesto antes de mim? Se não pode falar uma frase? Se precisa fazer tudo antes de mim? Tem coisas que, realmente, compreende-se. Mas outras...as quais ele poderia mudar, dando mais espaço, liberdade, voz, reconhecimento à ela?
A vontade de fazer tudo perfeito fez com que ele fosse um pai perfeito para nós, e um Rei um tanto negligente.
A vontade de fazer tudo perfeito fez com que ele mostrasse excessivamente algumas coisas, e acobertasse outras...
Quando eu digo que eu não posso ser como ele, é a isso que me refiro. Minhas inseguranças quanto à ser Rainha não é apenas em falhas, mas também em querer ser perfeita ao ponto de não ser eu. Ao ponto de passar por cima do meu caráter, as coisas nas quais acredito...fazer coisas erradas....Será que é realmente impossível ser honesta, estando à frente de um país país?
Parecendo ler meus pensamentos, meu pai quebra o silêncio.

- Não é impossível fazer a coisa certa nesse meio. Basta você ter confiança, força de vontade, e apoio. Você tem isso. Você tem razão ao dizer que será melhor que sua mãe e eu. Você tem mais força de vontade, mais apoio, não só do povo, mas da sua família. E, mais especificamente, da sua irmã. - eu não esperava por isso. E, dada a expressão de Sofia, ao me encarar e depois voltar-se pra ele, sentando ao meu lado, ela também não. Meu pai finalmente sabia exatamente o que dizer. Finalmente, tudo ficaria bem. Ao menos, com nosso pai.

CONTINUA...
hj eu solto outro cap<3

o lado obscuro da realeza- Princesa Leonor e Infanta SofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora