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Já estavamos no andar de cima. O quarto dos nossos paia era no final do corredor direito, de modo que não seriam acompanhados até lá.
Queria simplesmente entrar no meu quarto e chorar por mais uma mentira- quando ela prometia não mentir mais. Porém, eu não poderia fazer isso. Tinha que encenar que eu havia perdoado Leonor, mesmo que a mesma não acreditasse.

-boa noite pai, mãe- disse, abraçando cada um, me demorando um pouco mais com meu pai. Me virei para Leonor, e dei-a um abraço- boa noite, irmã- o abraço também demorou um pouco mais do que o necessário. Era o que sempre faziamos. Se eu cortasse o abraço rapidamente, seria nítido que algo estava errado.

- já vão pros seus quartos é? Sempre ficam enrolando uma no quarto da outra. Apenas não demorem muito para dormir. Estamos de olho- disse meu pai, rindo, apontando os 2 dedos em nossa direção. Ainda tinha isso...

Por nossos quartos serem separadoa apenas por uma porta, era rotina ficarmoa uma no quarto da outra. Sempre dormiamos juntas- já que ela não fica muito em casa- mas, eu realmente não queria...

Apenas dei um sorriso de canto de boca, acenei e entrei no meu quarto. Como estávamos uma do lado da outra, com os ombros encostados, percebi quando ela me seguiu.

- vai querer ver algum filme? Ou...conversar.- disse, se pondo na minha frente.

-ã....eu to...cansada. vou fazer minha higiene noturna e dormir.- respondi, já indo em direção ao closet.

- tem certeza?- apenas fiz.que sim com a cabeça - você sempre me perturba para que fiquemos juntas cada segundo...- o celular dela tocou. De onde estava, percebi que era um alarme. Ela teria que revisar o discurso de amanhã. Fui salva pelo gongo- tenho que ir- disse, simples. Ela me abraçou de lado e me deu um beijo antes de ir.

Não consegui dormir. Estava muito mal
Ela mentiu. Cada palavra que saiu de sua boca era mentira. O que mais doia era ela prometer não quebrar mais nossas promessas, feitas quando éramos bem pequenas. Eu tinha 4 anos, e ela 6. Tinhamos visto um filme de princesas. No final, a mais nova ficava sozinha, abandonada. Fiquei com medo.e comecei a chorar.
Foi quando ela me disse:

você não precisa ficar com medo. Sempre estarei aqui com você. Não vai ser fácil. Terão momentos que você vai ser deixada de lado pelo papai e mamãe. Que eu vou ser o centro das atenções. E nesses momentos, estarei segurando sua mão. Sempre estarei do seu lado, Soso. Você é tão importante quanto eu, e vou sempre mostrar isso para o mundo. (...)

Depois disso, ela me abraçou, e prometemos contar tudo uma pra outra, prometemos nunca deixar  uma briga estragar nossa relação...e ela acabou de jogar isso fora...
Pensando bem...ela tinha apenas.6 anos, e tomou controle da situação- nossos pais na.sala observando como ela se sairia.
Na hora, não entendi. Mas agora...o destino dela, além de rainha, era ser irmã mais velha. Irmã mais velha de.uma infanta. A imprensa sempre estaria em nossa espreita, esperando um erro, uma faísca de que a relação é apenas uma farça.
Um fiapo de vulnerabilidade vinda de Leonor, para tomarem ela como inccapaz.
Ela foi treinada desde cedo - e isso era prova.
Eles apenas estavam vendo como ela se saia segurando as rédeas.
E ela tinha apenas 6 anos...

Acabei ficando sonolenta  pensando em inúmeros momentos onde Leonor teve que tomar uma maturidade que não tinha, que não deveria ter. Ela foi cobrada desde muito cedo. Teve que se portar como.uma adulta muito cedo. Teve que se esforçar para ser algo que talvez ela só entendera depois.
Eram apenas 2 anos, mas a maturidade entre nós era muito maior.
Pensar nisso me fez perceber. Precisávamos uma da outra.
Ela precisava de mim, porque podia ser ela mesma...eu era o escape dela, e ela o meu...

-Ah, Leonor...- eu só queria invadir seu quarto, e te abraçar. Eu só queria dizer que vai ficar tudo bem, que eu vou estar com você. Eu só queria que você me dissesse as mesmas coisas.... e então, eu dormi.

CONTINUA....
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o lado obscuro da realeza- Princesa Leonor e Infanta SofiaOnde histórias criam vida. Descubra agora