Capítulo 40 - Velha Wednesday.

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Uma semana se passou depois do dormidão na casa da Yoko. Enid e Wednesday não estavam se falando muito por conta das provas da loira. Ela estava ficando louca com tanta matéria, só queria poder sair de casa pra respirar um pouco e ver a vizinha. Mas ao mesmo tempo que pensava isso, seus pensamentos eram invadidos por todas as matérias que ela ainda não estava indo bem.

Wednesday estava com saudade da loira, mas sabia que Enid estava enterrada em provas e não iria atrapalhar seus estudos. Passou sete dias longe da Enid como uma pessoa diferente, agora ela saía com seus pais e ajudava nas tarefas de casa. Estava ativa e feliz por estar assim, e seus pais então...Céus, estavam maravilhados com a evolução da filha.

Mas infelizmente, em uma noite chuvosa, Wednesday teve um sonho terrível.

Ponto de vista no sonho on ;

Sai da escola morrendo de felicidade por saber que hoje era meu último dia de aula, finalmente férias! Cheguei em casa saltitando e quando abri a porta, me deparei com meu irmão me olhando. Estava todo de branco, olheiras profundas e seu cabelo preto completamente bagunçado, ele estava...Diferente. Meu corpo entrou em choque.

- Pugsley? - Perguntei boquiaberta e joguei a mochila em qualquer canto da casa. - Eu senti tanto a sua falta. - Ia abraçar sua cintura, mas meu irmão me empurrou. - O que foi? - Senti meus olhos marejarem.

- Você está feliz? - Perguntou parado em minha frente. - Está feliz sem mim, Wednesday?

- Eu fiquei triste por tanto tempo, agora me sinto viva de novo. - Falei e dei um sorriso de lado. Pugsley revirou os olhos.

- Você não deveria estar feliz sem mim. - Me empurrou forte, eu bati com as costas na parede e ele aproximou nossos rostos e apontou o dedo. - A culpa é sua por eu não estar vivo, não é justo que esteja feliz!

- A culpa não foi minha, Pugs. Eles me falaram que não foi. - Falei já chorando e ele continuava sério me olhando.

- Eles quem? - Riu debochado. - Nossos pais? A Enid? Deixa de ser ridícula, é claro que a culpa foi sua. Quem queria desviar do cachorro era você, Wednesday. Deixa de ser patética. Eu estou morto e você é a culpada por isso! Se não fosse por você eu ainda estaria vivendo a minha vida. Eu te odeio por isso.

- Não fala assim. - Choraminguei fechando meus olhos. - Eu amo você, Pugsley! Você é o meu irmão, eu nunca desejaria isso.

- Você sabe que eu era mais popular, por isso me fez morrer, isso é óbvio. - Olhei incrédula pra ele. - Eu sabia que você tinha inveja de mim, Wednesday! Mas não saberia que iria me matar por isso.

- EU NÃO MATEI VOCÊ. - Gritei o empurrando. - PARE DE FALAR ISSO, PUGSLEY! FOI UM ACIDENTE DE CARRO, EU NÃO QUERIA AQUILO.

- Você é tão egoísta. - Apontou o dedo em meu rosto. - TÃO EGOÍSTA A PONTO DE ME MATAR E CONTINUAR VIVENDO FELIZ, COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO. VOCÊ DEVERIA TER IDO NO MEU LUGAR.

Eu ia responder mas meu irmão desapareceu e tudo começou a ficar escuro.

Ponto de vista no sonho off.

Wednesday acordou desesperada, sentou na cama e passou as mãos pelo rosto. Ela chorava e aquele sonho parecia tão real, sentia que Pugsley estava falando a verdade. Em sua cabeça tudo o que seu irmão disse no sonho começou a fazer sentido, ele não queria que a Wednesday vivesse feliz porque que foi a culpada de sua morte.

A morena estava começando a se sentir culpada de novo, achava que o sonho foi um tipo de aviso do Pugsley. Levantou da cama e foi até o banheiro, ela se olhava no espelho e começou a odiar a imagem de uma Wednesday feliz, achava que estava errado estar daquela forma. Ela deveria estar sofrendo pela morte do seu irmão, e não sendo feliz, como uma pessoa normal. Respirou fundo e ligou a torneira, passou água em seu rosto e continuou a se olhar no espelho, encarando seus próprios olhos vermelhos por causa das lágrimas.

Um velho pensamento invadiu sua mente, ela pensava que se não estivesse viva tudo ficaria melhor, seu irmão ia ficar feliz por ela ter finalmente aceitado que a culpa era dela. Wednesday olhou pra gaveta da pia e tremeu a mão abrindo ela, ali viu sua antiga pequena navalha, a pegou com o indicador e o dedão. Ficou observando aquilo em seus dedos e respirou fundo, ela precisava dar um jeito de acabar com aquela culpa.

Wednesday esticou o braço e ficou encarando seu pulso, criando coragem para enterrar aquela navalha em sua veia. Pensou que seria melhor ir aos poucos. Posicionou o pedaço de lâmina no pulso e fechou os olhos, empurrou em sua pele e mordeu os lábios ao sentir a dor, mas não gemeu, não queria que seus pais a ouvisse.

A primeira gota de sangue escorreu e caiu no chão, sendo observada por Wednesday em câmera lenta. Aquela dor em seu pulso era horrível, mas a sensação de culpa estava diminuindo. Respirou fundo e fez outro corte, sentindo uma lágrima escorrer por sua bochecha. Balançou a cabeça pra tentar se livrar da dor e se olhou no espelho de novo, respirou fundo algumas vezes e criou coragem pra fazer o terceiro corte horizontal. Mas o quarto seria na vertical, ela queria dar um fim naquilo tudo, não estava pensando em nada além de fazer o quarto corte, mas ao lembrar de uma certa garota de cabelo rosa seu coração acelerou.

Wednesday jogou a navalha longe e olhou seu pulso ensanguentado, percebeu o que tinha feito e sua respiração começou a ficar ofegante, ela estava apavorada. A dor estava insuportável. Se olhou no espelho de novo e...Era ela, a velha Wednesday, aquela que ela tanto tentou fugir. Não queria voltar a Wednesday de meses atrás.

A morena saiu correndo do banheiro, passou reto pelo seu quarto, desceu a escada correndo em desespero. O sangue do seu pulso já estava por toda parte e ela estava começando a enxergar tudo nublado. Mesmo assim procurou a chave da porta e abriu a mesma, saiu correndo em meio a chuva e parou na porta da casa da Enid. Tocou a campainha inúmeras vezes em um ato de desespero, já estava quase desmaiando de dor e a loira abriu a porta.

Enid estava sonolenta mas quando viu a Wednesday naquele estado, arregalou os olhos e saiu correndo pra pegar a morena pela cintura quando viu que ela estava tombando. A loira não tinha forças pra deslocar Wednesday em seus braços até dentro de casa, então se sentou no chão com a morena quase desacordada em seus braços em meio a chuva.

- Wednesday! - Enid falou desesperada sacudindo ela. - WEDNESDAY, NÃO FECHA OS OLHOS! - Em um ato de nervosismo deu um tapa no rosto da morena, que abriu os olhos. - O que aconteceu, fala pra mim. - Apertou forte ela no abraço, apoiando a cabeça dela em seu peito.

- Eu tentei...- Wednesday falou baixo, mas Enid não ouviu por causa da chuva. - Eu tentei acabar com a minha culpa.

Quando a loira ouviu isso, olhou pro chão e viu sangue misturando junto com a água da chuva, ela não sabia da onde vinha, mas sabia que era da Wednesday. Seu desespero ficou maior e começou a gritar por seus pais, logo os dois desceram correndo junto com seus irmãos e viram a cena da loira no chão agarrada no corpo da Wednesday em meio a chuva. Ela chorava e apertava seu corpo contra o da morena.

Katy pegou correndo o telefone e chamou a ambulância. Jean e Isaac foram até a irmã tentando acalmar ela enquanto abraçava o corpo mole de Wednesday em seus braços. Thomas olhou a cena e respirou fundo, negou com a cabeça e subiu a escada. Ele iria voltar a dormir, afinal, hoje à tarde teria uma longa viagem e não estava afim de se preocupar com a filha agora.

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Passando aqui para avisar que o primeiro capítulo de "Meu Porto Seguro", minha nova adaptação de Wenclair, já está disponível no meu perfil. Então, se vocês estiverem interessados em ler um enemis to lovers boiolinha de Wenclair, dêem uma passadinha lá!

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