Capítulo 24 - Perdida

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Letizia

Em duas semanas o comando italiano seria transferido para meu irmão, estava tentando falar com ele há dias.

Não me atendia, ou estava sempre ocupado.

Comecei a achar que havia algum problema, até que Yula abriu a porta:

- Tizia, boas notícias. Domenico pediu para encontrá-lo em Florença.

- Finalmente – sorri – peça para prepararem o jato, por favor.

Voltei a usar minhas roupas habituais, afinal estávamos em família e eu só pretendia colocar meu plano de conquistar o líder asiático em ação assim que tudo estivesse terminado.

Nico na liderança e eu divorciada.

Enchi o copo com vodka e virei de uma vez. Eram oito horas da manhã e eu não devia estar bebendo, mas era como eu tentava esquecer o fatídico episódio no escritório de Sergei, a troca de nomes. Giuliano.

Não via a hora de seguir com a minha vida, novos mercados, novas alianças.

Yula já estava avaliando alguns locais para que eu instalasse uma base, na Tailândia. Haviam muitos lugares bonitos, o clima era quente e ensolarado. Totalmente diferente de Moscou.

Passei os olhos pelas fotos da minha futura vítima. Khalan era um homem interessante, tinha o rosto tatuado, jeito bruto. Conhecido pela crueldade com que tratava os inimigos e liderava seus homens. Faixa preta em Muay Thai. Teve duas esposas, ambas falecidas em supostos acidentes de carro. Sem herdeiros, o que era perfeito.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo motorista, avisando que estava na hora de ir para o aeroporto.

Dormi durante quase todo o voo. Fui acordada pela comissária de bordo. Ao entrar no carro, senti um mal-estar.

Efeito do álcool? Talvez.

Ao chegar na casa, notei que havia uma movimentação diferente. Muitos seguranças. Procurei por Anna para perguntar, ela passou por mim correndo, dizendo que teríamos convidados para o jantar.

Subi para o quarto, segurando no corrimão, tinha abusado da bebida no avião e precisava de um banho urgente.

Sentei em frente à penteadeira, descalça. Deixei meu coldre com a vektor em cima, ao meu alcance. Fechei a porta, tirei minhas roupas. Fui pegar o brinco, que caiu. Me abaixei, sentindo o quarto balançar em torno de mim, sentando no chão.

Lembrei que estava praticamente em jejum.

Aguardei até tudo parar de rodar, com os olhos fechados. Levantei devagar e guardei o brinco no porta-joias.

Olhei para o lado e vi o coldre vazio.

Em uma fração de segundos, senti o cano de metal gelado na minha cabeça.


Giuliano

Ouvi um barulho no quarto ao lado.

A porta estava destrancada e Letizia estava sentada no chão, perto do banco da penteadeira, sem roupa e de olhos fechados. Seus cabelos estavam mais curtos e claros.

Aproveitei para pegar a sua arma que estava no coldre.

Assim que sentou, encostei o cano na sua cabeça, perguntando se tinha sentido a minha falta, puxando seus cabelos e jogando-a em cima da cama.

Se ela achava podia se aliar a outros grupos, estava enganada. Seria punida, novamente.

Ficou encolhida, encostada na cabeceira. Consegui imobilizá-la com facilidade e deslizei a pistola pelo seu corpo.

Para minha surpresa, me beijou.

Retribuí, pois sentia falta do seu corpo, que parecia mais magro. Desci minhas mãos pelos seus seios, sua virilha, até chegar no meio das suas pernas, enfiando meus dedos dentro da sua abertura quente e úmida com movimentos rápidos e bruscos. Começou a gemer e a gritar, passando as mãos pelos meus cabelos. Não demorou muito para sentir suas contrações, soltando o peso no colchão e o rosto corado, respirando com dificuldade.

Algo estava errado. Não costumava mostrar nenhum tipo de reação.

Me sentei na cama, enquanto ela se recuperava. Suas mãos se apoiaram no meu braço, até que sentou no meu colo, se esfregando, pedindo mais.

Começou a chorar.

Tentei acalmá-la, passando as mãos pelas suas costas. Encostei sua cabeça no meu ombro e logo dormiu. A deitei com cuidado na cama. Peguei a arma do chão, colocando-a no coldre. Fui até o banheiro, lavei minhas mãos, passando água no meu rosto, meus cabelos e saí do quarto.

Procurei por Anna e avisei que não deveria ser incomodada, mas que levasse um lanche para ela mais tarde.

Após o almoço, fui até o escritório onde Manoela e Domenico me aguardavam. Me sentei ao lado dela, no sofá. Ele disse que todos os membros do conselho haviam aceitado o meu retorno como Don. Respirei aliviado.

Ouvimos uma movimentação na porta, que se abriu de forma abrupta. Letizia apareceu, vestida com um roupão e apontando uma arma para seu irmão.

Estava tomada pelo ódio.

Domenico tentou acalmá-la, em vão. Gritou, dizendo que além de um traidor, era um fraco e que seu pai teria vergonha dele. Apontou para onde eu e Manoela nos encontrávamos, esvaziando a arma em nossa direção. Nos jogamos no chão, com as mãos na cabeça.

Fui atrás dela, assim que saiu em direção ao quarto, mas não quis me ouvir. Deixou claro que tinha nojo de mim e só deixou que eu a tocasse por estar bêbada e sob efeito de drogas. Foi embora.

Decidi que ia procurá-la assim que todo o processo da transferência estivesse concluído.

Manoela foi recepcionar os membros que haviam chegado para o jantar, puxei Domenico de lado:

- Letizia está muito perturbada. Além da bebida, pode estar usando drogas.

Ele franziu a testa:

- Drogas? Nunca, sempre se manteve afastada. Meu pai a fez jurar que nunca chegaria perto de qualquer tipo de substância.

Não mencionei nada do que ela havia dito, não queria deixá-lo preocupado. Eu mesmo resolveria esse assunto, tinha minha parcela de culpa nisso.

Em três dias eu já estava reestabelecido como o novo líder. Domenico havia se desligado da organização e estava se mudando para Nova York para viver com Manoela, definitivamente. Letizia havia sido informada pelo conselho, então me preparei para ir visitá-la.

Cheguei em Moscou no final da tarde, me hospedando no Metropol. Estava cansado, mas precisava me resolver com ela. Assim que saí do chuveiro, telefonei para Nikolai:

- Nikolai, acabei de chegar. Sabe onde posso encontrar Letizia?

Ele riu:

- Está aqui, procurando por Sergei. Foi para o balcão, beber. Melhor se apressar.

- Me passe o endereço daí.

Escrevi em um pedaço de papel, terminei de me trocar, colocando a glock no bolso interno do meu casaco. Meus seguranças já me esperavam na recepção e fomos até o local.

Ao chegar lá, procurei o barman, sendo informado que ela estava dentro do escritório de Sergei. Ao abrir a porta, saquei minha arma. Ela estava aos beijos com ele, montada no seu colo. Apontei a arma para os dois e a puxei pelo braço.

Sergei não sabia que ela ainda estava casada. O cumprimentei e saí com ela, empurrando-a para um dos quartos que ainda estavam vazios. Coloquei minha pistola em cima de um móvel. Ela estava sentada na cama, com os braços em volta do corpo, olhando para a parede.

Respirei fundo.

Precisava convencê-la a ficar comigo.

A senhora das armas (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora