Letizia
Svetlana não se aguentava, animada:
- Tizia, você ficou linda!
Olhei para o espelho. Meu cabelo estava praticamente loiro e um pouco mais curto. Não havia sinal dos fios castanho-claros, o que realçava meus olhos escuros. Para mim era mais um disfarce do que uma transformação propriamente dita:
- Sim, ficou bom. Vai chamar a atenção.
Seguimos para a sala de tratamento, onde me enfiaram dentro de uma tina enorme de madeira, que depois vim a saber que era uma prática oriental. Na água morna haviam pétalas de rosas, folhas, galhos e cascas de laranja.
Praticamente uma sopa.
Saudades da minha banheira de água gelada.
Uma mulher veio com vários produtos e enquanto eu ficava de molho, com os cabelos presos, começou a massagear o meu rosto. Aplicou uma máscara e pediu que eu aguardasse alguns minutos.
Svetlana sentou perto de mim:
- Posso te passar algumas técnicas, se quiser.
- Técnicas?
Ela continuou:
- Coisas que os homens gostam de ouvir.
- Enganá-los, você quis dizer.
Começamos a rir, juntas.
- Posso perguntar uma coisa íntima?
Vi ali uma oportunidade:
- Só se eu puder perguntar também.
Ficou quieta por um momento e depois concordou:
- Entre Sergei e Giuliano, qual dos dois?
Suspirei:
- Sergei, claro. Giuliano só queria me humilhar, eu não sentia nada com ele.
Quase nada.
Talvez um pouco mais do que gostaria.
Apertei meus olhos com força, tentando me livrar das sensações.
O sentimento permanecia, mesmo que eu me enterrasse em uma geleira.
Depois de algumas horas, saímos para almoçar.
Aproveitei para fazer a minha pergunta:
- Por que é tão reservada sobre Angelo?
Vi a mudança de expressão. Parecia triste:
- Ele se tornou muito possessivo e decidi não vê-lo mais.
- Te agrediu?
- Não, de forma alguma. Mas, eu sou profissional, não ia me aproveitar dele.
Ela ganhava um bom dinheiro atendendo, mas sua vida não devia ser fácil.
Estávamos terminando a nossa refeição quando vi Sergei entrar no restaurante acompanhado de uma moça ruiva, bem alta. Ele vestia um terno azul marinho e carregava um sobretudo nas mãos, atraente como sempre. Se sentaram em uma mesa no canto.
Svetlana virou para mim:
- É a garota da boate, que te falei.
- Ah– desviei o olhar.
Senti um aperto no peito. Inveja? Não que fosse apaixonada por ele, mas eu me sentia muito sozinha. Como se estivesse carregando o mundo nas costas. Meu irmão ficou desequilibrado por um bom tempo, Giuliano e Angelo escaparam, eu tinha que resolver os problemas das duas organizações ao mesmo tempo. Não tinha com quem conversar sobre os negócios.
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A senhora das armas (livro 2)
Acción"Estava olhando de forma fixa para a janela do outro lado da sala, com os braços cruzados, quando ouvi uma voz, bem perto de mim, junto com um cheiro amadeirado, fresco: - Desculpe o atraso. Me virei. Sergei. Era um homem bonito apesar da idade, ve...