Capítulo 23 - O disfarce

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Letizia

Svetlana não se aguentava, animada:

- Tizia, você ficou linda!

Olhei para o espelho. Meu cabelo estava praticamente loiro e um pouco mais curto. Não havia sinal dos fios castanho-claros, o que realçava meus olhos escuros. Para mim era mais um disfarce do que uma transformação propriamente dita:

- Sim, ficou bom. Vai chamar a atenção.

Seguimos para a sala de tratamento, onde me enfiaram dentro de uma tina enorme de madeira, que depois vim a saber que era uma prática oriental. Na água morna haviam pétalas de rosas, folhas, galhos e cascas de laranja.

Praticamente uma sopa.

Saudades da minha banheira de água gelada.

Uma mulher veio com vários produtos e enquanto eu ficava de molho, com os cabelos presos, começou a massagear o meu rosto. Aplicou uma máscara e pediu que eu aguardasse alguns minutos.

Svetlana sentou perto de mim:

- Posso te passar algumas técnicas, se quiser.

- Técnicas?

Ela continuou:

- Coisas que os homens gostam de ouvir.

- Enganá-los, você quis dizer.

Começamos a rir, juntas.

- Posso perguntar uma coisa íntima?

Vi ali uma oportunidade:

- Só se eu puder perguntar também.

Ficou quieta por um momento e depois concordou:

- Entre Sergei e Giuliano, qual dos dois?

Suspirei:

- Sergei, claro. Giuliano só queria me humilhar, eu não sentia nada com ele.

Quase nada.

Talvez um pouco mais do que gostaria.

Apertei meus olhos com força, tentando me livrar das sensações.

O sentimento permanecia, mesmo que eu me enterrasse em uma geleira.

Depois de algumas horas, saímos para almoçar.

Aproveitei para fazer a minha pergunta:

- Por que é tão reservada sobre Angelo?

Vi a mudança de expressão. Parecia triste:

- Ele se tornou muito possessivo e decidi não vê-lo mais.

- Te agrediu?

- Não, de forma alguma. Mas, eu sou profissional, não ia me aproveitar dele.

Ela ganhava um bom dinheiro atendendo, mas sua vida não devia ser fácil.

Estávamos terminando a nossa refeição quando vi Sergei entrar no restaurante acompanhado de uma moça ruiva, bem alta. Ele vestia um terno azul marinho e carregava um sobretudo nas mãos, atraente como sempre. Se sentaram em uma mesa no canto.

Svetlana virou para mim:

- É a garota da boate, que te falei.

- Ah– desviei o olhar.

Senti um aperto no peito. Inveja? Não que fosse apaixonada por ele, mas eu me sentia muito sozinha. Como se estivesse carregando o mundo nas costas. Meu irmão ficou desequilibrado por um bom tempo, Giuliano e Angelo escaparam, eu tinha que resolver os problemas das duas organizações ao mesmo tempo. Não tinha com quem conversar sobre os negócios.

A senhora das armas (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora