Capítulo 11 - Sorte

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Letizia

Chegamos no bar por volta das 9 da noite. Yula olhava com os olhos arregalados. O local estava cheio, os únicos lugares vazios eram no balcão. O ambiente cheirava a cigarro e bebida, com um burburinho causado pelas vozes, na sua maioria masculinas, dos chefes locais e seus subordinados, que conversavam animados.

Entre as mesas, as garotas circulavam com vestidos de seda, em cores fortes, compridos e de alças finas. Como um estranho desfile de camisolas. Loiras, ruivas, na sua maioria com olhos claros, cabelos compridos e olhar distante.

Abri a porta do escritório e encontrei Sergei sentado na poltrona, com as pernas esticadas e cruzadas sobre um pequena mesa de centro. Se levantou:

- Tizia, achei que tinha desistido – me abraçou, levantando as minhas pernas do chão.

- Porque é um bobo – sorri – eu disse que estava a caminho. Tem alguém para cuidar de Yula?

Ele olhou para ela, abriu a porta e Nikolai entrou:

- Tizia, como vai? Hoje eu vou acompanhar a sua assistente. Estará segura comigo.

Pegou na mão de Yula, quando estava saindo com ela, reforcei:

- Nada de bebidas fortes, nem danças. 

Ele riu e foi embora com ela.

Sergei me carregou até o sofá:

- Demorou, problemas nos negócios?

Me arrumei entre as suas pernas, ficando de joelhos, encostando sua cabeça na minha barriga e passando as mãos nos seus cabelos:

- Eu quero te pedir um favor.

Pegou nas minhas mãos, segurando meus pulsos e me fazendo sentar no seu colo:

- Está com um problema, hum?

Cheguei perto do seu rosto e o beijei, com vontade. Ao me soltar, respondi:

- Não sou eu que estou com problema, é um amigo.

Ele olhou para mim, sério:

- Quem pediu para você vir falar comigo?

Me desvencilhei dele e andei até a sua mesa de trabalho:

- Vou falar a verdade, ok?

Ele estava com os cotovelos apoiados nas pernas, segurando o isqueiro que eu havia dado de presente:

- Estou esperando.

Virei de frente para ele, encostada na mesa.

Respirei fundo e decidi falar tudo de uma vez:

- O repasse de Bogdan, vinte e cinco por cento, você não consegue baixar?

Ele veio até mim, com a voz alterada:

- Não acredito que está negociando em nome do romeno! Foi ele que pediu?

Sentei na mesa:

- Se não for possível, eu pago para você o valor anual de 10% ao mês, para você manter 15% para ele nos próximos dois anos.

Ele cerrou os punhos, batendo na mesa do meu lado, com força:

- Tizia, por que você quer fazer isso? Está de caso com ele?

Estava enfurecido. Engoli a seco:

- Não. Eu só não quero ter que entrar em uma guerra com ele, porque se você for, eu vou também, mesmo sabendo que conseguiria destruí-lo sozinho. Eu nunca faria nada contra você.

A senhora das armas (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora