Capítulo 27 - Conquistas

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Letizia

A comissária veio me avisar que estávamos em procedimento de pouso na Sicília. Os carros já estavam esperando na pista particular.

Saí direto para a casa de Angelo, que agora seria de Giuliano. Estava atrasada.

Ao chegar, haviam muitos seguranças na entrada, por se tratar da reunião do conselho.

Olhei para baixo, tinha optado por vestir um conjunto de calça e blusa azul marinho, que fazia contraste com meus novos cabelos, quase loiros. Salto alto, maquiagem leve e batom.  Achei que estava apresentável para uma reunião desse porte.

Fui recebida pelo consigliere da casa:

- Sra. Letizia, o Don a aguarda na frente do escritório.

- Obrigada.

Andei apressada, atravessando as salas, um pouco incomodada com o barulho do salto no chão de madeira, que de tão encerado parecia um espelho.

Giuliano estava de pé, com um terno cinza e as mãos nos bolsos. Bonito.

Me aproximei dele, que estendeu a mão para mim. Peguei na sua mão, ele sorriu ao notar que estava fria.

A porta se abriu e entramos de mãos dadas.

Havia somente uma cadeira vaga, na ponta da mesa, que era do Don. Ele sentou e eu me encostei no seu lado direito, em pé. Senti seu braço envolver minha cintura. Coloquei minha mão gelada por trás do seu pescoço.

O resultado da votação para me incluir no conselho tinha sido um empate. Perguntei para Giuliano o que isso queria dizer, ele passou as mãos pelas minhas costas tentando me acalmar. Seu voto não seria aceito, pois ele tinha feito a solicitação. Disse para todos que eu era a responsável pela melhora nos resultados dos negócios.

Ele fez uma contraproposta: que eu fosse considerada um membro, mas sem poder de voto.

Migalhas, novamente. Me afastei, frustrada.

Enquanto decidiam, Giuliano me puxou e disse em voz baixa:

- Pode votar por mim, nas reuniões.

Sorri, mais animada. Ele se levantou para que eu sentasse. Segurei a sua mão, prestando atenção no que os outros membros estavam conversando.

Até que chegaram a um consenso, eu seria considerada um deles, mas não votaria.

Teoricamente.

Eu era a primeira mulher no conselho italiano, que votaria pelo Don, o que poderia ser considerado uma vitória.

Agradeci a todos. A reunião foi encerrada e meu nome incluído no livro.

Esperei que saíssem, me sentei em cima da mesa. Trouxe Giuliano para perto de mim, passei as mãos pelos seus cabelos.

Me sentia feliz. Como se tivesse cumprido a promessa feita ao meu pai.

O abracei:

- Esse foi um dos melhores dias da minha vida.

Ele levantou meu rosto:

- Você merece.

Fomos interrompidos por Angelo:

- Filho, precisamos conversar.

Desci da mesa:

- Vou deixá-los à sós.

Saí em direção à sala principal, sendo interceptada pela governanta:

- Sra. Letizia, suas bagagens estão no quarto de hóspedes, conforme solicitado pelo Don.

A senhora das armas (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora