Capítulo 36 - Svetlana

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Giuliano

Acompanhei Nikolai até a clínica e fiquei aguardando na sala de espera.

Ele estava transtornado, pois sabia teria que assumir a criança e que Letizia contaria tudo para Svetlana, além de lhe repreender, quando o encontrasse.

Assim que colheu os exames, voltamos para casa e o levei para ver o menino.

Fiquei encostado na porta, observando.

Zoya era muito jovem, e balançava o bebê de um lado para o outro, sua inexperiência era evidente. Nikolai a cumprimentou, e perguntou se podia vê-lo. Um pouco assustada, permitiu.

Assim que ele o pegou no colo, vi que começou a sorrir, com um certo orgulho.

O que significava que estava feliz por ter um herdeiro.

E o pior: talvez não gostasse tanto de Svetlana.

Resolvi deixá-los a sós.

Desci as escadas em direção ao escritório, com meu celular nas mãos e telefonei para Letizia:

Ouvi sua voz, tensa:

- Giuliano, estou no hospital.

- Que aconteceu?

- Svetlana passou mal com a notícia, mas já está recuperada. E Nikolai?

- Voltamos da clínica e o deixei conversando com Zoya.

- Como foi?

- Acho que ele gostou da criança.

Ela ficou alguns segundos em silêncio.

Suspirou:

- Bem, nos encontramos em casa. Precisamos conversar, todos juntos.

- É melhor – concordei.

Voltei para o quarto de hóspedes e chamei Nikolai de lado:

- Tizia vai vir mais tarde, com Svetlana.

Ele ficou sério:

- Vou descer assim que elas chegarem.

Pude notar que Zoya já estava mais tranquila. Os dois conversavam em voz baixa, ele estava com uma das mãos no seu ombro.

Fui para o escritório, me sentei na mesa, abrindo meu computador, comecei a trabalhar. Fiz algumas ligações para meu consigliere, pois pelo visto ficaria mais tempo do que o planejado em Moscou.

A casa estava vazia, Letizia havia levado sua equipe e alguns homens para a casa de campo, o que no final foi acertado, permitindo que tivéssemos mais privacidade para cuidar desses assuntos, evitando comentários.

Acabei almoçando rapidamente, na cozinha e voltei para revisar os relatórios financeiros. Após as mudanças inicialmente sugeridas por Letizia, os negócios decolaram. Nossos lucros duplicaram em seis meses, minha posição como Don estava consolidada.

Graças à ela, eu comandava as famílias, com facilidade.

Jamais a deixaria. Tinha tudo planejado, caso o filho de Zoya fosse meu. Tentaria fazer um acordo com o conselho russo, pagaria o que fosse preciso.

Não desistiria dela, nunca.

Essa era a maior diferença entre o meu casamento e o de Nikolai, aparentemente.



Letizia

Recebemos a confirmação que Nikolai era o pai de Petro. Estávamos na sala de reunião, sentados lado a lado, aguardando ele aparecer. Svetlana tinha um olhar frio e distante, o que me preocupava.

Nikolai abriu a porta e fiz sinal para que se sentasse na nossa frente.

Ela levantou e se serviu de um copo de vodka.

Avisei:

- Você tomou um calmante, no hospital. Não devia misturar.

Ele perguntou, assustado:

- Hospital?

Ela sentou, sem olhar para ele, mantendo a bebida nas mãos.

Giuliano respondeu:

- Teve um desmaio.

Peguei o copo das mãos dela, dando um gole:

- Nikolai, vamos ao que interessa. Pelas nossas regras você vai reconhecer essa criança e ajudar no seu sustento. Como não estava casado na época, Zoya não será considerada sua amante.

Balançou a cabeça, concordando:

- Não vou fugir das minhas obrigações. Mas, vou trazê-lo para minha casa.

Svetlana ficou em pé, parecia calma:

- A criança tem um mês, vai precisar da mãe junto com ela. Sendo assim, eu vou embora.

Tentei intervir:

- Não precisa ser dessa forma.

Ela piscou, lentamente para mim:

- Tizia, ele só vai trocar uma garota por outra. A diferença é que eu tenho mais dinheiro que ela, sempre fui a mais cara de todas. Quero o divórcio.

Giuliano segurou a minha mão, vendo que eu estava nervosa.

Quis confirmar:

- Tem certeza?

Passou as mãos pelos cabelos loiros, sorrindo de uma forma amarga:

- Sim, pretendo reabrir minha agenda. Tenho certeza que meus antigos clientes vão ficar felizes.

Nikolai bateu o punho na mesa, com força, se levantando:

- EU NÃO VOU TE DAR O DIVÓRCIO! VOCÊ ESTÁ PROIBIDA DE SAIR DE CASA!

Ela começou a rir:

- Não preciso me submeter a essa humilhação, ficar embaixo do mesmo teto com Zoya e seu filho. Vou me separar de você, querendo ou não.

Pegou a bolsa e saiu da sala, batendo a porta.

Ele tentou segui-la, sendo impedido por Giuliano, que o fez sentar novamente.

Tomei o resto da vodka de uma vez e respirei fundo, olhando para ele:

- Svetlana é minha amiga, e vou apoiá-la. Ficou claro para mim que não gosta dela como eu pensava. Sou sua chefe e já aviso que é melhor assinar a porcaria desse divórcio e não arranjar problemas. Vou mandar Zoya para sua casa, amanhã.

Giuliano me segurou pela cintura:

- Terminamos por aqui, Nikolai. Tizia está cansada. Espero que não se arrependa por ter sido um idiota, deixando sua mulher ir embora.

Saímos para a garagem, entrando no carro, em direção à casa de campo.

No caminho, consegui falar com ela, estava hospedada no Metropol. Prometi que ajudaria com a mudança e disse que poderia ficar conosco, até que arranjasse um lugar fixo.

Eu a conhecia bem, e sabia que não ia voltar a atender. Só tinha falado aquilo para irritá-lo.

Além de muito bonita, era elegante, tinha classe. Falava vários idiomas, tinha estudado. Não seria difícil arranjar alguém.

Mas eu queria saber o que Nikolai realmente sentia por ela. Se havia alguma chance deles se acertarem. Para isso, ele teria que ser provocado ao extremo.

Então lembrei que Ivan ficou impressionado, quando a conheceu.

Encostei minha cabeça no peito de Giuliano, olhando a estrada pela janela e sorrindo, enquanto arquitetava meu plano.

A senhora das armas (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora