Capítulo 28 - Verdades

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Letizia

"Você foi feita para comandar"

"Sentimentos atrapalham"

"Prometa que não se desviará do caminho"

Acordei, assustada.

Giuliano não estava no quarto.

Abri o chuveiro, sentindo a água morna relaxar meus músculos. Sacudi a cabeça, tentando mais uma vez esquecer as palavras do meu pai.

Terminei de me vestir. Fui até o espelho, arrumei meu cabelo, fiz uma nova maquiagem. Tentei sorrir para aquela pessoa que já não mais reconhecia.

Uma traidora.

Sentei na cama e suspirei, pensando no meu futuro.

Se aceitasse ficar, seria a prova do meu fracasso.

A angústia tomou conta de mim. Seria muito mais fácil voltar para Moscou e manter uma relação amigável, puramente comercial. Comparecer às reuniões do conselho quando necessário, frequentar sua cama de vez em quando e seguir com a minha vida, como já tinha feito antes.

Solitária.

Meu telefone tocou. Olhei no visor: Svetlana. Fiquei preocupada:

- O que foi?

- Tizia, por favor não faça nada contra Nikolai.

Não estava entendendo nada.

- Por que eu faria algo contra ele?

- Nikolai me disse que Ivan já sabe que ele era o informante.

Senti a raiva tomar conta:

- Não minta para mim. Você sabia?

- Ele me contou, hoje pela manhã. Por favor, eu estou pedindo, por mim.

Começou a chorar. Respirei fundo:

- Desde quando você se tornou tão apegada aos seus clientes?

- Eu gosto dele, Tizia. Estávamos fazendo planos, eu ia abandonar tudo por ele.

Sentimentos.

Fiquei quieta por um momento, até decidir:

- Vou pensar, mas não prometo nada.

Ela continuava a soluçar:

- Obrigada.

Desliguei. Enviei uma mensagem para Ivan, que deixasse Nikolai livre até segunda ordem.

Desci as escadas lentamente, na esperança de ter uma resposta para os meus dilemas quando chegasse no último degrau.

O que obviamente não aconteceu.

Me dirigi para a sala principal, em silêncio. Ouvi Giuliano conversando com Angelo, a porta estava encostada. Aguardei do lado de fora, ele parecia alterado:

- Não vou me afastar dela, pai.

- Vai ficar cedendo até quando? A aceitou de volta, colocou-a no conselho, é a segunda no comando, não vai ter herdeiros. E o que ela fez? Ameaçou me matar, tomou o seu lugar, bloqueou nossas contas. Ela não tem nenhuma consideração por você. Se não fosse por Manoela, estaríamos mortos.

Ele não deixava de ter razão. Eu fiz tudo aquilo mesmo.

Giuliano continuou:

- Eu a quero comigo, mesmo assim.

- Está cego. Vai me dar razão, quando ela se voltar contra você.

Fechei meus olhos, puxei o ar inflando meu peito. Coloquei minha mão na maçaneta gelada, entrando na sala.

A senhora das armas (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora