Capítulo 19 - Animosidade

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Letizia

Parei o carro em frente ao Metropol. O melhor hotel de Moscou era conhecido por ter um restaurante bonito e requintado.

Deixei as chaves com o manobrista e só então me dei conta que estava com minhas roupas de treinamento, calça montaria com botas de cano alto, blusa de lã e jaqueta de couro. Havia saído tão rápido e tão irritada de casa, nem pensei em trocar de roupa.

Mas as pessoas sabiam quem eu era, e ninguém teria a coragem de me barrar.

Passei pela hostess, que me recebeu com atenção e sentei perto da janela. O restaurante não estava muito cheio, passei os olhos pelo local e vi Svetlana em uma das mesas no outro canto. Acenou para mim. Sorri para ela. Não fui até lá, porque deveria estar esperando algum cliente.

Chamei o garçom e pedi uma dose de vodka, pães, queijos e outros frios para acompanhar. Não tinha muita fome, só queria sair do mesmo ambiente que Giuliano.

Faltava pouco para que meu objetivo fosse alcançado e então poderia voltar para minha zona de conforto. Pensava em expandir meus negócios para a Ásia, talvez comprar um local para estabelecer uma base.

Quem sabe Sergei estivesse interessado também.

Tirei meus olhos da janela e virei para a mesa, vendo Svetlana ao meu lado. Estava bonita como sempre, com um vestido verde, mais longo e um casaco de pele. Fiz sinal para que sentasse:

- Tizia, está sozinha?

- Estou. E você?

Ela riu:

- Meu cliente deu o cano. Acabou de enviar uma mensagem, teve um problema.

- Pensei que continuasse atendendo Sergei.

- Não, faz tempo que me dispensou. Ouvi dizer que está com uma das garotas do bar.

Franzi a minha testa:

- Estranho.

- Como vai a vida de casada?. Algumas garotas tentaram oferecer os serviços para seu marido, mas recusou todas. Dizem que é um homem atraente.

Pensei em voz alta:

- Claro, pois tinha a mim, de graça.

- Como assim?

Tomei o restante da minha bebida:

- Me tratava pior do que elas.

Pegou nas minhas mãos:

- Isso é horrível. Contou para seu irmão, ou mesmo Sergei? Se quiser posso...

Interrompi:

- Não faça isso. Há um bom motivo para eu ter aguentado tudo, calada. Eu poderia matá-lo facilmente. Prometa que não vai  comentar com ninguém.

- Sim, não vou falar nada. Você está bem?

- Fui treinada a minha vida toda para suportar surras e torturas.

- Meus Deus, Tizia. Ele te bateu?

Tentei esboçar um sorriso:

- Antes fosse – desviei o olhar – quando está com um cliente, pode acontecer de gostar?

Olhou séria para mim:

- Às vezes, é raro. Mas você sentiu algo com ele?

- Só humilhação. Mas na última vez, foi diferente. Fiquei com raiva de mim mesma e comecei a chorar.

Continuou:

- E depois?

- Não me procurou mais.

Ela se encostou na cadeira, pensou um pouco:

A senhora das armas (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora