Capítulo 14 - Devaneios

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Letizia

Voltei para casa pela manhã. Fui procurar Ivan no ginásio. Ele me disse que o treinamento de Svetlana estava quase finalizado:

- Tizia, ela já consegue atirar bem com as pistolas comuns. Amanhã será a última aula.

- Ótimo. Pode dar uma Taurus para ela, acho que ainda temos algumas. Diga que foi um presente meu. Ah, forneça munição também, e oriente a comprar sempre em um dos nossos postos de distribuição, vou deixar avisado para ela ter desconto.

Ele olhou para mim:

- Por que quis treiná-la?

Percebi que havia um interesse maior por trás daquela pergunta:

- Porque ela é uma acompanhante, Ivan. De homens da máfia, na sua maioria. Nem todos são boas pessoas e além disso muitos deles tem inimigos, ela pode correr perigo.

- Com quem ela está agora?

- Sergei.

Ivan tossiu, surpreso:

- Como assim? Vocês não estão...

Sorri:

- Nós não temos nada fixo. Não quero e nem posso me envolver com ele.

Franziu a testa:

- Vocês são muito modernos para o meu gosto.

- Não é questão de modernidade. Svetlana é profissional, uma mulher bonita que sabe agradar os homens. Sergei tem suas necessidades e como eu disse, não temos compromisso.

Mais um olhar cheio de julgamento, dessa vez vindo dele. Já estava acostumada.

No fundo, todos esperavam que estivesse apaixonada e sofrendo. Menos eu. Às vezes eu me questionava se havia algo errado comigo.

Yula apareceu, dizendo que meu irmão havia deixado um recado para que eu telefonasse para ele.

Fomos para o escritório.

Nico descobriu que tinha um filho, de uma de suas antigas namoradas, Gisela. Nunca simpatizei com aquela moça. Parecia bem falsa para o meu gosto. Mas, pelo menos agora havia um herdeiro.

Achei até bom isso ter acontecido. Porque eu não pretendia ter filhos. Manoela aceitou bem e ele estava tranquilo. Também confirmei que já tinha deixado tudo pronto para a chegada da tal Isabela, que estava fugindo de um casamento forçado. É lógico que eu ajudaria, sempre me revoltei com essa história dos italianos e seus casamentos de conveniência.

Pedi que deixassem o quarto de hóspedes pronto para ela, em outra área da casa. No início teria que ficar isolada e não circular pelas áreas comuns, até decidirmos para onde iria de forma definitiva.

Isabela chegou pela manhã, no dia seguinte ao seu suposto noivado. Era uma menina, realmente. Muito jovem para se casar com um dos Salermo. Me agradeceu e seguiu com suas malas para os seus aposentos.

Os dias se passaram, até que Sergei solicitou uma reunião comigo, à tarde.

Estava em uma ligação com meu fornecedor, na verdade em uma discussão, porque ele queria aumentar o preço das granadas. No final, consegui convencê-lo a manter até o próximo ano. Terminei a chamada, um tanto irritada.

Olhei para a porta e o vi, de pé. Estava bem arrumado, cabelos cortados, barba aparada, vestindo um terno cinza, camisa branca e sapatos italianos.

Sorri:

- Deve ser sério, para você vir tão arrumado.

Ele veio até mim, beijou minha testa e sentou no sofá:

A senhora das armas (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora