Capítulo 39

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O caminho até em casa foi tão tranquilo, ter meu pai de volta como era antes me faz ficar feliz, me ter como a filha que sempre fui me faz sentir feliz.

E lá estavam eles, não imaginei que isso um dia fosse acontecer, lá estão eles em minha porta quase arrombando a porta, da Beatriz eu esperava isso.

—Abre isso agora Ana Luísa, vou quebrar a sua porta ao meio se nao colocar essa fuça pra fora—bate mais uma vez na porta.

—Para amor, desse jeito teremos que pagar outra porta—reclama Maya.

—Nada disso, bate mais nisso aí, tá muito pouco—dessa vez quem mete a porrada na porta é Débora.

—Anda sua kenga, sei que está aí.

—Querem mesmo quebrar a minha porta? —meu pai se pronúncia e ambas se assustam.

—Oi seu Roberto, tava só batendo e ninguém abre essa bosta—diz Beatriz toda cínica—Eu vou arrastar a sua cara no chão, que saudades—corre em minha direção e me dá um abraço apertado.

—Tava com a cabeça aonde se achou que iríamos deixar tu meter um louco e se esconder de todo mundo? —Débora fala e também me abraça.

Logo Maya aproxima seus braços ao meu redor também.

—Sentia saudades da minha guru dos relacionamentos.

Entramos e eu chamo elas para poder entrar, posso viver a minha vida inteira  longe das pessoas que amo porém eu quero experimentar viver ao lado deles, isso deve machucar tanto, viver com essa dor sozinha quando tem pessoas dispostas a te ajudar ao seu lado.

—Eu senti tanto a saudade de vocês—são as únicas coisas que consigo dizer depois de minutos em silêncio.

—Pq deu uma de louca e se escondeu de todo mundo então?

—Eu só estava com medo de tudo o que tava acontecendo, eu só queria ficar sozinha, estava com medo do julgamento de todo mundo, estava com medo de encarar a realidade da minha vida—digo e isso já é um grande progresso.

Lily disse que quando sabemos o motivo do nosso problema, é resultado de um grande avanço.

—Tá tudo bem, a gente tá aqui—Beatriz que estava ao meu lado me abraça com as mãos livres e me sinto segura.

—Eu odeio te ver desse jeito, você é uma garota tão sorridente e de bom humor, te ver desse jeito me faz querer saber aonde está a antiga Ana Luísa—Débora que estava a alguns centímetros de distância se queixa.

Ela está morta.

Não conseguirei nunca mais trazer a antiga Ana Luísa que não sabia a merda da vida dela, que o pai é um idiota que só pensa em si próprio.

—Ela está em estado crítico, anda muito mal e está infartando aos poucos—digo e isso me faz rir.

—Além de isolada ela é psicopata agora—todos sabem de quem uma frase como essa viria.

—Beatriz—Maya e Débora repreende a loira que ainda estava com seus braços ao meu redor.

—Acho que deveríamos sair, quero muito um açaí de novo, eu tô desejando muito—Débora comenta e eu concordo, essas semanas eu andei comendo qualquer coisa, e só comia quando era obrigada pelo meu pai.

Então fomos andando pois a vida de pobre é desta forma, era o fim de tarde, o sol que estava se pondo era a coisa mais linda da mundo, o céu que misturava três cores:azul, roxo, rosa, e talvez um pouco de laranja.

—Vão querer do q?

—Pode ser um normal mesmo, esses recheios me fazem ter algum tipo de enjoo—todas elas olham pra minha cara com seus olhos totalmente arregalados—Parem com isso.

Sᴇᴍᴘʀᴇ Fᴏɪ Vᴏᴄᴇ̂ -OʀᴜᴀᴍOnde histórias criam vida. Descubra agora