Sᴇᴍᴘʀᴇ Fᴏɪ Vᴏᴄᴇ̂ -Oʀᴜᴀᴍ

Capítulo 17

Flashback

Meu primeiro emprego estava indo a mil maravilhas, agora poderia ajudar nas despesas de casa e meu pai jamais trabalharia em dois empregos para termos comida dentro de casa. Assim que termino de aspirar o chão só faltava apenas o quarto da filha dos patrões. Eu estava trabalhando como doméstica já tem 1 mês, eles eram uma família tradicional como um casal que tinham uma filha, ela tinha tudo do bom e do melhor então nunca precisou trabalhar cedo ou sequer pensar nessa possibilidade.

-Com licença-digo assim que entro dentro do quarto da garota para arrumar, o quarto era bem arejado, tinha uma cama enorme para apenas uma garotinha pequena dormir, sem contar na TV e nos aparelhos eletrônicos que ela mal tocava, eles estavam a acumular poeira já.

-Quero que deixe isso com um brilho enorme, irei receber o meu namorado hoje-se gaba como se eu quisesse alguém para atrasar a minha vida.

-Sim senhora-pego então o limpador e já começo a tirar as poeiras de todos os objetos.

-Sabe Ana, eu acho que você deveria ter um namorado, eles são as melhores coisas do mundo.

-Não penso nisso, diferente de você eu vou ter um futuro bom.

-O que foi que disse empregadinha?

Eu não gostava que me chamassem assim, o povo acha que só pq trabalhamos limpando casa e aguentando desaforo dos outros e um trabalho ruim, eu me sinto privilegiada por trabalhar aqui, não estou por aí no mundo fazendo nenhum crime ou outra coisa de ruim. E isso me deixa bastante feliz.

-Nada-eu vou aguentar isso pelo meu pai que dá todo seu melhor para me ver feliz.

-Acho bom mesmo, olha tá sujo aqui-vejo ela jogar um jarro que pelo que sei a sua mãe pagou uma fortuna por isso em um leilão, no chão.

E então sei o que as demais trabalhadoras domésticas passam, eu não tenho sangue de barata e eu não vou deixar que ela me trate de tal maneira.

-Limpa você-começo a encarar a cara de cínica daquela garota.

Não é a primeira vez que ela faz isso, foram incontáveis vezes que ela ultrapassa o limite e acha que eu não vou fazer nada, eu me sinto uma inútil quando estou perto dela, ela tem dinheiro, status e eu sou apenas eu. Não importa o que faça ela sempre vai ser a certa da história.

-Quer perder seu emprego sua inútil? Acho que o seu pai precisa do meu dinheiro-não sei como ainda estou me controlando, nunca fui de brigar porém sinto uma imensa vontade de bater nessa garota.

-Eu não sou inútil, estou fazendo algo que preste diferente de você, eu trabalho desde cedo para colocar alimento dentro de casa e você ainda quer dizer que eu sou inútil? Garota me dá licença-tiro o avental e já estou pronta para sair dali, posso passar fome porém não vou ser mais humilhada aqui.

-Esqueceu de algo-ela joga o suco de laranja que estava tomando todo na minha cara.

Ok Ana Luísa se controla, está tudo sobre controle, ou talvez não, você é mais forte do que isso.

Não digo mais nada e já saio do quarto de imediato, eu sinto a enorme vontade de chorar, como pude aguentar isso por tanto tempo? Na verdade ela estava certa, eu era uma total inútil, tudo o que eu faço acaba em fracasso. Já perdi dois empregos por conta disso, eu nunca consigo me segurar e ainda vou ter que escutar o sermão do meu pai assim que chegar em casa. Passo pela sala em silêncio, quero pegar a minha bolsa e ir embora o mais rápido possível, essa casa irá me dar pesadelos por um longo tempo.