Capítulo 35

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Nunca me imaginei em tal situação, desabafando por completa, sozinha no meio do mato. Sempre fui desse jeito, sou covarde o suficiente para poder assumir meus problema, sempre resolvo quando a poeira baixar, dessa vez é diferente. Descobrir que a minha vida inteira foi uma farsa, pais mentirosos, uma vida de mentira.

Neste momento eu prefiro chorar até não aguentar mais, meu olhos já estão começando a arder de tanto chorar, sem contar no inchaço que sinto.

Esse sentimento é uma loucura, acabei de perceber que ela é o motivo de tudo isso, Marta é a dona dos meus problemas, se eu não tivesse uma mãe problemática que carrega um furacão por onde passa, talvez eu estaria no Rio De Janeiro ao lado de Oruam, esperando pelas nossas aventuras. Como pude abandonar tudo o que conquistei por conta dessa mulher? Me arrependo de ter sequer chamado de algum nome materno, quero ter distância disso. Se toda vez que nos virmos acabar deste jeito, não sei se irei aguentar.

***

Já deve ter passado algum tempo, o sol parece mais quente do que o habitual então já deve ter iniciado o ciclo da tarde, não vou encarar meus pais agora, se é que posso chamá-los assim. Me levanto com toda a força que consigo reunir, chorar por horas me deixou fraca de certo modo porém preciso sair daqui.

Não tenho muitas opções para onde ir porém sei da pessoa certa que deixará eu passar a noite em sua casa ou pelo menos algumas horinhas lá.

Caminho por uns minutos, não me importo o quão possa ser longe, contanto que eu esteja longe daquele inferno está ótimo, esse sol é realmente meu inimigo pois parece ter o incrível poder de queimar meus pés sobre os matos e minha pele frágil.

—Oie Lu, o que aconteceu? Pode entrar—Maya me dá passagem para que eu entre—Biah teve que resolver problemas porém já está de volta, quer um copo de água?

—Quero sim mah, aconteceu um negocio e estou ainda tentando processar tudo isso.

—Se quiser desabafar, já ganhei meu diploma em enfermagem porém posso tentar dar uns truques psiquiátrico—ela zomba e não evito um sorriso, tudo o que eu preciso agora.

—Meu pai na verdade é o Barão, o querido senhor Brenno—solto e ela quase cai para trás de tanto choque.

—Puta que pariu, seus pais são uns filha da puta, com todo respeito—nego com a cabeça.

—Você está totalmente certa, fugi de casa e agora parei aqui, nesse apartamento de vocês—digo ainda com o copo de água em mãos.

—Pode ficar aqui até quando desejar, sei que esse negócio de pais são algo complicado—abre um sorriso meio triste.

Sei o quanto ela já sofreu, o preconceito de seus pais em relação a seu namoro com a Beatriz, alguém como elas só querem ser feliz, as vezes para muitas ter a aprovação dos pais já é um passo nessa escada para a felicidade e os pais de Maya não entenderam seu tipo de pessoa para se relacionar, de uma forma boa. Sinto dó deles, se distanciaram de uma menina tão legal, que ajuda seus amigos e se importa com todos, sempre alegrando todos e principalmente sua namorada a Biah.

—No final eu só não quero magoar ninguém porém eu sou a pessoa magoada—começo a desabafar—Seria um pecado criar uma guerra com meus pais, eu me sinto tão traída, esse tempo interior me fizeram de palhaça com essa vida.

—Já parou para pensar que eles não te contaram antes pois você era pequena demais para assimilar tudo isso?

—E algo tão embaraçoso que eu mal consigo construir uma postura, descobrir que meu pai verdadeiro me negou dói no fundo da alma.

Sᴇᴍᴘʀᴇ Fᴏɪ Vᴏᴄᴇ̂ -OʀᴜᴀᴍOnde histórias criam vida. Descubra agora