Sentimento confuso

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Amanda

Era tudo muito confuso na minha cabeça. Entrar aqui com ele grudado no meu pulso foi muito intenso.
Eu ainda lembro de abrir os olhos, ver a casa e depois vê-lo. O abraço. O cheiro dele.
Os dias passaram e a nossa conexão se intensificou. Eu simplesmente não conseguia desgrudar dele. E quando eu tentava isso ele não permitia.

Falei de outro amores. Ouvi ele falar também.
As vezes eu tinha certeza que era só amizade. Massa vezes eu me pegava pensando: e se não for?

Ele me divertia, me botava pra cima, me defendia. Sentia minhas dores antes de mim. Ele me olhava. Me percebia. Me notava.

Mas claro que como amiga. Claro. Não tem chance de ser outra coisa.

Eu sei que ele procurava a minha mão. Eu sei que debaixo das cobertas as nossas pernas dormiam entrelaçadas. Eu sei que as vezes o nosso olhar era confuso. As vezes o toque da minha boca no pescoço dele arrepiava.
Eu sei. Eu via isso tudo.

Mas é lógico que é amizade. Claro que sim. Ele não me olharia de outra forma.

Mas aí o dia 15 de março amanheceu diferente e todas as minhas certezas de amizade foram pro beleléu. Um café da amanhã especial e uma frase que tirou o meu sentido:

"Todo mundo queira uma Amanda. E eu também. E aí eu encontrei."

Eu me senti escolhida. Ele me encontrou? Ele procurou por alguém como eu? Procurou por mim?

Nós passamos o dia juntos, mas era diferente. Conversamos sobre tudo. Sozinhos. Nos olhando. O toque das nossas mãos tava diferente, sabe?
Lembrei de quando a Aline me contou que entre ela e o Igor foi assim também. Primeiro uma conexão de amigos. Depois o amor.
Será que isso seria possível?
Pedi a Deus um sinal. Uma confirmação. Um direcionamento.

"Pai, se for isso mesmo, me mostra. Eu não sei como, mas eu preciso enxergar o que eu sinto. Tá tudo tão confuso. Se eu não entender, deseeenha. Mas me ajuda."

Ela chegou. O sinal em forma de mulher.
E claro que não. Claro que não era possível existir algo além de amizade entre mim e o Antônio. Ficou tudo claro pra mim. Era só amizade mesmo. Da minha parte também, porque quando eu o vi sem desgrudar os olhos dela eu já sabia que eles iam ficar. E isso não me incomodou naquele momento. Muito pelo contrário.
Claro que eu apoiaria ele. Se ele realmente se interessou... que fiquem então.

An: não po. Eu to de boa. Eu tava observando ela pra saber o que tava rolando. Não tava paquerando não. Que é isso, mami? Tava não. Juro.

Ouvi ele falar, mas não batia a conta. No fundo eu via um novo Antonio. Atirado. Gostando de ser empurrado pra ela.
Talvez o ego massageado. Sei lá. Pouco importa.

A festa chegou e após a meia noite teríamos um motivo a mais pra comemorar. O aniversário dele. Eu esperei tanto por isso. Queria que o dia dele fosse especial e faria de tudo pra ele se sentisse importante.

An: amandinhaaa, meia noite já.
Am: sério? Vem caaaa, cara. Me abraça aqui. Parabeeeens. Eu só posso pedir a Deus sucesso pra vc hoje. Você merece tanto.
An: te amo tanto, amandinha. Brigado. Te amo, te amo.
Am: eu também te amo. Muito.

Eu me sentia tão feliz no abraço dele.

As outras pessoas se aproximaram e parabenizaram ele. Tinha bolo. Ganhei o primeiro pedaço.

Ele bebeu muito. Mais que todos os outros dias.
Tiramos foto. Rimos, dançamos.
Mas uma coisa me afastava dali. Um incômodo. Um nó na garganta.

Resolvi dormir mais cedo. Não queria atrapalhar o lance dele com ela. Eu sabia que se eu estivesse por ali ele se sentiria na obrigação de me dar atenção e eu não queira isso.
Me afastei o quando pude. Percebi olhares. Flertes. Os vi no quarto embaixo das cobertas e me retirei.
Sai dali com um sentimento estranho.

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