Crise

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ANTONIO

Atordoado. Esse é o termo.
Desde que soube que será necessário um reparo cirúrgico no meu joelho. Todos os meus planos de lutar ainda esse ano parecem se esvair entre os meus dedos.
Tudo que eu queria era estar nos braços dela. Sentindo o cheiro dela que me acalma e me acalenta. Mas até entre nós as coisas parecem não andar.
A dúvida da Amanda em relação a nós dois me deixa tenso. Ansioso.

Caralho. A gente se ama. O que precisa mais além disso?

Eu não queria sentir que a mídia e a pressão dos fãs está nos atrapalhando. Mas está. E muito.
As vezes eu sinto que algumas pessoas querem nos afastar.
As vezes eu sinto que a Amanda não me quer.
As vezes eu sinto que eu podia fazer mais por nós. Mas como?

Fiquei sem cabeça pra resolver as questões da viagem de volta pro Brasil e deixei tudo nas mãos no Lê.

An: hoje? Como assim?
L: hoje e daqui há 3 horas. Corre. Faz as malas.

Sai feito louco pela casa. Arrumei tudo. Não demorou até eu estar no aeroporto.
Antes de embarcar mandei uma mensagem pra ela avisando que eu tava indo.
Ou pelo menos tentei.
Escrevi a mensagem e por alguma motivo não apertei o botão ENVIAR.

Desembarquei no Rio.
Nada dela.
Nem sinal de vida.

De longe eu vi o dindinho me esperando com o mesmo sorriso de sempre no rosto.

M: e aí, cara? Da aqui um abraço!! Ce tá bem?
An: não né? Porra de uma cirurgia pra fazer.
M: eeeei... relaxa. Amanhã você já faz os exames e na segunda já faz a cirurgia. Vai dar tudo certo. Mas é só isso? Que cara é essa?
An: normal. A cara feia de sempre.
M: nada normal aí. Fala logo, vai. Cadê Amanda? É ela, né não?
An: caraaaalho. Eu não consigo esconder nada mesmo de você, né?

Contei a ele todas as minhas inseguranças em relação a nós dois. E depois de ouvir atentamente ele me aconselhou, como sempre.

M: pô, Juninho. Casa com essa mulher, irmão. Gruda nela e não larga mais, porra. Tá esperando o que? Tá esperando chegar outro aí na jogada? Fica nesse vai e não vai... uma hora vocês cansam disso, tá? Vocês não se amam?
An: pô, dindinho! Pra Caralho. Eu amo Amanda de verdade. Mas eu não sei se a hora certa é agora. Eu não quero atrapalhar ela. Não quero pressionar ela. Agora por exemplo. Ela não me respondeu nada sobre eu ter chegado. Na real, não sei não. Não sei se a Amanda me ama também.
M: que? Ta maluco, caralho? Claro que vocês se amam. Só precisam ter paciência pra não perderem esse momento de vocês. Fala com ela. Manda outra mensagem. Vai. Pega a porra desse celular aí e vai atrás da tua mulher, muleque.

Abri a mensagem e caraaaalho!! Não mandei. Por isso ela não respondeu. Antes que eu escrevesse alguma coisa apareceu uma mensagem dela.

Am: como assim você chegou no Brasil?
An: oi, amor. Eu só fiquei sabendo 3 horas antes de embarcar. Escrevi a mensagem mas não mandei pra você. Não sei o que houve.
Am: humrrum. Ta.
An: Amandinha, por favor.
Am: ai Antonio, quer saber? Dorme. Descansa da tua viagem aí. A gente se fala depois.

Fria e mais distante ainda. Que saco.
Não quero impor nada e nem pressionar ela.
No meu momento de fragilidade e de tensão por causa da cirurgia eu so acho que ela deveria ser mais maleável, mais presente. Mas não posso obrigar ela a nada.

AMANDA

Ele vem pra fazer a cirurgia e eu tô me sentindo totalmente de canto. Como se ele não me quisesse por perto. Não fizesse questão que eu participasse desse momento com ele.

Frio e mais distante ainda. Que saco. Não quero impor nada e nem pressionar ele.

Depois de saber que ele chegou bem eu relaxei um pouco.
Estive conversando mais uma vez com a Vic esses dias sobre nós dois. Ela acha que eu preciso viver isso tudo. E dane-se todo o resto.
Mas eu não sei. Talvez ele assim seja um sinal pra que eu entenda de uma vez por todas que não é pra gente ficar junto agora.

O dia passou cheio de compromissos e a data que eu tava sentindo dele tava refletida no meu mau humor.

Não tava conseguindo me segurar direito e resolvi passar um tempo no tt.
E lá mesmo eu li que ele estava hospedado num hotel do rio. E que havia uma grande coincidência que dizia que a tal amiga da Bruna tbm estava no mesmo hotel.

"Não pode ser."

Respirei fundo e prometi pra mim mesmo que não acreditaria em internet. Não tiraria nenhuma conclusão sobre nada que dissesse respeito a nós dois tendo como base coisas e notícias de internet.

Mas, cara, puta que pariu. Como é difícil.

"Tá aí?"
Mandei pra ele.

Já passavam das 16:00 horas e não havíamos nos falado durante todo o dia.

"Tô sim. Ce tá bem?"

Respirei fundo e antes que eu pensasse em responder ele me ligou.

Am: alô
An: hum... tao seria. Tá ocupada?
Am: onde você tá?
An: onde eu tô? Como assim? To com Mateus e Maria aqui vendo desenho.
Am: aaah... não... não tô ocupada. To de boa. Acabei a última reunião de hoje.
An: eu descansei a manhã toda. Almocei no hotel mesmo... dormi mais uma vez e só cheguei aqui agora.

"No hotel mesmo"
Só isso martelava na minha cabeça.

Am: no hotel? Porque você tá hospedado num hotel.
An: ô, Amanda... te falei antes, lembra? Minha irmã, meu cunhado e minha sobrinha estão aqui no dindinho. A casa ta cheia... mas eu venho pra cá depois da cirurgia.
Depois de amanhã meu pai chega pra passar o dia dos pais e eu já fiquei no mesmo hotel que ele e Dica vão se hospedar. Foi isso... mas pera... você não... Amanda, você não pensou...
Am: eu não pensei nada. Só não sabia que você ia ficar em hotel. No mesmo hotel da moça que te falei semana passada, né? Coincidência.
An: amanda, não. Ela não está la.
Am: aaah. Ta sabendo bem.
An: que? Porque você tá irônica?
Am: não tô irônica.
An: claro que tá. Estranha.
Am: você que tá estranho. Você que não me avisou que tava chegando. Você que sumiu o dia todo.
An: amor, para. Eu tô aqui nervoso por causa desse joelho. Cheio de medo. E você... olha, deixa pra lá, vai. Não quero falar nada de cabeça quente.
Am: fala. Cabeça quente? Por que? A gente sinta conversando.
An: não. A gente não tá conversando, Amandinha. A gente tá se estranhando a vários dias já. Para com isso. Eu não quero isso pra gente.

Respirei fundo e senti uma lágrima rolar pelo meu rosto.

O que é que eu tô fazendo, meu Deus? Que insegurança é essa? Que medo é esse?
É o antonio. O meu antonio. Ele nunca faria nada que pudesse nos prejudicar.

Mas eu não sei. Eu não consigo. Eu tô muito confusa.

Am: me desculpa. Eu tô muito nervosa. Tô tensa com a sua cirurgia também. Tô nervosa pq eu nao consigo estar aí contigo agora.
An: pq não? Pq você não pode vir?
Am: eu nao sei se eu devo, Antonio. Não é assim tão fácil.
An: não é? E o que é, então? A gente vai ficar até quando enrolando essa situação, Amanda?
Am: Antônio, para. A gente não pode se pressionar dessa forma. Eu preciso pensar. Não sei como agir agora.
An: tá bom. Você me liga, irônica, me acusa de estar com num sei quem e quando eu peço pra você vir, você simplesmente não sabe como agir agora? Tá bem então.
Am: não me pressiona.
An: desculpa mas eu não consigo assim.
Am: me da um tempo pra resolver. Eu vou tomar um banho. Pensar um pouco. A gente se fala amanhã?
An: como você quiser.
Am: até mais então.
An: até.

🪢🪢🪢🪢🪢🪢🪢🪢🪢🪢🪢🪢🪢🪢🪢

Naaaaaaaao.
Voltem aqui. Conversem e se resolvam.
😩😩😩😩😩😩😩😩😩

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