Não pare

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Já era madrugada quando cheguei na sacada da Marin. Não bastava passar horas com ela no trabalho, às vezes eu simplesmente passava por ali pra ver se estava acordada.

Fazia três dias que tínhamos conversado na empresa, quando ela fazia horas extras, e eu realmente achei que aquilo nos aproximaria, mas não importa o que eu faça como Adrien,  parece que ela sempre me evita, exceto quando é obrigada a trabalhar comigo.

Queria minha amiga de volta, mas ela tinha se afastado nos últimos anos. Ao menos era apenas Adrien quem ela tinha evitado, porque como ChatNoir ela ainda me tratava normalmente.

Apesar de suas  cortinas estarem fechadas, dou 3 batidas no vidro e espero um momento antes de entrar, afastando o tecido da porta de vidro, que ela nunca tranca.

Marinette dá um pulo na cama e um grito abafado, que também me assusta, mas me faz rir de sua reação, e então puxa o edredom até o pescoço.

— oi, princesa. — a princípio ela me olha, indignada, mas logo bufa e se joga sobre os travesseiros, com aquela indignação que só me dirige quando sou ChatNoir, e que sempre me diverte.

— Chat!! O que está fazendo aqui?  — ela pergunta, encarando o teto.

É como se essa fosse a Mari de verdade, não a garota educada e contida do trabalho, como se ela também tivesse uma identidade secreta, uma que eu fico feliz de conhecer.

Subo em sua cama, e ela me encara, ainda mais indignada, então sorrio ao apoiar meu queixo em seus joelhos flexionados sob as cobertas.

— preciso de motivo para visitar uma amiga?

— sim! Você precisa de um motivo para entrar pela janela de uma mulher! no meio da noite, ChatNoir! Sem ser convidado! — seu tom é grave, mas a voz é quase um sussurro, para não alertar os vizinhos, o que a deixa ainda mais fofa.

— normalmente você está trabalhando a essa hora, como eu ia saber que estava dormindo?

— porque é o que as pessoas fazem! — incrédula,  Marinette se apoia nos cotovelos para me olhar, fazendo com o que a coberta escorregue o suficiente para mostrar os ombros nus de seu pijama. — o que você quer aqui? Não tem outro telhado pra miar não?

Levo as mãos ao peito, teatralmente, como se suas palavras me magoassem.

— desse jeito vou pensar que você não quer mais minha companhia.

— você sabe que não é isso... — vejo sua expressão mudar, a consternação dando lugar a paciência, como se, apesar de ser um dos maiores heróis de Paris, precisasse de sua piedade. Não era exatamente errado, mas ainda era engraçado.

— estou só brincando com você, Princesa. Você fica uma graça quando está  irritada.

Em uma reação engraçada e infantil ela pega o travesseiro extra e me bate com ele. Deixo que me acerte, e em um movimento pouco convincente caio ao seu lado na cama, apenas para ver a expressão de triunfo dela, com os cantos dos lábios levemente curvados para cima quando falha em esconder o sorriso.

Como ela ainda segura o travesseiro/arma, com que tinha me batido, roubo seu travesseiro para apoiar minha cabeça confortavelmente, reivindicando espaço ao seu lado na cama.

—não! — ela se apressa, e vejo o momento exato em que Marinette se joga ao meu lado, noto a ausência de sutiã sob a camisola quase pueril, e ela agarra com as mãos pequenas algo que estava embaixo do travesseiro. Levo apenas um momento para reconhecer o seu massageador.

— ah! Foi isso que atrapalhei quando cheguei? — me concentro naquele objeto, porque de repente me dei conta de quão impróprio era estar ali, no meio da noite, na cama dela, com Marinette usando tão pouca roupa.

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