[Nero]
Os dias estavam cansativos, fingir essa amizade só para se manter perto estava uma loucura.
Toda vez que via Giovanna, as coisas ficavam turvas na minha mente, era maluco como eu estava apaixonado por ela. A gente parou de se evitar tanto, mas começamos ter papos mais saudáveis, os flertes pareciam ter acabado, os relacionamentos de ambos pareciam estar bem encaminhados.
Eu estava bem com Karen, Giovanna parecia estar bem com Leonardo. E eu estava até feliz com isso. Porque eu via que ela não sentia mais tanta culpa e medo de estar perto de mim.
Eu não entendia bem os sentimentos dela, se ela estava apaixonada, ou só estava sentindo um tesão, era difícil de entender.
Começamos a nos beijar com mais frequência durante nossas cenas, ja que agora Helo e Stenio estavam tendo mais momentos juntos com isso nos aproximamos ainda mais. Mas nada mudava, não via crise, não me via querer estar distante de Karen, mas eu esquecia completamente dela quando eu estava com a Giovanna, e também via Giovanna estar mais leve com tudo.
Estávamos criando uma barreira nesse sentimento, deixando cair no esquecimento, mesmo quando sentia nossos corpos gritarem um pelo outro, a ansiedade para que a gente se beije nas cenas, e a decepção a cada corte, a vontade de avançar no camarim, mas a consciência nos prendendo.
Ainda sim, valia muito a pena assistir Giovanna se arrumando em seu camarim, e falando as besteiras que ela sempre fala. Nunca conheci uma pessoa tão positiva como ela, tão engraçada, divertida.
Estava sentando na caracterização, quando ouvi Giovanna parecendo estar em uma briga por telefone, a voz alterava, e diminuía o tom rapidamente. Observei ela entrar no camarim, esperei por alguns minutos, e bati na porta.
- Giovanna? Está bem ? - Bato na porta-
Escuto sua voz chorosa responder "Sim"..
- Posso entrar ?
Ela abre a porta, com o rosto nitidamente de quem estava chorando.
- Já está na hora de gravar ? - Ela responde desviando o olhar-
- O que houve ? Porque está chorando?
- Não foi nada. - Ela se senta no sofá, desviando o olhar-
Me aproximo e sento ao lado dela.
Puxo o rosto de Giovanna com o polegar e indicador.- Tem certeza ? Você sabe que pode me falar tudo.
Seus olhos deixaram uma lágrima cair, eu as sequei, e acariciei o rosto dela, que me olhava com a sensação de que queria me falar, mas não podia. Ela jogou seu rosto em meu ombro, se escondendo ainda mais de mim.
- Eu não tô afim de conversar Nero. - Seus olhos se voltam aos meus e eu sinto minha respiração falhar-
- Tá legal. -Minha voz falha ao respondê-la-
As mãos de Giovanna tocam meu rosto, vejo seus olhos procurar por meus lábios, enquanto meus olhos buscam pelo olhar dela. Suas mãos invadem meu cabelo, e nossos corpos se aproximam, coloco minhas mãos em sua nuca, nossos olhares imploravam para que acontecesse logo, minhas mãos estavam tremendo, e conseguia ouvir a respiração de Giovanna completamente ofegante, seus olhos estavam vermelhos, e eu não sabia o motivo, me doía ver ela assim.
Giovanna me deitou contra o braço do sofá. Colocou a sua cabeça em meu peito como quem dizia "O que estou fazendo?", levantou novamente e me deixou beijos na bochecha enquanto acariciava meu rosto.
- Obrigada. Por sempre estar aqui. - Ela se envolveu em meu abraço, deitamos naquele sofá-
Era torturante, aguardar para o dia que ela me quisesse de verdade. Para o dia que ela não se controlasse.
Eu via os seus olhos tristes, e todos seus toques em mim eram tão aflitos, como alguém que precisava fugir, fugir dali.
Conseguia escutar tua respiração se acalmar, conseguia notar seu corpo voltando a temperatura normal, Giovanna ia se acalmando. Mas sentia meu peito fulminar, como se a qualquer momento fosse parar.
Ela me causava isso.
Ela me causava disritmia, arritmia.
Ela fazia com que eu quisesse cantar mil canções, lhe dizer mil palavras.Mas ainda sim, meu silêncio me dominava.
[Giovanna]
Naquele momento, tinha acabado de ter uma briga terrível com Leonardo. Ele me disse coisas horríveis, tudo por uma matéria que saiu elogiando meu trabalho com Alexandre, e a Internet elogiando o nosso trabalho e fazendo como sempre a comparação de vida real e trabalho.
Leonardo nunca tinha agido de forma tão infantil, me faltou com respeito na ligação.
Aquilo me deixou em choque, porque ouvi ele questionar sobre minha capacidade de manter uma família, marido e filhos, e uma carreira.
Eu não soube como agir, só me senti desrespeitada, com ódio, e tomada por um sentimento de vazio, como se em poucos anos tudo que eu e o Leonardo tivéssemos vivido tivesse se acabando aos poucos. E não era pelo Alexandre, eu não deixei em momento nenhum Alexandre invadir minha casa, minha família. Apesar de um desejo rolar entre nós, nada nunca aconteceu por respeito à ele. Porque Deus sabe como quis.
Minha fragilidade fez eu repensar em todas as coisas, repensar no que estava sentindo pelo Nero, repensar até em largar de mão essa coisa de casamento, viver solteira, conhecendo gente e cuidando dos meus filhos sozinha.
Quando Alexandre entrou pela sala, senti tanta proteção, cuidado, coisas que não sentia vindo de Leonardo a algum tempo.
Me senti segura, e senti que se meu mundo fosse desabar ele estaria ali, pra me segurar. Seus toques eram calmos, leves, cuidadosos, e por um instante pensei em largar tudo, e só trancar aquela porta, e fazer tudo que minha mente tem pensado.
Mas me senti segura em teu abraço, senti segurança em tuas mãos acariciando meus cabelos, e ouvi seu coração bater forte, mas só ele conseguiu acalmar todo o furacão que se formava dentro de mim.
Naquele dia, descobri que o problema não seria beija-lo, nem mesmo transar. Isso seria uma coisa simples, perto de me sentir amada e cuidada por ele.
Homens deveriam se preocupar mais em suas mulheres se sentindo amadas com outro, do que apenas gozando.
Para mim, o problema era que eu tinha certeza que com Alexandre, seriam todas essas coisas.
Eu fiquei deitada por muito tempo com ele. E tudo que eu senti foi calma.
A caracterização batia na porta.
"Galera, 20 minutos para gravarmos a última"
Me levanto do sofá ficando sentada na frente dele.
- Você está mais calma? - Ele diz se levantando-
- Estou. -Passo as mãos em meus cabelos- Obrigada de verdade por ter ficado aqui.
- Não precisa me agradecer. Se precisar de mim, é só me chamar. - Ele passa as mãos em meu rosto-
Nos levantamos e arrumamos para sair do Camarim.
Alexandre, antes de sairmos me puxou para um abraço na frente da porta, suas mãos envolveram minha cintura, e sua cabeça ficou perto de meu pescoço. Meus braços se levantaram, e não recusei, o abracei ainda mais forte.
E ali vi, que todos os dias que pensei que as coisas entre nós estavam acabando.
Elas cresciam mais.
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flor do medo.
FanfictionUma história que contará o romance de Giovanna e Alexandre, desde o primeiro dia que se viram em 2012 até os dias de hoje. Uma aventura cheia de romance, cumplicidade, paixão e muito fogo. Desejo-lhes uma boa leitura !