Oceano

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Quando Djavan escreveu "Oceano", para alguns aposto que foi uma letra um tanto confusa, um poema de amor, aposto que existe milhares de pessoas que acham uma canção de amor linda.

Comigo, não foi diferente, ouvia essa música achando um dos poemas mais lindos que já foi cantado, achava que a forma mais linda de elogiar alguém que significasse um tudo em sua vida fosse "Oceano".

Giovanna se tornou meu Oceano, como costumava dizer para todos ouvir, um furacão, que passava arrastando tudo.

Quando ela se tornou Oceano de Djavan, vi a beleza da dor se achegar ao meu peito.

Desta vez, tudo havia sido diferente, eu tinha sido diferente.

Nos amamos como jovens, e nos deixamos como um casal que se cansa após 20 anos de briga.

O meu Oceano, era onde eu mergulhava, e de um dia para outro, se tornou onde me afogava.

Quando Djavan cantava em meu fone dizendo "Assim que o dia amanheceu, lá no mar alto da paixão, dava pra ver o tempo ruir", tive a percepção de que ele cantava meus sentimentos.

Ontem tudo acabou, e hoje o dia amanheceu. Eu ainda estou aqui no mar alto da paixão, e assisto nosso tempo ruir, vejo nossas fotos, nossos vídeos, lembro de teus olhos, de teu riso, de teu beijo, teu gosto, mas você já não está mais aqui.

Não te vejo. E não te sinto.

"Cadê você? Que solidão, e esquecerá de mim."

Ouvir dos mesmos lábios que disseram que me ama, ouvir dizer adeus, foram as palavras mais cruéis que você poderia me dizer.

Talvez se você sumisse sem me dar um último beijo, se você fosse embora sem dizer que me amava, sem se desculpar por não ficar. Se você realmente quisesse ir, eu estaria em paz.

Mas me atormenta.

Me atormenta pensar que você é minha, mas tem medo de ser.

Me atormenta pensar em tudo que poderíamos ser e não fomos.

Ainda sim, tenho uma sensação de paz, como se com essa decisão finalmente pudéssemos dormir, daqui uns meses, porque por enquanto, está doendo.

Tem me tirado o sono, e me dado algumas crises que não sabia que existiam.

Eu me sinto como um oceano, imenso e profundo, cheio de vida e mistérios. Mas também como um oceano, solitário e tempestuoso, que se agita em busca de paz. Eu sempre fui assim, sempre me joguei de mar em mar, visitando diversos pacíficos, quebrei em rios, me misturei com a água doce mesmo com a certeza de que eu era de água salgada, me perdi no triângulo das bermudas, tocando meu violão naufraguei dia após dia, até que encontrei você.

Você foi como a luz de um barco no meio de um oceano escuro e tempestuoso, chegou quando eu pensei que AMAR era um jogo, assim como as ondas, que iam e vinham, que dias eram fortes e em outros mal apareciam.

Mudou meus pensamentos, me fez agitar o corpo e alma. Mas também se tornou a minha tormenta, o meu naufrágio, o meu abismo que me engole sem piedade. Quando digo que você é um oceano, que você arrasta tudo, é porque você me arrastou, me bagunçou, deixou a maior bagunça, mas eu insisto em mergulhar em você, mesmo sendo evidente que vou me afogar, dia após dia, noite após noite.

Eu te amo com toda a força do meu ser, com toda a paixão do meu coração, com toda a loucura da minha alma. Mas eu também te odeio com toda a dor do meu peito, com toda a angústia da minha mente, com toda a amargura do meu espírito. Você é o meu tudo e o meu nada, o meu sim e o meu não, o meu céu e o meu inferno.Eu não sei como viver sem você, como respirar sem sentir o seu cheiro, como ver sem olhar nos seus olhos. Mas eu também não sei como viver com você, como conviver com as suas mentiras, como aceitar as suas ausências. Você é o meu sonho e o meu pesadelo, o meu riso e o meu choro, o meu amor e o meu ódio.Você deságua em mim, e eu, oceano. E esqueço que amar é quase uma dor. Só sei viver se for por você.

Devo-lhes dizer que passei por meses muito difíceis, pensei em ligar diversas vezes, mas o egoísmo de minha parte me fazia ter plena certeza de que ela estava bem, que a decisão dela foi a melhor para nós dois. E em algum momento, eu a esqueci, não pensei nela por um dia inteiro, nem por nenhum minuto, em outros dias sua lembrança me assombrava, rasgava meu peito e me isolava de tudo e de todos.

Eu não escrevia muito sobre ela porque sempre que tentava, um vazio me consumia, era como se tudo ficasse em silêncio, e completamente deserto.

O tempo dançava ao ritmo das minhas batidas aceleradas, enquanto me vejo imerso em um oceano de sentimentos não categorizados. Cada segundo que passa é uma eternidade de suspiros perdidos.

Meus dias se desdobram em melodias de uma sinfonia solitária, onde os acordes da saudade ecoam pelo toque do meu violão.  No entanto, sinto o tempo escorrendo por entre meus dedos, como areia fina que foge da minha busca desesperada por um vislumbre da sua presença.

Assim, enquanto o tempo teima em seguir seu curso implacável, eu me encontro preso em um paradoxo de espera e desespero, onde o tic-tac do relógio apenas intensifica a dor de um coração que bate em descompasso com a realidade.

Eu senti a tua ausência, como um luto. Até que a sua presença não me fez mais falta. Os dias ainda se moldaram em cinzas e cores, me faltava algo, mas me sentia completo ao ver o riso do meu menino, ao sentir o sol invadir minha janela toda manhã.

Em alguns dias eu me perguntava se você estava passando por todas essas fases como eu, se sentiu tão vazia, mas tão em paz. Se percebeu que existia paz em não me ter, e se sentiu o coração queimar de tanta saudade.

Em outros momentos, via tuas fotos, e parecia que você ao menos tinha me vivenciado, como se você fosse tão suja ao ponto de não sentir absolutamente nada.

Até que eu parei de pensar, completamente em você. Era uma lembrança, que se tornou distante, feliz mas dolorosa.

As coisas melhoraram em casa, tive finalmente a oportunidade de cuidar, e viver uma relação de forma verdadeira com Karen, tivemos momentos felizes, as peças se encaixavam com ela, e eu me sentia tranquilo.

E finalmente aquela história tão cansativa, parecia ter chegado ao fim.

Mesmo?

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