Nossos fins

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[Nero]

Após deixar Giovanna em casa, deixei tudo com ela.

Prometi me livrar do sentimento. Me livrar do desejo.

Dirigi até minha casa com o peito apertado, sentindo tudo se perdendo.

Cheguei em casa sem falar muito. Karen não insistiu o contato comigo, me tranquei com muita bebida e cigarro em meu pequeno estúdio, tentei cantar, tentei escrever, tentei ler, mas não conseguia expor em palavras, em música, eu não conseguia expor todo aquele sentimento de fim.

Não faltava muito para acabarmos as gravações de Salve Jorge. Foi um projeto lindo, um projeto amado, e eu me apaixonei por tudo que vivi nesse projeto, as aberturas para novos trabalhos, o reconhecimento.

Eu não sou bom com adeus, não gosto de me despedir de nada, e nem de ninguém. Sou acostumado com perdas, acostumado a assistir as pessoas irem embora, a tudo passar menos eu.

Aprendi a me cuidar mais, a me fecharmais. Não sou de me abrir para amar, mas amo me apaixonar.

Diversos sons tocavam e minha mente não conseguia apreciar.
Adormeci lá, bêbado, cansado.

//.

Ao amanhecer uma dor terrível em minhas costas, e em minha cabeça e um vazio no coração. Saindo do estúdio encontro com Karen preparando um café.

- Bom dia, você está bem?

- É, só dor de cabeça.

- Quer falar sobre o que aconteceu?

- Não. Eu tô legal.

- Ale, aproveitando que hoje você vai trabalhar mais tarde, e eu também. Será que a gente pode conversar um pouco?

Sentia minha cabeça pesar. Eu realmente não estava afim de papo.

- Podemos sim. -Me sento na mesa da cozinha-

Karen serve un café preto com pães e frios.

- Eu quero saber, sobre essa Giovanna.

Passo as mãos em meus cabelos.

- Saber o que ?

- O que acontece entre vocês dois?

- Nada. -Respiro fundo enquanto tomo o café-

- Você chegou assim por causa dela ?

- Porque você acha isso ?

- Eu não sou besta Alexandre, eu vejo como vocês se olham, como você não faz questão de me ter nas festas que ela está... Eu sei que tem alguma coisa.

Karen senta na cadeira enfrente a minha.

- Desde a tal festa do Ota, você anda todo estranho, a gente fica junto, dorme junto, mas você ta distante. E eu noto que é por ela. Vi tu mandar uma música por mensagem, qual é a tua com ela?

- Porque você quer saber sobre isso? Eu não te pergunto sobre outros caras.

- Eu não te dou motivos para desconfiar de mim. Tudo que eu faço, é o que a gente combinou de ser feito mas você claramente sente algo a mais por essa mulher. Não é só um lance.

- Karen, é essa conversa que tu quer ter comigo? Sobre seus achismos? Giovanna é só uma amiga, muito próxima nada demais.

- Você não está sendo sincero nem mesmo com você.

- Porque isso surgiu? você nem conhece ela.

- Eu observo as coisas. Eu só estou te perguntando isso porque eu não vou ficar fazendo papel de besta pra você.

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