7b- A teia do destino

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No firmamento, espaço celeste no qual se localizam os astros, refletindo o brilho amarelado do pôr do Sol, a deusa surgiu solitária.

Arasy sentiu lágrimas quentes verterem por seu rosto vendo o sofrimento de seu povo. Mas, por mais que doesse ela sabia que aquele acontecimento iria unir os destinos dos amaldiçoados. Não havia como impedir.

Olhou triste ao redor, ela vivia muito acima das nuvens... a abóbada celeste, também conhecida como firmamento, era seu patamar, seu céu. Já há algum tempo, os portais da sua morada haviam sidos maculados pelas estranhas carruagens de fogo dos Karaí. Os brancos com sua vontade de serem deuses, estavam se encaminhando para as estrelas.

Mesmo assim, eles ainda roubavam e matavam seu povo.

Quando via seu humor mergulhar assim em lugares escuros Tupã a deixava sozinha. Ele a amava, mas sabia que sua esposa precisava de seus períodos de recolhimento.

Ela tecia delicadamente os destinos num novelo de luz, suas lágrimas manchavam o tecido. Porãsy e sua família seguiriam um passo adiante, mas era a garota que desenrolaria o novelo.

Os eventos estavam correndo contra sua vontade, mas ela tinha uma cobrança pessoal a receber. Um Karaí lhe devia muito e ele tinha a força necessária para ser sua arma. Um acordo de vida. Uma cobrança de morte.

Suas mãos ágeis forjaram uma faca afiada e então ela cortou o fio, trançou-o firmemente e por fim terminou.

Ergueu-se e olhou para o planeta a sua frente.

Em seu ombro esquerdo uma arara vermelha pousou suavemente. A deusa lhe sussurrou ordens e, em seguida, o belo pássaro alçou voo, atravessando um portal criado por ela.

Era chegada a hora dela meter a mão nessa história.

Era hora de voltar à Terra e agir.


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Porãsy e o estranho mundo das histórias de seu avô indígenaOnde histórias criam vida. Descubra agora