44. Aquele em que Ela Quer Ajuda

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E eu não quero sua pena, eu só quero alguém perto de mim
Acho que sou uma covarde, eu quero me sentir bem
E eu sei que ninguém vai me salvar
Eu preciso de alguém para beijar
Me dê um beijo honesto, e eu ficarei bem...

(Nobody - Mitski)

Eu não estava prestando atenção em nada daquela aula

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Eu não estava prestando atenção em nada daquela aula. Na verdade, toda a minha atenção se concentrava no garoto de cabelos castanhos ao meu lado, e em seu silêncio ensurdecedor.


Nunca pensei que sentiria falta das gracinhas e da lerdeza de Stuart, como estava sentindo agora. Céus, eu preferia que ele dissesse a coisa mais estúpida do mundo, do que vê-lo tão calado daquele jeito.

— Ei.  –Tomei coragem e o chamei baixinho.

Stuart ergueu o olhar em minha direção, mesmo com a cabeça ainda abaixada. Ele estava concentrado enquanto fazia a atividade da aula de artes, que eu nem sequer sabia o que era.

Vendo que ele não falaria nada antes que eu falasse, suspirei.

— Bem, eu...

— Como você está?  –Percorreu o olhar, como se estivesse me analisando minuciosamente, só para confirmar a resposta que eu daria.

— Eu?!  –Forcei um sorriso.  — Eu tô bem, na verdade, estou ótima.  –E não conseguia parar de sorrir. Talvez tenha sido o sorriso mais falso que já dei em toda a minha vida, e o mais infeliz também.

Stuart balançou a cabeça lentamente. Ele iria voltar a escrever, mas então, parou com a caneta na mão e suspirou, a jogando sobre a mesa.

— Certo, o que deu em você no sábado?  –Não senti raiva em seu tom de voz, no entanto, ele veio carregado de julgamentos. Ok, mais uma vez admitindo, eu merecia.

— Como assim?  –Franzi as sobrancelhas.  — E para começo de conversa, onde você estava?

— Pedindo doces com a minha irmã, eu disse.  –Passou as mãos pelo rosto, como se falar comigo o deixasse cansado. Talvez ele sempre esteve assim, e talvez eu devesse tê-lo escutado mais vezes.  — E agora o Jason me ignora, não responde as minhas mensagens. Eu não sei o que devo fazer...

— Eu sinto muito.  –Realmente sentia. Todo aquele ar melancólico não combinava com Stuart.

Eu queria consolá-lo, queria que ele encontrasse em mim um ombro amigo, ou até mais que isso. Queria que ele soubesse que eu estava disposta a mudar, e mais do que pronta para isso. Mas o meu egoísmo, por bem ou por mal, ainda estava lá, e eu ainda era egoísta ao ponto de pensar primeiramente em mim, mesmo depois do estrago que causei. Céus, eu nem sequer sabia o que fazer comigo mesmo.

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